Retirada da alíquota fortalece competitividade da celulose brasileira e abre expectativa para novos recuos tarifários em produtos agrícolas estratégicos
Uma decisão recente dos Estados Unidos trouxe alívio ao setor brasileiro de celulose e abriu espaço para expectativas em outras áreas do agronegócio.
No dia 10 de setembro de 2025, a Casa Branca recuou da tarifa de 10% aplicada sobre a celulose do Brasil, medida que havia sido implementada em um pacote mais amplo de tarifas adicionais.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a decisão pode ser o início de um movimento que alcance também carnes, frutas e café, produtos que ainda enfrentam barreiras no mercado norte-americano.
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Decreto altera tarifas da celulose
A mudança tarifária foi formalizada após o decreto presidencial editado por Donald Trump em 5 de setembro de 2025, que redefiniu os parâmetros dos “Acordos de Comércio e Segurança”.
No dia 8 de setembro, a medida entrou em vigor, e a celulose brasileira voltou a ser isenta da alíquota extra de 10%.
Segundo comunicado da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), três especificações do produto — SH4 4703.11.00, 4703.21.00 e 4703.29.00 — ficaram fora da cobrança.
Essas classificações representaram mais de 90% do volume exportado para os EUA em 2024, tornando a decisão crucial para manter a competitividade no setor.
Itens que permanecem taxados
Apesar do recuo na celulose, o decreto manteve tarifas adicionais elevadas em outros segmentos.
Os papéis em geral continuam com tarifa de 50%, enquanto os painéis de madeira MDF e MDP permanecem com 40%.
Essas alíquotas seguem em vigor, o que mantém pressão sobre parte da indústria brasileira.
Expectativa de redução para carnes, frutas e café
Segundo Paulo Teixeira, os consumidores norte-americanos estão pagando preços elevados por causa das tarifas.
O ministro destacou que o Brasil fornece produtos de qualidade a preços competitivos, mas que as barreiras têm encarecido o consumo nos EUA.
Por isso, ele aposta que carnes, frutas e café serão os próximos itens a terem tarifas reduzidas.
Essa visão é compartilhada por representantes do agronegócio, que veem a decisão como uma vitória parcial e como um possível sinal de novas flexibilizações.
Impactos políticos e econômicos
Durante evento em Brasília, realizado em 11 de setembro de 2025, para divulgar o 12º levantamento da Safra de Grãos 2024/2025 da Conab, Teixeira ligou a política tarifária norte-americana ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.
Ele afirmou esperar que, após a conclusão das sessões da 1ª Turma do Supremo, previstas para 12 de setembro, prevaleça a “racionalidade econômica”.
Na ocasião, estavam presentes também o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa a pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Diplomacia e soberania
O ministro Carlos Fávaro defendeu que o Brasil aposta na boa diplomacia com os Estados Unidos, mas destacou a soberania nacional diante de qualquer cenário.
Ele lembrou que, nos últimos anos, houve a abertura de 435 novos mercados para a agropecuária brasileira, o que fortalece a posição do País em negociações internacionais.
Segundo Fávaro, se houver eventual retaliação dos EUA, o impacto será maior para os consumidores norte-americanos do que para os brasileiros.
O futuro das relações comerciais
O recuo dos EUA sobre a celulose representa um avanço para o comércio bilateral, mas ainda há desafios a superar.
As tarifas sobre papéis, MDF e MDP permanecem elevadas, e os setores de carnes, frutas e café aguardam os próximos desdobramentos.
Enquanto isso, o Brasil reforça sua imagem como fornecedor de produtos de alta qualidade e preços competitivos, além de destacar sua capacidade de diversificação de mercados.