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FIM das queimadas: Estudantes criam detector de incêndios florestais em formato de abacaxi feito com materiais orgânicos e muito barato; veja como funciona

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 14/09/2024 às 13:15
Incêndios florestais
Foto: Reprodução

Inovação revolucionária! Estudantes desenvolveram o Pyri, um detector de incêndios florestais em forma de abacaxi, feito com materiais orgânicos

Setembro chegou trazendo uma crise ambiental que ameaça os biomas brasileiros. O país enfrenta um aumento alarmante no número de incêndios florestais, principalmente na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado.

A gravidade da situação coloca em risco a fauna e flora, além de impactar diretamente as comunidades que vivem nas regiões afetadas.

Esse é um problema global, recorrente em várias partes do mundo, o que tem levado muitos pesquisadores a buscarem soluções para mitigá-lo.

Um exemplo promissor vem de um grupo de estudantes ingleses, que criaram o Pyri, um detector de incêndios inovador que combina tecnologia de ponta com princípios de sustentabilidade.

O Que é o Pyri?

O Pyri é um sistema de detecção precoce de incêndios florestais, criado para funcionar em áreas remotas com baixo custo e alta eficiência. Inspirado em processos naturais, o dispositivo utiliza materiais orgânicos e biodegradáveis em sua composição, funcionando como um “sentinela” contra incêndios nas florestas.

Sua tecnologia de detecção é ativada pelo calor, permitindo que os sinais sejam enviados em tempo real para alertar comunidades e equipes de emergência sobre a ameaça de incêndios florestais.

O diferencial do Pyri está em sua estrutura inovadora, que simula um abacaxi. O dispositivo tem uma casca de cera, que se derrete com o calor, liberando uma solução de água salgada que ativa seus componentes eletrônicos.

Esses componentes emitem um sinal de radiofrequência (RF), que pode ser captado por torres de telecomunicação ou receptores dedicados. Com isso, a localização exata do incêndio é identificada, permitindo uma ação rápida e eficiente.

Inspiração por trás do Pyri

A natureza foi a principal fonte de inspiração para o desenvolvimento do Pyri. O abacaxi serotina, uma variedade que libera suas sementes apenas quando exposto ao fogo, serviu de modelo para o mecanismo de ativação do dispositivo.

A equipe de desenvolvimento buscou criar uma solução que respeitasse o meio ambiente, utilizando materiais orgânicos e evitando o uso de substâncias tóxicas e poluentes.

As mudanças climáticas foram um fator motivador crucial para a criação do Pyri. Estima-se que, até 2100, a ocorrência de incêndios extremos aumente em até 50%, afetando especialmente regiões como o Ártico e as florestas tropicais. Esses locais abrigam comunidades que, muitas vezes, não estão preparadas para lidar com desastres naturais dessa magnitude.

A detecção precoce, portanto, é vital para mitigar os danos causados por incêndios florestais, e o Pyri se apresenta como uma solução acessível e eficiente.

Como funciona o Pyri?

A operação do Pyri é simples, mas extremamente eficaz. O dispositivo foi projetado para ser distribuído em áreas florestais por helicópteros ou equipes terrestres, utilizando pequenas cápsulas chamadas “PyriPods”.

Quando um incêndio é detectado, o calor faz com que a cera que cobre o Pyri se derreta, ativando o circuito interno. Esse circuito gera energia suficiente para emitir um sinal de RF, que é captado por torres de comunicação ou dispositivos receptores.

A partir do momento em que o sinal é enviado, a localização do incêndio é triangulada e cruzada com informações meteorológicas e de satélites por meio de inteligência artificial (IA). Dessa forma, é possível prever o comportamento do incêndio e alertar as equipes de emergência e as comunidades em risco. Tudo isso acontece de maneira rápida e precisa, permitindo que medidas sejam tomadas antes que o incêndio cause danos irreparáveis.

O impacto ambiental do Pyri também foi cuidadosamente considerado. Ao ser ativado e cumprir sua função, o dispositivo queima sem liberar substâncias tóxicas, pois é feito de materiais biodegradáveis. Isso garante que o Pyri seja não apenas eficiente, mas também seguro para o meio ambiente.

Processo de desenvolvimento

O desenvolvimento do Pyri envolveu um processo rigoroso de pesquisa e experimentação. A equipe responsável pelo projeto realizou entrevistas com mais de 20 especialistas em incêndios florestais e membros de comunidades afetadas por esse tipo de catástrofe, em regiões como Jamaica, Turquia e Canadá.

Essas conversas ajudaram a moldar o design do dispositivo, garantindo que ele atendesse às necessidades reais das pessoas que enfrentam incêndios florestais em seu dia a dia.

Além disso, a equipe realizou uma série de experimentos laboratoriais para testar diferentes tecnologias de detecção, como sensores de calor, fumaça e infra-som. O resultado foi um sistema de detecção baseado em calor que oferece alta precisão e baixo custo de operação.

Com o apoio do Hazelab, do Imperial College, a equipe validou os protótipos e apresentou um pedido de patente para a tecnologia inovadora que possibilita a geração de energia, sinal e transmissão de rádio.

O que torna o Pyri diferente?

Embora já existam outras tecnologias de detecção de incêndios florestais, como drones e sensores da Internet das Coisas (IoT), a maioria dessas soluções é cara e complexa, exigindo manutenção constante e conhecimento técnico especializado.

O Pyri se destaca por ser uma alternativa mais acessível e sustentável, utilizando materiais ecológicos e de baixo custo.

Outro aspecto que torna o Pyri único é sua escalabilidade. O dispositivo pode ser utilizado em larga escala, cobrindo grandes áreas florestais e oferecendo uma detecção precisa de incêndios.

Sua simplicidade de operação também é um ponto forte, já que não requer manutenção frequente nem instalação especializada.

Planos futuros

O projeto Pyri já está em processo de solicitação de patente, e a próxima etapa consiste em desenvolver unidades alfa para testes de confiabilidade.

A equipe também está expandindo sua rede de colaboradores e interessados, buscando parcerias com parques nacionais e proprietários privados de terras, que poderão ser os primeiros a adotar a tecnologia em suas áreas florestais.

Os testes-piloto estão previstos para acontecer em parceria com um parque nacional ou proprietário de terras, permitindo que o sistema seja testado em condições reais.

A equipe está confiante de que o Pyri pode se tornar uma solução amplamente utilizada na prevenção de incêndios florestais, ajudando a proteger florestas, comunidades e ecossistemas inteiros.

O Pyri é uma solução inovadora e sustentável que promete revolucionar a forma como detectamos e combatemos incêndios florestais. Inspirado pela natureza e desenvolvido com base em pesquisas extensivas, o dispositivo alia tecnologia e ecologia para oferecer uma alternativa acessível e eficaz.

Com seu potencial de escalabilidade e baixo impacto ambiental, o Pyri tem tudo para se tornar uma ferramenta indispensável na preservação das florestas e na proteção das comunidades vulneráveis ao redor do mundo.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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