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Ex-CEO da Stellantis alerta: a China vai salvar empregos na Europa, mas acabará engolindo as montadoras europeias em meio à crise do setor

Publicado em 10/11/2025 às 20:53
ex-CEO da Stellantis diz que a crise da indústria automobilística europeia fará marcas chinesas salvar empregos na Europa e ameaçar montadoras europeias.
ex-CEO da Stellantis diz que a crise da indústria automobilística europeia fará marcas chinesas salvar empregos na Europa e ameaçar montadoras europeias.
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O ex-CEO da Stellantis afirma que a crise da indústria automobilística europeia abre espaço para marcas chinesas salvarem empregos na Europa enquanto ganham poder sobre montadoras europeias.

O ex-CEO da Stellantis voltou ao centro do debate ao afirmar que a China pode, ao mesmo tempo, salvar empregos na Europa e acabar engolindo as montadoras europeias em meio à crise da indústria automobilística. Em entrevistas recentes, o executivo português descreve um cenário em que fabricantes chinesas se apresentam como solução para fábricas à beira do fechamento, mas avançam sobre ativos estratégicos do setor no longo prazo.

Ao analisar o movimento de grupos chineses no mercado europeu, o ex-CEO da Stellantis aponta que a combinação de guerra comercial, regulações ambientais rígidas e pressão pela eletrificação deixou várias marcas tradicionais contra a parede. Nesse contexto, a promessa de manutenção de empregos feita por empresas da China poderia ser vista como salvação imediata, enquanto, em segundo plano, ocorreria uma transferência de poder industrial e tecnológico para as novas entrantes asiáticas.

Quem é o ex-CEO da Stellantis e por que suas declarações importam

ex-CEO da Stellantis diz que a crise da indústria automobilística europeia fará marcas chinesas salvar empregos na Europa e ameaçar montadoras europeias.

Carlos Tavares, que deixou o comando da Stellantis há cerca de um ano, construiu sua reputação como um dos executivos mais influentes do setor automobilístico global.

À frente de grandes reestruturações e fusões, ele liderou processos de redução de custos, reorganização de portfólio e consolidação de marcas sob o guarda-chuva do grupo.

A experiência acumulada no comando da Stellantis confere peso extra às análises do ex-CEO da Stellantis sobre o futuro da indústria, sobretudo quando envolvem riscos estruturais para fabricantes europeias.

Já aposentado, Tavares passou a se dedicar a projetos pessoais e ao lançamento de seu livro, no qual revisita períodos de turbulência vividos pelo setor.

Aproveitando essa exposição, o ex-CEO da Stellantis concedeu entrevistas a veículos europeus, nas quais adotou um tom de alerta.

Suas declarações, repercutidas em diversos meios, chamam atenção por apresentar cenários em que o controle de operações europeias pode, gradualmente, migrar para grupos chineses, alterando o equilíbrio de forças no mercado.

Como a China entra na crise da indústria automobilística europeia

Nas análises do ex-CEO da Stellantis, a situação da indústria automobilística europeia é descrita como delicada e estruturalmente vulnerável.

Ele aponta a combinação de guerra comercial em nível internacional, regras de emissões cada vez mais rigorosas impostas por Bruxelas e políticas de eletrificação ambiciosas como fatores que pressionam margens, exigem investimentos elevados e reduzem o espaço para erros de estratégia.

Nesse ambiente, montadoras tradicionais enfrentam fábricas subutilizadas, custos crescentes e necessidade de capital para desenvolver plataformas elétricas e híbridas.

Grupos como o Volkswagen são citados como exemplos de fabricantes que se veem diante de decisões difíceis sobre produção e fechamento de unidades.

Para o ex-CEO da Stellantis, é justamente essa fragilidade que abre espaço para que empresas chinesas se aproximem com propostas de compra e promessas de manutenção de empregos, criando uma narrativa de salvadores para a opinião pública local.

O cenário previsto pelo ex-CEO da Stellantis para uma futura venda

Na visão de Tavares, um possível desdobramento da crise seria a entrada de um fabricante chinês em um momento de estresse extremo, quando fábricas europeias estivessem prestes a fechar e trabalhadores estivessem nas ruas em protestos.

A partir daí, um grupo da China poderia anunciar a aquisição das operações, prometendo preservar postos de trabalho e reativar unidades ameaçadas.

Essa estratégia permitiria ao novo controlador construir uma imagem positiva junto à sociedade e aos governos europeus, enquanto ganharia acesso a marcas, tecnologias e rede de fornecedores consolidados.

No caso específico da Stellantis, o ex-CEO da Stellantis chega a mencionar a hipótese de uma separação entre as operações europeias e as norte-americanas.

Em um cenário extremo, um fabricante chinês faria uma oferta pelo braço europeu, enquanto investidores dos Estados Unidos retomariam o controle da parte da empresa na América do Norte.

Tavares não trata essa possibilidade como previsão certa, mas a apresenta como um dos cenários plausíveis se as pressões atuais do mercado se mantiverem ou se aprofundarem.

