Fruticultores exportam manga sem preço definido aos EUA. Saiba por que o setor enfrenta incerteza e quem pagará a nova tarifa de 50%.
O comércio internacional de frutas, uma das maiores fontes de receita para o agronegócio brasileiro, enfrenta um de seus momentos mais desafiadores. Em uma situação de extrema vulnerabilidade e risco financeiro, fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido aos EUA, o que gera grande apreensão em toda a cadeia produtiva.
A decisão arriscada, tomada na última semana de agosto de 2025 e com previsões de mais envios para o fim do mês, é um reflexo direto do impasse sobre a nova e elevada tarifa de exportação, que cria um ambiente de incerteza sem precedentes.
O impasse que coloca o setor em risco
A principal razão que explica por que fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido é o impasse sobre a nova tarifa de 50% imposta ao produto no mercado norte-americano.
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Essa elevação tarifária, inesperada e abrupta, criou uma lacuna nas negociações.
Nem os importadores, nem os exportadores querem assumir o custo adicional, e a falta de um acordo tem levado a uma situação de comércio “às cegas”.
A fruta, perecível por natureza, não pode esperar por negociações prolongadas, e a urgência de escoar a safra tem levado os produtores a assumirem o risco de enviar o produto sem saber qual será o preço final.
A situação é grave, e a incerteza é o sentimento que permeia o setor.
A declaração de Jailson Lira, presidente do Sindicato Rural de Petrolina (PE), ilustra perfeitamente o cenário: “Até agora, ninguém sabe quem vai pagar a tarifa de 50%. Não sabemos de nenhum importador que queira pagar a diferença”.
Essa incerteza não afeta apenas o preço final, mas a própria viabilidade da exportação. Se o importador se recusar a pagar a tarifa, a diferença pode ser repassada ao produtor brasileiro, que já opera com margens apertadas.
Em um mercado tão competitivo, um custo adicional de 50% pode significar a inviabilidade financeira de toda a operação, resultando em prejuízos massivos para os produtores.
O volume que demonstra a vulnerabilidade e a força
Apesar do alto risco, a produção de manga no Vale do São Francisco é um motor que não pode parar.
O ritmo acelerado das exportações, mesmo sem a garantia de preço, é uma prova da vulnerabilidade e da resiliência dos produtores.
Conforme dados divulgados pelo Sindicato Rural de Petrolina (PE), a semana passada registrou o envio de sete contêineres de manga ao mercado norte-americano.
Este volume representa não apenas a quantidade de fruta que precisa ser escoada, mas também a esperança dos produtores de que uma solução seja encontrada antes que as cargas cheguem ao destino.
A situação ganha ainda mais dramaticidade com a programação de novos envios. E há mais 50 cargas estão programadas até o fim desta semana.
Essa sequência de embarques, com a incerteza no preço, mostra a pressão que o setor está sofrendo.
A decisão de exportam manga sem preço definido é, ao mesmo tempo, um ato de esperança e uma aposta arriscada. A expectativa é que as negociações entre os países cheguem a um termo antes que as frutas cheguem aos portos norte-americanos.
Se não houver acordo, as frutas podem ter que ser vendidas a um preço muito baixo, ou até mesmo ser recusadas, o que resultaria em perdas financeiras ainda maiores.
O futuro da exportação de manga aos EUA
O impasse atual coloca em xeque a sustentabilidade das exportações de manga do Brasil aos EUA.
O mercado norte-americano é um dos mais importantes para os produtores brasileiros, e a instabilidade nas negociações pode levar a uma reconfiguração de todo o comércio de frutas entre os países.
A falta de clareza sobre o pagamento da tarifa pode gerar um precedente negativo para outras culturas, como a uva e o limão, que também são exportadas para os Estados Unidos.
A luta dos fruticultores do Vale do São Francisco exportam manga sem preço definido é um retrato fiel dos desafios do comércio internacional, onde políticas tarifárias e impasses burocráticos podem afetar diretamente a vida e a renda de milhares de famílias.
É fundamental que as entidades de classe e os governos dos países envolvidos acelerem as negociações para resolver a questão.
A esperança é que, em breve, a situação se resolva e que o mercado de exportação de manga volte a operar em condições seguras, previsíveis e lucrativas para todos os elos da cadeia.