Bill Gates cita profissões que vão sobreviver à inteligência artificial: entenda o impacto das IAs no mercado de trabalho
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mercado de trabalho em um ritmo acelerado, levantando preocupações e expectativas em todo o mundo. No entanto, algumas profissões parecem estar mais seguras diante desse avanço tecnológico. Quem afirma isso é ninguém menos que Bill Gates, cofundador da Microsoft e uma das vozes mais influentes quando o assunto é o futuro da tecnologia e da inovação. Em entrevista concedida ao programa The Tonight Show, de Jimmy Fallon, no dia 29 de março, Gates apontou áreas profissionais que, segundo ele, tendem a resistir à substituição total pela IA nas próximas décadas. A fala aconteceu durante sua turnê mundial para divulgação do livro “Source Code: My Beginnings”, onde ele compartilha experiências e visões sobre o futuro da humanidade em meio à revolução digital e as profissões que vão sobreviver à inteligência artificial.
Áreas que devem resistir à inteligência artificial
Segundo Bill Gates, três setores principais tendem a manter — e até expandir — sua demanda por profissionais humanos: biociências da saúde, energias alternativas e o próprio desenvolvimento da inteligência artificial.
1. Biociências e pesquisa médica
O setor de biociências, especialmente nas áreas de pesquisa médica e diagnósticos, é um dos que mais exige criatividade, intuição e pensamento crítico — características humanas que ainda não são replicáveis por máquinas. Embora a IA esteja cada vez mais presente em exames e diagnósticos, como radiografias e testes laboratoriais, ela ainda não consegue propor hipóteses complexas ou inovadoras com o mesmo nível de sensibilidade humana.
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Segundo Gates, o papel do cientista continuará sendo fundamental, tanto na elaboração de novas terapias quanto na compreensão dos mecanismos biológicos mais sofisticados. O desenvolvimento de vacinas, tratamentos personalizados e o estudo de doenças raras, por exemplo, ainda exigem um raciocínio humano que vai além da mera análise de dados.
2. Energias renováveis e transição energética
Outro setor citado por Gates é o de energias alternativas, que vive um processo de transformação global com a transição do uso de combustíveis fósseis para fontes limpas, como energia solar, eólica e nuclear. Essa transição exige não apenas inovação tecnológica, mas também capacidade de adaptação a diferentes contextos regulatórios, ambientais e culturais — tarefas nas quais o julgamento humano é essencial.
O bilionário destaca que, embora a automação possa otimizar processos, a formulação de soluções criativas, a gestão de políticas públicas energéticas e o desenvolvimento de infraestrutura sustentável ainda dependem de habilidades humanas únicas.
3. O próprio desenvolvimento da Inteligência Artificial
Curiosamente, a terceira área que deve sobreviver à IA é… a própria IA. Isso porque a tecnologia, por mais avançada que seja, ainda exige conhecimento humano para ser criada, mantida, ajustada e aprimorada. Atividades como debugging (correção de erros), treinamento de algoritmos e desenvolvimento de novos modelos de linguagem natural são profundamente dependentes da atuação humana.
Segundo Gates, a IA ainda não tem capacidade de resolver problemas de forma autônoma em níveis profundos, o que demanda profissionais de ciência de dados, engenharia de software, ética em tecnologia e outros especialistas para garantir seu bom funcionamento e evolução segura.
O impacto global da inteligência artificial no trabalho
Embora algumas profissões estejam mais protegidas, a perspectiva geral para o mercado de trabalho é de transformações profundas nos próximos anos. Um estudo da Goldman Sachs estima que 300 milhões de empregos no mundo inteiro serão impactados pela inteligência artificial, seja por substituição parcial, total ou reestruturação de funções.
Já o relatório “Futuro do Trabalho 2023”, do Fórum Econômico Mundial, aponta que 41% das empresas ao redor do mundo esperam reduzir ou reorganizar parte da força de trabalho devido à automação e à adoção de tecnologias baseadas em IA. O cenário é semelhante no Brasil: um levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que pelo menos 41% das atividades profissionais no país serão afetadas nos próximos anos.
Educação e diagnóstico médico gratuitos?
Durante a entrevista, Bill Gates também compartilhou uma previsão ousada: nos próximos 10 anos, a IA poderá fornecer gratuitamente serviços de diagnóstico médico e educação personalizada de alta qualidade. Segundo ele, ótimos conselhos médicos e aulas particulares, hoje restritos a poucos, poderão ser acessíveis para qualquer pessoa com um dispositivo conectado à internet.
Isso representa um avanço notável, mas também impõe um novo desafio: a adaptação e qualificação contínua dos profissionais. A tendência é que, em vez de competir diretamente com as máquinas, os trabalhadores desenvolvam competências complementares à IA, como inteligência emocional, pensamento estratégico e capacidade de resolver problemas complexos.
O que fazer para sobreviver à era da IA?
Para Bill Gates, a chave para sobreviver — e prosperar — na era da inteligência artificial está em dois fatores fundamentais:
- Escolha criteriosa da área de atuação: investir em setores onde a criatividade, o julgamento ético e a interação humana são insubstituíveis.
- Aprendizado contínuo: manter-se atualizado sobre novas tecnologias, desenvolver habilidades digitais e entender como a IA pode ser uma aliada, e não uma ameaça.
Embora o avanço da inteligência artificial represente uma revolução no mercado de trabalho, ele também abre portas para novas oportunidades. Profissões baseadas em criatividade, inovação, pensamento crítico e empatia tendem a resistir e ganhar ainda mais valor. O futuro exigirá adaptação, capacitação constante e escolhas estratégicas — e, como diz Bill Gates, esse é o momento ideal para se preparar.