Usinas vendidas pela mineradora formam um dos maiores complexos renováveis do país, com geração solar, hídrica e eólica espalhada por diferentes estados.
A Vale concluiu a venda de 70% da sua subsidiária Aliança Energia ao fundo Global Infrastructure Partners (GIP), em março de 2025, recebendo cerca de US$ 1 bilhão.
A operação foi confirmada em comunicado oficial e documentos apresentados à CVM.
A transação envolve seis usinas hidrelétricas, três parques eólicos e o parque solar Sol do Cerrado, em Minas Gerais.
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A capacidade total instalada soma aproximadamente 1.300 MW, ou 1,3 GW, conforme documentos da companhia e da joint venture.
Esse conjunto já é capaz de abastecer cerca de 5,85 milhões de residências, o que equivale ao atendimento de 19 milhões de pessoas, considerando a média brasileira de 3,3 pessoas por lar.
Venda da Vale redireciona foco para mineração
A operação faz parte da estratégia da Vale de redirecionar seus investimentos para mineração de metais como ferro, níquel e cobre.
A mineradora permanece com 30% da joint venture, mas o controle operacional e comercial passou para o GIP.
Com a saída do controle, a Aliança Energia pode atuar no mercado livre de energia, com potenciais ganhos em receita e eficiência.
Sol do Cerrado entra em operação total
O parque Sol do Cerrado, localizado em Jaíba (MG), entrou em operação plena com 17 subunidades, totalizando 766 MWp.
O projeto possui cerca de 1,4 milhão de painéis, ocupa uma área equivalente a 1,3 mil campos de futebol e gera 2,6 TWh por ano — volume suficiente para abastecer uma cidade de médio porte durante um ano.
O investimento foi de aproximadamente US$ 590 milhões (R$ 3 bilhões) para cumprir metas de redução de emissões da Vale.
Distribuição energética e contratos no mercado livre
Com o controle da Aliança, o GIP passou a negociar energia diretamente com consumidores industriais, prefeituras e redes comerciais.
A integração no mercado livre permitiu concursos competitivos, contratos de longo prazo e previsibilidade de receita para os ativos.
Modernização das usinas hidrelétricas e eólicas
As seis centrais hidrelétricas e três parques eólicos passaram por revisões e modernizações após a transferência.
Os investimentos incluem atualização de turbinas, sistemas de monitoramento e manutenção preventiva.
A expectativa do GIP é aumentar o fator de disponibilidade e a rentabilidade dos ativos em cerca de 5 a 8 pontos percentuais.
Desinvestimentos transformadores no setor elétrico
A venda da Aliança segue tendência iniciada com a Petrobras, que transferiu campos de petróleo maduros para empresas menores — muitos desses ativos viraram casos de sucesso, dobrando produção após a transição.
Agora, no setor elétrico, a Vale repete o padrão: vendeu ativos considerados “fora do core business” por preço modesto, e eles se tornaram protagonistas sob nova gestão.
Impactos ambientais e socioeconômicos relevantes no Sol do Cerrado
O Sol do Cerrado representa cerca de 16% do consumo total de energia da Vale no país, ajudando a reduzir cerca de 134 mil tCO₂e por ano, equivalente à retirada de 100 mil carros de circulação.
Além disso, o projeto empregou cerca de 3 mil trabalhadores no pico da construção, com 50% de mão de obra local e presença de mulheres na equipe.
Foram implantados 10,2 milhões de metros de cabos, com sistema de rastreamento solar permitindo melhor aproveitamento da energia solar ao longo do dia.
Finanças e planos para expansão futura
A Vale recebeu cerca de US$ 1 bilhão em caixa, reforçando sua posição para investir em mineração.
O GIP, por sua vez, planeja ampliar o portfólio renovável da joint venture com novas plantas e otimização dos ativos existentes.
O modelo de governança atual prevê metas para autossustentação energética da joint venture até 2027, com ampliação da capacidade instalada para até 1,6 GW.
Setor observa nova valorização de ativos esquecidos
A operação revela como ativos renováveis no Brasil estão se valorizando nas mãos de investidores com foco em energia limpa.
Além disso, fortalece o mercado livre de energia e pode estimular processos semelhantes em outras companhias, como Suzano, JBS e Siemens.
Você acredita que outras estatais e grandes empresas brasileiras seguirão o mesmo caminho, transformando ativos negligenciados em grandes potenciais sob nova administração?