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Estes carros populares parecem confiáveis, mas podem te deixar na mão mesmo com pouca quilometragem

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 29/05/2025 às 17:41
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Antes de comprar um carro 3 cilindros usado, conheça os modelos que acumulam falhas mecânicas
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Antes de comprar um carro 3 cilindros usado, conheça os modelos que acumulam falhas mecânicas

Nos últimos anos, os motores 3 cilindros invadiram o Brasil com a promessa de economia, leveza e eficiência. E muita gente foi na onda, comprou hatch, sedã e até SUV compacto acreditando que estava fazendo um bom negócio. Só que, no mundo real, a história não foi bem assim. Alguns modelos que usam esse tipo de motor estão se revelando verdadeiros pesadelos mecânicos, mesmo com baixa quilometragem. E não adianta só trocar o óleo direitinho: tem coisa que o dono comum nem imagina que está prestes a quebrar.

Neste artigo, vamos falar não só dos motores problemáticos, mas principalmente dos carros que você deve olhar com cautela se estiver pensando em comprar usado. São modelos populares e fáceis de encontrar no mercado de seminovos, mas que escondem problemas que podem sair bem mais caros do que parecem.

1. Chevrolet Onix e Tracker: bonitos por fora, problemáticos por dentro

Chevrolet Onix LT

O Chevrolet Onix virou o carro mais vendido do Brasil por vários anos seguidos. E com motivo: design atraente, bom consumo, preço competitivo e aquele apelo de carro “completo”. Mas quando a GM resolveu colocar o motor 1.0 3 cilindros com correia dentada banhada em óleo, o que era sucesso começou a virar problema.

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O motor é o mesmo que equipa também o Tracker 1.0 turbo, um SUV compacto que caiu no gosto de quem queria um carro com pegada moderna. Só que esse motor tem um defeito grave: a tal da correia banhada em óleo, que deveria durar mais, simplesmente se desmancha antes da hora. Quando isso acontece, o óleo fica contaminado, a bomba de lubrificação entope, e o motor pode fundir, mesmo com menos de 50 mil km.

Além disso, a bomba de vácuo, feita de baquelite, costuma quebrar fácil. Resultado? O pedal do freio fica duro do nada. Tem gente que faz todas as revisões e mesmo assim se vê trocando motor com 40 mil km. Ou seja, o Onix e o Tracker podem até ser carros completos e confortáveis, mas se vierem com esse motor, o barato pode sair caro.

2. Ford Ka e Ka Sedan: o “trimilique” que vibra até o chicote elétrico

O Ford Ka 1.0 Ti-VCT é outro exemplo de carro que vendeu muito, mas deixou muita gente com saudade do antigo Zetec Rocam. Esse 3 cilindros da Ford virou motivo de piada nas oficinas. E não é exagero: o apelido “trimilique” surgiu por um motivo muito real.

O motor treme tanto que, com o tempo, ele solta o polo da bateria, quebra coxim, causa desgaste prematuro no chicote elétrico e dá pau até no corpo de borboleta. Mesmo com 20 ou 30 mil km, já aparecem os primeiros sinais de desgaste. E o carro nem precisa ter rodado muito: às vezes basta o uso urbano normal pra ele começar a apresentar esses problemas.

O Ka e o Ka Sedan têm direção agradável, bom consumo e espaço interno decente pra categoria. Mas, debaixo do capô, o projeto parece ter sido feito às pressas. E pra piorar, o motor exige óleo muito específico. Colocou qualquer outro? Pode esperar desgaste prematuro. Ou seja: um carro que era pra ser acessível acaba se tornando uma bomba-relógio disfarçada de compacto urbano.

3. Fiat Mobi, Argo e Uno: o Firefly que voa… direto pra oficina

A Fiat lançou o motor Firefly 1.0 como uma solução moderna e mais robusta, substituindo os antigos motores Fire. E realmente, na teoria, ele parece bom: corrente de comando no lugar da correia, bloco compacto, bom torque em baixa. Mas, na prática, tem mais pegadinha do que parece.

O Firefly está presente nos modelos Mobi, Argo e também no Uno (nas últimas versões produzidas). E o problema mais grave acontece durante a manutenção: se o mecânico gira o motor no sentido errado, a corrente de comando pode pular o ponto. Quando isso acontece, o sincronismo vai pro espaço e só resolve desmontando tudo.

