1. Início
  2. / Economia
  3. / Nova tarifa de 50% dos EUA força produtores a exportarem manga sem preço definido para não perder safra em Vale do São Francisco, Pernambuco
Localização PE Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Nova tarifa de 50% dos EUA força produtores a exportarem manga sem preço definido para não perder safra em Vale do São Francisco, Pernambuco

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 20/08/2025 às 18:29
Fruticultores exportam manga sem preço definido aos EUA. Saiba por que o setor enfrenta incerteza e quem pagará a nova tarifa de 50%.
Fruticultores exportam manga sem preço definido aos EUA. Saiba por que o setor enfrenta incerteza e quem pagará a nova tarifa de 50%.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Fruticultores exportam manga sem preço definido aos EUA. Saiba por que o setor enfrenta incerteza e quem pagará a nova tarifa de 50%.

O comércio internacional de frutas, uma das maiores fontes de receita para o agronegócio brasileiro, enfrenta um de seus momentos mais desafiadores. Em uma situação de extrema vulnerabilidade e risco financeiro, fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido aos EUA, o que gera grande apreensão em toda a cadeia produtiva.

A decisão arriscada, tomada na última semana de agosto de 2025 e com previsões de mais envios para o fim do mês, é um reflexo direto do impasse sobre a nova e elevada tarifa de exportação, que cria um ambiente de incerteza sem precedentes.

O impasse que coloca o setor em risco

A principal razão que explica por que fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido é o impasse sobre a nova tarifa de 50% imposta ao produto no mercado norte-americano.

Essa elevação tarifária, inesperada e abrupta, criou uma lacuna nas negociações.

Nem os importadores, nem os exportadores querem assumir o custo adicional, e a falta de um acordo tem levado a uma situação de comércio “às cegas”.

A fruta, perecível por natureza, não pode esperar por negociações prolongadas, e a urgência de escoar a safra tem levado os produtores a assumirem o risco de enviar o produto sem saber qual será o preço final.

A situação é grave, e a incerteza é o sentimento que permeia o setor.

A declaração de Jailson Lira, presidente do Sindicato Rural de Petrolina (PE), ilustra perfeitamente o cenário: “Até agora, ninguém sabe quem vai pagar a tarifa de 50%. Não sabemos de nenhum importador que queira pagar a diferença”.

Essa incerteza não afeta apenas o preço final, mas a própria viabilidade da exportação. Se o importador se recusar a pagar a tarifa, a diferença pode ser repassada ao produtor brasileiro, que já opera com margens apertadas. 

Em um mercado tão competitivo, um custo adicional de 50% pode significar a inviabilidade financeira de toda a operação, resultando em prejuízos massivos para os produtores.

O volume que demonstra a vulnerabilidade e a força

Apesar do alto risco, a produção de manga no Vale do São Francisco é um motor que não pode parar.

O ritmo acelerado das exportações, mesmo sem a garantia de preço, é uma prova da vulnerabilidade e da resiliência dos produtores.

Conforme dados divulgados pelo Sindicato Rural de Petrolina (PE), a semana passada registrou o envio de sete contêineres de manga ao mercado norte-americano.

Este volume representa não apenas a quantidade de fruta que precisa ser escoada, mas também a esperança dos produtores de que uma solução seja encontrada antes que as cargas cheguem ao destino.

A situação ganha ainda mais dramaticidade com a programação de novos envios. E há mais 50 cargas estão programadas até o fim desta semana.

Essa sequência de embarques, com a incerteza no preço, mostra a pressão que o setor está sofrendo.

A decisão de exportam manga sem preço definido é, ao mesmo tempo, um ato de esperança e uma aposta arriscada. A expectativa é que as negociações entre os países cheguem a um termo antes que as frutas cheguem aos portos norte-americanos.

Se não houver acordo, as frutas podem ter que ser vendidas a um preço muito baixo, ou até mesmo ser recusadas, o que resultaria em perdas financeiras ainda maiores.

O futuro da exportação de manga aos EUA

O impasse atual coloca em xeque a sustentabilidade das exportações de manga do Brasil aos EUA.

O mercado norte-americano é um dos mais importantes para os produtores brasileiros, e a instabilidade nas negociações pode levar a uma reconfiguração de todo o comércio de frutas entre os países.

A falta de clareza sobre o pagamento da tarifa pode gerar um precedente negativo para outras culturas, como a uva e o limão, que também são exportadas para os Estados Unidos.

A luta dos fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido é um retrato fiel dos desafios do comércio internacional, onde políticas tarifárias e impasses burocráticos podem afetar diretamente a vida e a renda de milhares de famílias.

É fundamental que as entidades de classe e os governos dos países envolvidos acelerem as negociações para resolver a questão.

A esperança é que, em breve, a situação se resolva e que o mercado de exportação de manga volte a operar em condições seguras, previsíveis e lucrativas para todos os elos da cadeia.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x