Nova regra americana trava comércio eletrônico global
O governo dos Estados Unidos encerrou em 29 de agosto de 2025 a chamada isenção de minimis.
Ela permitia a entrada de pacotes de até R$ 4,3 mil (US$ 800) sem cobrança de tarifas.
A decisão, anunciada ainda durante o governo Donald Trump, provocou um colapso imediato nas remessas internacionais.
De acordo com dados divulgados pela União Postal Universal (UPU) em 6 de setembro, o tráfego postal com destino ao país despencou mais de 80% em apenas um dia.
Queda imediata após a mudança
A alfândega americana passou a avaliar todos os pacotes com a nova exigência.
Transportadoras aéreas e operadores logísticos se tornaram responsáveis por calcular, recolher e repassar os tributos.
As tarifas variam de 10% a 50%, dependendo da origem e do tipo de mercadoria.
Esse novo processo travou os sistemas, e segundo a UPU, houve uma redução de 81% no volume de encomendas.
O impacto ocorreu na semana de estreia da regra em comparação com a anterior.
Além disso, 88 correios nacionais já suspenderam total ou parcialmente os envios para os EUA.
Eles alegam não ter mecanismos técnicos para atender às exigências.
Reação internacional e impacto no comércio
A medida rompeu uma prática em vigor desde 1938.
Ela gerou forte reação internacional.
A UPU, com sede em Berna, na Suíça, enviou uma carta ao secretário de Estado americano, Marco Rubio.
O documento alertava sobre riscos ao comércio eletrônico e à logística global.
A agência classificou o cenário como “grande disrupção operacional”.
O alerta destacou que a suspensão pode afetar consumidores, pequenas empresas e até remessas pessoais.
Muitas companhias aéreas também afirmaram não conseguir assumir as novas responsabilidades de recolhimento de impostos.
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Justificativas do governo Trump
Segundo a Casa Branca, a isenção vinha sendo usada como “brecha” por empresas estrangeiras.
Elas a utilizavam para driblar tarifas de importação e até por criminosos para o envio de drogas.
Por isso, a administração Trump reforçou a necessidade da mudança.
Contudo, foram mantidas exceções limitadas, como o recebimento de presentes de até R$ 540 (US$ 100) enviados por familiares.
Também permanece a entrada de lembranças pessoais de até R$ 1 mil (US$ 200), sem taxação.
Comparação com a “taxa das blusinhas” no Brasil
A medida americana foi rapidamente comparada à chamada “taxa das blusinhas”. Porém, assim como no Brasil, a regra já provoca debates acalorados. Além disso, especialistas destacam impactos imediatos para consumidores e empresas.
Ela foi criada no Brasil em agosto de 2023. Na ocasião, o governo decidiu cobrar 60% de imposto sobre compras internacionais de até US$ 50. Consequentemente, a mudança alterou hábitos de consumo digital.
Do mesmo modo, nos Estados Unidos, a decisão afeta consumidores que recorriam ao comércio eletrônico de baixo valor. Assim, o setor enfrenta desafios inéditos. Portanto, a adaptação será inevitável.
Agora, a reação das empresas logísticas determinará os rumos do setor. Além disso, os sistemas precisarão ser ajustados rapidamente. Caso contrário, o risco de gargalos aumentará.
O cenário é de incerteza global.
Afinal, até onde essas mudanças poderão impactar a democratização do comércio eletrônico internacional? Essa questão permanecerá em aberto nos próximos meses.