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Novo método dos EUA promete aumentar em até 15% a produção de petróleo de xisto e recuperar parte dos 90% deixados para trás

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/08/2025 às 21:02
petróleo
A injeção cíclica de dióxido de carbono, também conhecida como “sopro e sopro de CO2”, é um processo multifásico. (Imagem representativa)
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Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia anunciaram um avanço que pode mudar a extração de petróleo de xisto nos Estados Unidos. O método, testado no Eagle Ford Shale, promete aumentar em até 15% a recuperação do óleo e ainda armazenar dióxido de carbono, combinando produção energética com redução de emissões.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia desenvolveu um método que promete aumentar a produção de petróleo em formações compactas de xisto nos Estados Unidos.

O fluxo de trabalho testado no Texas Eagle Ford Shale mostrou melhora na recuperação de petróleo e pode ser expandido para outros reservatórios.

Além do ganho produtivo, o processo pode oferecer armazenamento de longo prazo para dióxido de carbono (CO2), reduzindo emissões.

A proposta de recuperação de óleo

O novo sistema pode elevar em até 15% a eficiência de recuperação do óleo de xisto. A tecnologia busca solucionar um problema recorrente: mesmo com técnicas modernas, até 90% do petróleo presente nas formações subterrâneas permanece intocado.

O mais importante é que os cientistas enxergam no processo uma dupla vantagem, porque ele alia maior produção com benefícios ambientais.

Segundo o estudo publicado na revista Fuel, o método melhora a chamada injeção cíclica de CO2. Essa técnica, também conhecida como “CO2 huff-n-puff”, existe há décadas e consiste em bombear dióxido de carbono no reservatório para aumentar a extração.

A novidade está no ajuste do fluxo de trabalho, que torna o processo mais eficaz e adaptável a diferentes condições de exploração.

Nanoporos e a função do CO2

Os pesquisadores explicaram que o petróleo de xisto se acumula em nanoporos, pequenas cavidades dentro das rochas. O CO2 injetado consegue penetrar nessas microestruturas, se misturar ao óleo e facilitar sua mobilidade até a superfície.

Esse mecanismo foi comparado a uma esponja: assim como a água fica presa em seus poros, os hidrocarbonetos ficam armazenados até que algo provoque seu deslocamento.

O professor Hamid Emami-Meybodi, um dos autores principais, afirmou que o método representa “um dos melhores sistemas de reciclagem do setor”.

Ele destacou que aproveitar o CO2 não apenas amplia a produção de petróleo, mas também ajuda a conter impactos ambientais e reforça a segurança energética dos Estados Unidos.

Processo de injeção controlada

Na prática, o CO2 é alimentado no reservatório por meio de um poço. Após a injeção, o poço é fechado para que o gás fique em contato com o óleo por um tempo determinado.

Nesse período, o CO2 altera as propriedades do petróleo, aumentando seu volume e permitindo que ele flua com mais facilidade.

Os testes mostraram que volumes maiores de CO2 resultam em uma recuperação mais profunda e eficiente.

Isso acontece porque o gás melhora a mistura com o óleo e amplia o alcance dentro das formações.

Reservatórios com óleo negro e baixa relação gás-óleo foram apontados como os mais favoráveis ao processo.

Desafios da otimização

Apesar dos avanços, os cientistas alertam que a otimização da injeção ainda é um desafio. As variáveis incluem a profundidade do reservatório, o tipo de óleo e as condições do xisto.

Cada ajuste exige cálculos e análises detalhadas para evitar desperdícios e garantir resultados consistentes.

Emami-Meybodi ressaltou que adaptar a técnica não é simples, porque pequenas mudanças podem alterar o desempenho final.

Ainda assim, o fluxo de trabalho desenvolvido pela equipe demonstrou bons resultados no Eagle Ford Shale, um dos campos mais produtivos do país.

O estudo aponta que o método pode ser expandido para outros projetos de recuperação avançada de petróleo em formações não convencionais.

Como a produção de xisto impulsionou os recordes de petróleo nos EUA na última década, a possibilidade de aumentar a eficiência é vista como estratégica.

Portanto, se o processo ganhar escala, pode reduzir perdas e transformar a forma como os recursos energéticos são explorados.

Além disso, a técnica oferece uma resposta às preocupações ambientais, já que o CO2 utilizado deixa de ser emitido na atmosfera.

Assim, os pesquisadores defendem que a combinação de maior produção com captura de carbono pode trazer ganhos duplos para o setor e para a sociedade.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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