Já foi considerado o rio mais sujo da Europa, mas hoje o Emscher é exemplo mundial de despoluição e recuperação ambiental. Entenda como a Alemanha reverteu um cenário de degradação com investimentos bilionários e décadas de trabalho.
Durante mais de um século, o Emscher foi considerado o rio mais sujo da Europa. Localizado na região do Ruhr, no oeste da Alemanha, era conhecido pelo odor insuportável e pela paisagem devastada pela presença de esgoto e resíduos industriais.
Na virada do século XIX, a situação começou a se agravar com a rápida urbanização e a expansão da indústria pesada.
A população crescia, e doenças como cólera e febre tifoide se espalhavam com facilidade. A água contaminada passou a representar uma grave ameaça à saúde pública.
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Foi nesse contexto que surgiu a Emschergenossenschaft, a primeira associação de gestão hídrica do país.
Ainda assim, em vez de investir em uma rede de esgoto estruturada, optou-se por despejar os dejetos diretamente no leito do rio. Essa decisão transformou o Emscher em um esgoto a céu aberto.
Queda da indústria do carvão abriu caminho para a recuperação
A situação só começou a mudar com o declínio da mineração de carvão nos anos 1980. Com o colapso do setor, autoridades e ambientalistas viram ali uma oportunidade de reverter o quadro.
A Emschergenossenschaft foi novamente protagonista, desta vez propondo uma reestruturação completa.
O plano era ambicioso: construir 436 km de canais de esgoto subterrâneo, quatro grandes estações de tratamento, estações de bombeamento e uma central com 51 km de extensão.
O custo ultrapassou os 5,5 bilhões de euros, equivalente a mais de R$ 35 bilhões.
Décadas depois, o rio se torna exemplo de renascimento ambiental
O resultado de tanto esforço finalmente começou a aparecer nos últimos anos. Desde 2021, o Emscher está completamente livre de efluentes.
A fauna voltou a ocupar o espaço: peixes, camarões e até castores foram avistados nas águas limpas.
Além disso, mais de 130 km de ciclovias foram instaladas ao longo das margens, promovendo o turismo local e aproximando a população da natureza.
Em alguns trechos, a água é tão clara que permite ver o fundo do rio — um contraste absoluto com o cenário que ali predominava décadas atrás.
Um exemplo que contrasta com a realidade da maioria dos rios europeus
Apesar do sucesso do Emscher, o panorama geral ainda é preocupante. Segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, apenas 37% dos corpos d’água superficiais da Europa estão em condições ecológicas consideradas boas ou altas. Em termos de qualidade química, o índice é ainda menor: 29%.
Com as metas ambientais se tornando mais urgentes diante da crise climática, a União Europeia traçou um novo desafio: recuperar 25 mil quilômetros de rios até 2030.
O caso do Emscher mostra que, mesmo os piores cenários, podem ser revertidos com planejamento, investimento e persistência.
Com informações do Olhar Digital.