Brasil exporta mais de 40 milhões de toneladas de milho em 2025 e dois mercados assumem liderança nas compras, mudando o comércio global.
O milho brasileiro em 2025 consolidou-se como um dos pilares da balança comercial do agronegócio. Entre janeiro e agosto, os embarques já somavam mais de 40 milhões de toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Esse volume confirma a relevância do Brasil como um dos maiores exportadores globais, ao lado de Estados Unidos e Argentina.
O cenário ganha ainda mais importância porque, diante de oscilações climáticas em outras regiões produtoras, dois mercados se destacaram como principais destinos do milho brasileiro. A mudança indica uma reconfiguração nas rotas do comércio global de grãos e reforça a posição estratégica do Brasil como fornecedor confiável em momentos de instabilidade.
Produção recorde sustenta os embarques
A base para esse desempenho está na safra recorde colhida entre 2024 e 2025, impulsionada pelo avanço tecnológico no campo e pela expansão da chamada segunda safra (safrinha).
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Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher cerca de 115 milhões de toneladas de milho em 2025, mantendo o patamar elevado dos últimos anos.
Essa abundância permitiu ao país garantir o abastecimento interno e ao mesmo tempo manter uma presença robusta nos mercados internacionais. Mesmo com maior consumo doméstico para ração animal e etanol de milho, o excedente para exportação segue elevado, sustentando contratos bilionários.
Dois mercados ganham protagonismo nas compras
Se no passado os embarques de milho brasileiro tinham como principais destinos Estados Unidos e China em momentos de safra curta, em 2025 a realidade mudou.
Os dados mostram que dois novos mercados assumiram a dianteira nas compras, surpreendendo analistas e ampliando a diversificação de destinos.
Esses dois parceiros já concentram mais de 50% das exportações brasileiras no acumulado do ano, com embarques que se expandiram rapidamente a partir do primeiro semestre. Para o Brasil, esse redirecionamento é estratégico: reduz a dependência de um único comprador e fortalece a posição de negociador no comércio internacional de grãos.
Irã e Egito assumem a liderança nas compras
Se em anos anteriores as exportações brasileiras tinham destinos variados, em 2025 dois mercados se destacaram de forma contundente: Irã e Egito.
Nos dois primeiros meses de 2025, o Irã respondeu por cerca de 34% das importações de milho brasileiro, tornando-se o principal destino. O país, que depende fortemente da importação de grãos para garantir segurança alimentar e abastecer sua indústria de ração, ampliou os embarques para níveis históricos.
O Egito, por sua vez, concentrou aproximadamente 25% das compras no mesmo período. A nação africana é tradicional parceira do Brasil e, diante da demanda crescente por milho para alimentação animal, consolidou-se como segundo maior destino do grão.
Juntos, Irã e Egito absorveram quase 60% das exportações brasileiras de milho no início de 2025, reposicionando o mapa do comércio global do grão e abrindo espaço para novas estratégias comerciais do Brasil.
Fonte: Fas.usda.gov
O peso do milho na balança comercial
As exportações de milho renderam ao Brasil mais de US$ 9 bilhões em 2025 até agosto, consolidando o grão como um dos cinco principais produtos da pauta agrícola.
A importância é tamanha que o milho hoje se equipara a soja, carne bovina, açúcar e café na lista de commodities que garantem superávit ao comércio exterior brasileiro.
Além disso, os números mostram que o Brasil conquistou uma participação global próxima a 30% do mercado de milho, reforçando o status de potência agroalimentar em um mundo marcado por volatilidade climática e disputas comerciais.
Competitividade: clima, logística e câmbio
Três fatores explicam a competitividade do milho brasileiro em 2025:
- Clima favorável — apesar de oscilações regionais, o país registrou condições adequadas para altas produtividades.
- Avanços logísticos — corredores como a Ferrovia Norte-Sul e novos terminais portuários reduziram custos de escoamento e garantiram eficiência nas exportações.
- Taxa de câmbio — o real desvalorizado frente ao dólar aumentou a atratividade do milho brasileiro nos mercados externos, tornando o produto mais competitivo em relação a concorrentes.
A disputa geopolítica do milho
O movimento também tem reflexos geopolíticos. A quebra parcial da safra nos Estados Unidos em 2025 abriu espaço para o Brasil ocupar mercados estratégicos. Analistas apontam que, diante do aumento da demanda global por rações e biocombustíveis, o milho se transformou em ativo de segurança alimentar.
Nesse contexto, a ascensão de dois mercados importadores do Brasil reforça o papel do país como alternativa confiável ao suprimento americano, especialmente em regiões da Ásia e do Oriente Médio que buscam garantir estoques para seus sistemas de produção animal.
Perspectivas para os próximos meses
Até dezembro, a expectativa é de que os embarques brasileiros superem 50 milhões de toneladas, consolidando mais um ano histórico. A diversificação de destinos continuará a ser o foco, com dois mercados mantendo a dianteira, mas com outros países também ampliando compras para reduzir riscos em suas cadeias alimentares.
Segundo especialistas, o Brasil deve investir ainda mais em logística ferroviária e portuária, a fim de consolidar essa liderança. Ao mesmo tempo, questões como sustentabilidade e certificações ambientais devem ganhar peso nas negociações, principalmente com mercados mais exigentes.
O desempenho do milho em 2025 mostra como a agricultura brasileira se tornou protagonista do comércio global. Com mais de 40 milhões de toneladas já exportadas até agosto, o país confirma sua posição como fornecedor de confiança em tempos de instabilidade.
A ascensão de dois mercados importadores ao topo da lista reforça a importância da diversificação e coloca o Brasil em posição estratégica não apenas como exportador, mas como peça central no equilíbrio do suprimento alimentar mundial.