Seis bancos digitais lideram reclamações, segundo Banco Central e Procon. Prejuízos a clientes já passam de R$ 50 milhões.
Nos últimos anos, os bancos digitais deixaram de ser novidade e se tornaram parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Com aplicativos intuitivos, ausência de tarifas e cartões de crédito fáceis de aprovar, Nubank, Inter, C6 Bank e outras fintechs ganharam rapidamente mercado, atraindo clientes que buscavam alternativas aos bancos tradicionais.
Mas em 2025 esse avanço trouxe um efeito colateral: o aumento vertiginoso das reclamações registradas junto ao Banco Central e aos Procons estaduais. Problemas como bloqueio de contas, demora no atendimento, fraudes e falhas em transferências via Pix colocaram essas instituições no topo dos rankings de queixas. O resultado, segundo estimativas divulgadas pela imprensa, já soma mais de R$ 50 milhões em prejuízos diretos aos consumidores.
Os bancos digitais campeões de reclamações em 2025
Embora todos os bancos digitais tenham recebido algum tipo de denúncia, alguns nomes se destacam negativamente:
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- Nubank – líder de mercado, mas também alvo frequente de queixas sobre bloqueio de contas e dificuldade de atendimento humano.
- Banco Inter – denúncias de instabilidade no aplicativo e falhas em operações de crédito.
- C6 Bank – alto volume de reclamações sobre cartão de crédito e tarifas pouco claras em alguns serviços.
- PagBank (PagSeguro) – clientes relatam travas em transações e dificuldade em resolver disputas de compras online.
- Neon – queixas recorrentes sobre demora na liberação de crédito e suporte limitado.
- BTG+ – relatos de problemas em investimentos integrados ao app e atendimento demorado.
Esses seis bancos digitais figuraram com destaque nos relatórios do Banco Central em 2025, ocupando posições de liderança no Ranking de Reclamações, indicador oficial que mede a qualidade do atendimento das instituições financeiras no país.
Principais problemas relatados pelos clientes
Os relatórios apontam um padrão nos motivos de insatisfação:
- Bloqueio inesperado de contas: usuários relatam que ficaram dias sem acesso ao dinheiro, sem explicação clara.
- Atendimento ineficiente: dificuldade para falar com um atendente humano em situações de urgência.
- Falhas no Pix: atrasos ou cancelamentos de transferências, prejudicando pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos.
- Cartões de crédito: cobranças indevidas, dificuldade para contestar transações e juros elevados.
- Segurança digital: fraudes, clonagem de contas e golpes, com suporte lento das instituições.
O peso das multas e indenizações
De acordo com registros de Procons estaduais e decisões judiciais, os bancos digitais já acumularam mais de R$ 50 milhões em prejuízos diretos a clientes em 2025 — entre ressarcimentos, multas administrativas e condenações judiciais.
Esse número, segundo especialistas, tende a crescer, já que mais de 70% dos processos envolvendo fintechs ainda estão em andamento.
A contradição do sucesso
O paradoxo é evidente: quanto mais clientes os bancos digitais conquistam, mais queixas surgem. O Nubank, por exemplo, ultrapassou a marca de 100 milhões de clientes em 2025 e, proporcionalmente, lidera os rankings de reclamações.
O Banco Inter já soma mais de 30 milhões de contas abertas, enquanto o C6 Bank ultrapassou os 25 milhões — todos crescendo em ritmo acelerado.
Para especialistas do setor financeiro, a explicação é clara: o crescimento explosivo não foi acompanhado pela mesma expansão na estrutura de suporte e atendimento. O que deveria ser um diferencial acabou se tornando um gargalo.
O que dizem as instituições
As fintechs alegam que estão investindo pesado em tecnologia de segurança e em ampliar equipes de atendimento. O Nubank, por exemplo, anunciou em 2025 a contratação de 3.000 novos funcionários para reforçar o suporte ao cliente.
O Inter afirma ter dobrado sua equipe de segurança digital. Já o C6 Bank lançou ferramentas de autoatendimento para acelerar a resolução de problemas.
Mesmo assim, os relatórios oficiais indicam que a percepção dos consumidores ainda é negativa, e a sensação de insegurança financeira cresce entre os usuários.
O que esperar para 2026
A tendência é de que os bancos digitais permaneçam como protagonistas do setor financeiro brasileiro. O desafio será equilibrar crescimento e qualidade de serviço. Com a chegada de novas regulamentações do Banco Central para operações digitais e maior pressão dos órgãos de defesa do consumidor, 2026 pode ser um ano decisivo para que essas instituições recuperem a confiança dos clientes.
Enquanto isso, consumidores devem permanecer atentos: acompanhar saldos, registrar protocolos de atendimento e, em caso de falhas, acionar imediatamente os canais oficiais de reclamação, como o Banco Central e o Procon.
O mercado de fintechs e bancos digitais no Brasil movimenta centenas de bilhões de reais anualmente e já ameaça a hegemonia dos grandes bancos tradicionais. Mas o aumento das reclamações mostra que inovação tecnológica não basta. Sem confiança e transparência, a relação com os clientes pode ruir rapidamente.
O ano de 2025 ficará marcado como um alerta: o modelo digital conquistou o país, mas agora precisa provar que pode ser tão confiável quanto os gigantes centenários do setor bancário.