Leapmotor e a porta de entrada chinesa costurada pelo ex-CEO da Stellantis

Um ponto central nas declarações de Tavares é a parceria entre Stellantis e a chinesa Leapmotor, firmada ainda durante sua gestão.

O acordo abriu caminho para que a Leapmotor utilizasse a estrutura da Stellantis para entrar em mercados internacionais, aproveitando canais de distribuição, conhecimento regulatório e presença consolidada em vários países.

Ao mesmo tempo, esse movimento permitiu ao grupo europeu acessar tecnologia e produtos da parceira chinesa, especialmente em segmentos ligados à eletrificação.

Hoje, com a Leapmotor detendo parte relevante da atenção do ex-CEO da Stellantis, Tavares afirma que a marca chinesa não busca apenas ampliar suas vendas fora da China.

Em suas palavras, o objetivo de longo prazo seria “nos engolir algum dia”, em referência à possibilidade de que, no futuro, a parceira chinesa se torne controladora de ativos que hoje pertencem à Stellantis ou a outros grupos europeus.

Para o executivo, esse tipo de motivação revela que acordos comerciais atuais podem servir como trampolim para aquisições estratégicas no médio prazo.

China como salvadora de empregos e devoradora de montadoras

O eixo central das declarações do ex-CEO da Stellantis é a ideia de que a China pode cumprir dois papéis simultâneos na Europa.

De um lado, ao comprar fábricas ameaçadas de fechamento e manter a produção, empresas chinesas seriam vistas como responsáveis por salvar milhares de empregos, com forte apelo político e social.

De outro, ao assumir o controle de plantas, marcas e tecnologias, acabariam por “devorar” as montadoras europeias, absorvendo seus ativos e reposicionando o centro de gravidade da indústria.

Esse raciocínio é reforçado pela observação de que montadoras chinesas vêm ampliando sua presença na Europa, enquanto fabricantes ocidentais fecham unidades e cortam capacidade produtiva.

Na leitura do ex-CEO da Stellantis, cada fábrica europeia encerrada abre espaço adicional para que um novo player entre oferecendo capital, volume e produtos competitivos.

Assim, o processo de “salvar empregos” poderia ser apenas a face visível de uma mudança profunda de controle no setor.

Tesla e o avanço das marcas chinesas no horizonte traçado por Tavares

Além da Europa, o ex-CEO da Stellantis também faz projeções sobre a posição de montadoras norte-americanas no confronto com as marcas da China. Em suas declarações, ele afirma que a Tesla tende a ser superada completamente pelos fabricantes chineses, sugerindo que a combinação de escala, custos competitivos e avanço tecnológico das marcas asiáticas colocará pressão crescente sobre a empresa de Elon Musk.

Tavares arrisca inclusive um cenário em que Elon Musk, diante da maturidade do mercado e do avanço da concorrência da China, passe a direcionar mais energia a outros projetos fora da Tesla.

Para o ex-CEO da Stellantis, o que se desenha é uma reconfiguração global do setor automotivo em que fabricantes chineses assumem posição dominante tanto na Europa quanto em outros mercados estratégicos, ocupando espaços antes reservados a marcas europeias e norte-americanas.

A encruzilhada da indústria europeia vista pelo ex-CEO da Stellantis

As análises do ex-CEO da Stellantis apontam que a indústria europeia se encontra em uma encruzilhada.

De um lado, precisa investir pesado em eletrificação, digitalização e novas arquiteturas de veículos para atender a metas ambientais e regulatórias cada vez mais rígidas.

De outro, enfrenta margens comprimidas, custos elevados e concorrentes chineses com forte apoio de suas cadeias produtivas domésticas, capazes de oferecer veículos eletrificados a preços agressivos.

Sem uma resposta coordenada em termos de política industrial, acesso a financiamento e estratégia tecnológica, montadoras europeias correm o risco de ficar presas em um ciclo de ajustes pontuais, fechamentos de fábricas e perda de relevância global.

Nesse cenário, a entrada de grupos chineses como compradores de ativos pode parecer solução de curto prazo, mas significar perda de capacidade decisória em relação ao futuro do setor no continente.

As advertências do ex-CEO da Stellantis vão se confirmar?

As declarações do ex-CEO da Stellantis sobre o avanço chinês na indústria automobilística europeia funcionam como um alerta sobre a profundidade da crise e sobre a velocidade com que a correlação de forças pode mudar.

Ao projetar um caminho em que a China salva empregos na Europa ao comprar fábricas em dificuldade, mas, ao mesmo tempo, engole as montadoras europeias, Tavares expõe um dilema estratégico que envolve empregos, tecnologia, regulação e soberania industrial.

Em um contexto de guerra comercial, eletrificação acelerada e pressão de custo, ignorar esse tipo de análise pode significar chegar tarde a decisões de política industrial e corporativa que definem quem liderará a próxima fase da mobilidade.

Diante desse cenário traçado pelo ex-CEO da Stellantis, você acredita que a Europa ainda conseguirá proteger suas montadoras com ajustes próprios ou já enxerga como inevitável uma onda de aquisições e controle chinês sobre parte relevante da indústria automotiva europeia?

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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