Bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul atrai novos membros, amplia poder geopolítico e desafia a hegemonia ocidental com alternativas de comércio e financiamento internacional.
O BRICS, bloco originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, passa pelo momento de maior crescimento desde a sua criação, em 2009. Com a entrada oficial da Arábia Saudita em julho de 2025 e a adesão de outros seis países nos últimos anos, a aliança saltou de cinco para onze membros plenos, fortalecendo sua presença econômica e geopolítica no cenário internacional. Além disso, mais de 30 nações manifestaram interesse em se tornar parte do grupo, sendo 23 delas já com pedidos formais de adesão.
De cinco a onze membros: a transformação do BRICS
Fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS iniciou sua trajetória como um fórum econômico de cooperação entre países emergentes. Nos últimos anos, entretanto, a aliança passou por uma ampliação acelerada.
Entre os novos membros estão Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Indonésia (adesão em janeiro de 2025) e Arábia Saudita, que oficializou sua entrada em julho de 2025. Juntos, os 11 países representam mais de 25% do PIB global e quase metade da população mundial.
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O grupo já reconheceu 13 países parceiros, como Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, fortalecendo laços diplomáticos e estratégicos.
Mais de 30 países na fila: quem são os próximos candidatos ao BRICS?
Atualmente, mais de 30 nações manifestaram interesse em se tornar membros plenos, e 23 já enviaram pedidos formais. Entre os destaques estão Bahrein, Malásia, Turquia, Vietnã, Sri Lanka, México, Kuwait e Uzbequistão.
- Bahrein e Kuwait apostam no peso de suas reservas de petróleo para ampliar o alcance energético do bloco.
- México surge como um elo estratégico com a América Latina, reforçando a presença regional.
- Bielorrússia poderia abrir uma via de influência no Leste Europeu, ampliando o alcance geopolítico.
Cada candidatura traz novas oportunidades e desafios para o bloco econômico, que precisa conciliar expansão com coesão interna.
A cúpula do Rio e os desafios diplomáticos
A Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, realizada em julho de 2025, foi palco de debates sobre critérios de adesão e integração de novos membros. Porém, a ausência de líderes importantes chamou atenção: Xi Jinping não compareceu pela primeira vez desde 2013, e Vladimir Putin participou por videoconferência devido ao mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional.
Sob a presidência do Brasil, o tom das negociações mudou. O foco tem sido cooperação com o Sul Global, em vez de uma postura declaradamente antiocidental. Essa abordagem contrasta com anos anteriores, quando a Rússia impulsionava um alinhamento mais confrontacional.
Trump e a reação dos EUA
A expansão do BRICS incomoda potências ocidentais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou: “O BRICS está morto”, e ameaçou impor tarifas mais altas aos países do bloco como forma de pressionar a economia e valorizar o dólar.
Essas declarações refletem a crescente disputa pela influência global, em um cenário onde blocos econômicos se tornam peças-chave na definição das regras do comércio internacional.
Benefícios econômicos para os novos membros
O ingresso no BRICS abre acesso ao Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que já financiou mais de US$ 32 bilhões em 96 projetos desde 2016. A instituição prioriza empréstimos em moeda local, reduzindo a dependência do dólar e minimizando riscos cambiais.
Esses investimentos incluem projetos de infraestrutura, energia e desenvolvimento social, beneficiando diretamente países em desenvolvimento.
Divisões internas: expansão rápida ou cautela?
Apesar dos avanços, persistem divergências estratégicas. China e Rússia defendem uma expansão acelerada, enquanto Brasil e Índia preferem um processo seletivo mais rigoroso. Essa diferença de visão pode influenciar a próxima fase de crescimento do bloco.
A busca por novos mercados e maior integração Sul-Sul permanece como objetivo comum, mas a capacidade de manter a unidade política será determinante para o futuro da aliança.
BRICS e a transição para uma governança global multipolar
A expansão do BRICS é vista como parte de uma mudança estrutural na governança global, oferecendo alternativas às instituições criadas pelo Acordo de Bretton Woods, como FMI e Banco Mundial.
Como lembrou o secretário-geral da ONU, António Guterres: “Este sistema foi criado por países ricos para beneficiar outros países ricos. Praticamente nenhum país africano estava sentado à mesa do Acordo de Bretton Woods.”
Ao atrair novos membros e desafiar o domínio econômico ocidental, o BRICS se consolida como uma plataforma de reforma da ordem internacional — embora enfrente desafios significativos para equilibrar interesses tão diversos.