Além disso, esse motor sofre com problemas crônicos na bomba d’água, que pode causar mistura de óleo e água, confundindo até mecânico experiente. Os coxins do motor também quebram fácil, e o valor pra trocar pode passar dos R$ 3 mil. Ou seja, o que era pra ser um carrinho urbano e econômico vira uma dor de cabeça se a manutenção não for milimetricamente correta.

4. Renault Kwid, Logan e Sandero: barulho, óleo e calor demais

Se você pensou no Renault Kwid como seu primeiro carro, talvez seja melhor repensar. Ele vem equipado com o SCe 1.0 da Renault, o mesmo que aparece em versões do Logan e do Sandero. É um motor que, apesar de usar corrente de comando, não convenceu muita gente, especialmente quem já levou o carro à oficina.

Um dos maiores problemas é o eixo de comando, que se desgasta rápido e começa a emitir um barulho metálico que mais parece carro velho dos anos 90. Tem Kwid com 30 mil km que já faz barulho de Monza com junta estourada. E pra completar, o motor consome óleo demais, com muitos donos andando com um litro extra no porta-malas.

As bobinas de ignição também queimam com frequência, pois ficam muito próximas da tampa do motor, onde o calor é intenso. Em resumo: um carro popular que parece simples, mas que esconde um monte de problemas chatos — e que aparecem mais cedo do que você imagina.

5. Peugeot 208, 2008 e Citroën C3: o PureTech que virou pesadelo

O motor 1.2 PureTech parecia o mais promissor da nova leva de 3 cilindros. Leve, potente, moderno e com ótima eficiência energética. Ele equipa carros como Peugeot 208, 2008 e também o Citroën C3. Mas a beleza durou pouco.

O grande vilão, novamente, é a correia dentada banhada em óleo. Assim como no motor da GM, ela se degrada antes do tempo e contamina o óleo, entupindo os canais de lubrificação. O resultado é sempre o mesmo: desgaste acelerado e, às vezes, motor fundido com 40 mil km.

Outro ponto complicado é a manutenção. Na hora de trocar a correia, o mecânico precisa “descarregar” as polias variáveis girando o motor manualmente. Se isso não for feito direito, o motor fica fora de ponto , e o carro sai da oficina pior do que entrou.

É um motor que exige mecânico experiente e especializado. Oficina de bairro, nem pensar. E isso limita bastante as opções de quem mora longe dos grandes centros.

Vale a pena comprar um 3 cilindros usado?

Essa é a pergunta que muita gente faz depois de ver os relatos. E a resposta é: depende muito. Existem motores 3 cilindros bons no mercado, como o 1.0 da Hyundai/Kia ou o TSI da Volkswagen, que têm bom histórico de confiabilidade. Mas os modelos citados acima merecem atenção redobrada.

Se você está pensando em comprar um usado que tenha um desses motores problemáticos, o ideal é:

  • Pedir laudo cautelar completo (com análise do motor);
  • Verificar histórico de manutenção (com notas fiscais e carimbo em manual);
  • Conversar com mecânicos que conhecem o modelo;
  • Procurar fóruns e vídeos no YouTube com relatos de outros donos.

Comprar carro usado é sempre uma aposta. Mas quando o motor tem fama de dar problema mesmo com pouco uso, é sinal de que o projeto falhou. E nesse caso, a melhor economia é fugir enquanto dá tempo

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Marcelo Miranda
Marcelo Miranda
04/06/2025 22:37

Observando os comentários acima, o melhor mesmo é adquirir um carro de 2016 pra baixo. Possui uma pálio adventure 2008, vendi com a quilometragem 286.000 km motor stand , manutenção básica, troca de óleo no tempo certo. Esses carros novos só dão problemas! Tenho hj um Frontier 2009 , 327.000 km rodado manutenção dia, nada a reclamar! Adquiri em 2016 com 227.000km rodado.

Marcelo Miranda
Marcelo Miranda
Em resposta a  Marcelo Miranda
04/06/2025 22:39

Corrigindo : adquiri a Frontier com 127.000km e não com 227.000

João
João
04/06/2025 22:12

Essa notícia está generalizando o que aconteceu de ruim com alguns modelos, não são todos iguais, ok correia dentada banhada a óleo da problema, mas tudo depende do cuidado com o veículo e do tipo de condutor que você é

João
João
04/06/2025 22:09

Tenho um kwid 2023, com 85000km, não teve nenhum desses problemas citados, é confortável, não é barulhento como falam, econômico, eu utilizo etanol o carro fica afiado na cidade

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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