China critica tarifas dos EUA a navios chineses, alertando para impactos no comércio global; medida visa revitalizar a indústria naval americana em declínio.
A tensão comercial entre China e Estados Unidos ganha um novo capítulo com a proposta americana de impor tarifas portuárias a navios construídos ou de propriedade chinesa que atracarem em portos do país.
A medida, apresentada pelo Representante de Comércio dos EUA na última quinta-feira, 17, estabelece a cobrança de uma taxa baseada no volume de carga transportada por embarcação, marcando uma reviravolta na política naval americana e reacendendo o debate sobre protecionismo e segurança nacional.
Em resposta, a Associação de Armadores da China declarou no sábado que continuará “comunicando-se ativamente” com Washington e outras partes relevantes, reiterando sua firme oposição à iniciativa.
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Tarifas com impacto global e reação imediata da China
A proposta, ainda em fase de revisão, prevê que a nova tarifa de US$ 50 por tonelada líquida entre em vigor em outubro, com aumentos graduais ao longo de três anos.
A medida também impactará embarcações não chinesas, especialmente as que transportam veículos e que não tenham sido fabricadas nos Estados Unidos.
Uma segunda fase, a ser implementada dentro de três anos, restringirá a entrada de navios estrangeiros que transportem gás natural liquefeito.
A China rapidamente classificou as tarifas como “significativamente discriminatórias”, acusando os EUA de basear a proposta em “fatos falsos e preconceito”.
O órgão que representa os armadores chineses afirmou, em comunicado oficial publicado no WeChat, que tais restrições “não ajudarão a revitalizar a indústria naval americana” e que a medida será “prejudicial para todos”, afetando cadeias logísticas globais.
Indústria naval americana mira recuperação com tarifas
Segundo a administração americana, os recursos arrecadados com as novas tarifas serão destinados à revitalização da indústria naval dos EUA, que atualmente foca majoritariamente em contratos militares e quase não constrói navios comerciais.
A proposta representa um recuo em relação a um plano anterior que sugeria taxas fixas de até US$ 1 milhão por navio.
Agora, com a cobrança por tonelagem líquida, a intenção é tornar a política mais viável e menos abrupta para o setor marítimo internacional.
Armadores e comércio global atentos ao desdobramento
Especialistas alertam que a adoção dessas tarifas poderá desencadear retaliações comerciais e desestabilizar o comércio marítimo global. Armadores de diversas nacionalidades, não apenas chineses, podem ser afetados, ampliando o alcance e a complexidade do impacto econômico.
Enquanto isso, China e Estados Unidos mantêm a retórica firme, mas com espaço para negociações. A Associação de Armadores da China reforça que está aberta ao diálogo e pede a revisão da medida, em nome da cooperação internacional e da estabilidade das rotas comerciais.