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Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que maior adoção de práticas sustentáveis no agronegócio pode gerar até R$ 94 bi por ano no Brasil

Escrito por Hilton Libório
Publicado em 03/11/2025 às 08:50
Imagem de um campo agrícola ao pôr do sol com uma plantação verde em primeiro plano, uma máquina colheitadeira ao fundo e uma seta branca apontando para cima.
Foto: Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que maior adoção de práticas sustentáveis no agronegócio pode gerar até R$ 94 bi por ano no Brasil
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Estudo da FGV afirma que avanço das práticas sustentáveis e das tecnologias agropecuárias pode impulsionar o agronegócio brasileiro, elevando ganhos econômicos e fortalecendo a sustentabilidade no campo

Em 30 de outubro de 2025, a Fundação Getulio Vargas (FGV), por meio do Observatório de Bioeconomia, divulgou um estudo que pode redefinir o futuro do agronegócio brasileiro. Segundo o levantamento, a adoção ampliada de práticas sustentáveis pode gerar até R$ 94,8 bilhões por ano ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2030. O estudo considera tecnologias agropecuárias já disponíveis e destaca o papel da sustentabilidade como vetor econômico e ambiental.

FGV aponta caminhos para um agronegócio mais sustentável

A pesquisa analisou quatro práticas principais: biocombustíveis, bioinsumos, plantio direto e terminação intensiva de gado. Todas essas soluções têm potencial para aumentar a produtividade, reduzir impactos ambientais e melhorar a competitividade do Brasil no mercado internacional.

O estudo da FGV foi elaborado com base em dados técnicos e econômicos de diferentes cadeias produtivas. Segundo a análise, a adoção isolada dos biocombustíveis tem potencial para adicionar R$ 71,4 bilhões ao PIB brasileiro anualmente.

A ampliação do uso de bioinsumos poderia contribuir com mais R$ 15,2 bilhões, enquanto o avanço do sistema de plantio direto representaria um acréscimo de R$ 4,7 bilhões. Já a intensificação da terminação bovina teria impacto estimado em R$ 3,5 bilhões por ano.

Essas tecnologias agropecuárias já estão disponíveis e podem ser escaladas com apoio público e privado. O estudo também sugere que a adoção dessas práticas pode gerar empregos, atrair investimentos e fortalecer a imagem do Brasil como líder em sustentabilidade.

Sustentabilidade no agronegócio: ganhos econômicos e ambientais

A sustentabilidade deixou de ser apenas uma pauta ambiental e passou a ser um diferencial competitivo para o agronegócio brasileiro. De acordo com a FGV, a transição para práticas sustentáveis pode:

  • Aumentar a produtividade por hectare.
  • Reduzir custos operacionais no médio e longo prazo.
  • Ampliar o acesso a mercados exigentes, como União Europeia e Estados Unidos.
  • Melhorar a reputação do Brasil como fornecedor global de alimentos.

A sustentabilidade é uma vantagem estratégica para o agro brasileiro, afirma o relatório da FGV. Além disso, práticas sustentáveis ajudam a mitigar riscos climáticos, como secas e enchentes, que afetam diretamente a produção agrícola.

O Sistema de Plantio Direto (SPD), que minimiza o revolvimento do solo e contribui para a retenção de carbono, tem potencial para expandir sua área de aplicação de 10,8 milhões para 34,1 milhões de hectares até 2030. Essa ampliação pode resultar na redução de aproximadamente 7,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, devido ao aumento da fixação de carbono no solo.

No setor pecuário, a intensificação da terminação — método que acelera o abate e otimiza o ganho de peso dos animais — poderia elevar o número de cabeças em manejo intensivo de 8 milhões para 13,5 milhões até o fim da década. Essa mudança contribuiria para uma redução estimada de 19,3 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, graças ao menor tempo de permanência dos bovinos no sistema.

Barreiras à adoção de práticas sustentáveis no campo

Apesar do potencial, a adoção em larga escala ainda enfrenta desafios. Entre os principais obstáculos estão:

  • Falta de crédito rural direcionado para tecnologias sustentáveis.
  • Baixa capacitação técnica em algumas regiões.
  • Resistência cultural à mudança de práticas tradicionais.
  • Ausência de políticas públicas integradas e de longo prazo.

Para superar essas barreiras, o estudo da FGV propõe:

  • Criação de linhas de financiamento específicas para práticas sustentáveis.
  • Investimento em capacitação técnica e extensão rural.
  • Incentivos fiscais para produtores que adotarem tecnologias agropecuárias sustentáveis.
  • Campanhas de conscientização sobre os benefícios econômicos e ambientais da sustentabilidade.

Impactos ambientais e sociais das práticas sustentáveis

Além dos ganhos econômicos, as práticas sustentáveis no agronegócio têm efeitos positivos sobre o meio ambiente e a sociedade:

  • Redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, segundo estimativas do estudo.
  • Preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos.
  • Geração de empregos verdes e inclusão de pequenos produtores.
  • Fortalecimento da segurança alimentar nacional e global.

Segundo Cícero Lima, pesquisador do FGV, o estudo demonstra que apenas uma tecnologia — como os bioinsumos — tem potencial para acrescentar até 0,13% ao PIB anualmente.

Em um cenário em que o país cresce cerca de 2% ao ano, isso representaria mais de 6% do crescimento total impulsionado por uma única prática de baixo carbono. Além do impacto macroeconômico, a pesquisa estima que a adoção em larga escala dessas soluções pode gerar mais de 700 mil empregos diretos até o final da década.

O papel do setor público e privado na transformação do agronegócio

A transformação do agronegócio brasileiro depende da articulação entre governo, empresas e produtores. A FGV sugere a criação de um pacto nacional pela sustentabilidade no agro, com metas claras e indicadores de desempenho.

Empresas do setor também têm papel fundamental, seja investindo em inovação, seja exigindo práticas sustentáveis em suas cadeias de fornecimento. A colaboração entre os setores é essencial para acelerar a adoção das tecnologias agropecuárias sustentáveis.

Eduardo Bastos, CEO do Instituto Equilíbrio — entidade que colaborou na elaboração do estudo — destacou a importância de levar esse debate à COP30, que será realizada em Belém neste mês. Segundo ele, discutir o tema durante a conferência do clima é essencial para orientar a formulação do próximo Plano Safra, evidenciando que os investimentos em práticas sustentáveis no agronegócio podem gerar ganhos ambientais significativos e ampliar a renda dos produtores.

Agronegócio e sustentabilidade: uma agenda estratégica para o Brasil

O estudo da Fundação Getulio Vargas, divulgado em 30 de outubro de 2025, deixa claro: a sustentabilidade é o caminho mais promissor para o crescimento do agronegócio brasileiro. Com potencial de gerar até R$ 94,8 bilhões por ano, a adoção de práticas sustentáveis representa uma oportunidade econômica, ambiental e social.

Para que esse cenário se concretize, é necessário superar barreiras estruturais, ampliar o acesso a tecnologias agropecuárias e promover políticas públicas eficazes. O Brasil tem os recursos, o conhecimento e o mercado — falta transformar o potencial em realidade.

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Hilton Libório

Hilton Fonseca Liborio é redator, com experiência em produção de conteúdo digital e habilidade em SEO. Atua na criação de textos otimizados para diferentes públicos e plataformas, buscando unir qualidade, relevância e resultados. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras, Energias Renováveis, Mineração e outros temas. Contato e sugestões de pauta: hiltonliborio44@gmail.com

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