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Já foi um esgoto a céu aberto, mas hoje abriga peixes e ciclovias: como a Alemanha recuperou o rio mais sujo da Europa com R$ 35 bilhões e 30 anos de trabalho

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 15/07/2025 às 08:14
Entenda como a Alemanha o rio mais sujo da Europa em um exemplo mundial de despoluição e recuperação ambiental. Fonte: Shutterstock
Entenda como a Alemanha o rio mais sujo da Europa em um exemplo mundial de despoluição e recuperação ambiental. Fonte: Shutterstock
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Já foi considerado o rio mais sujo da Europa, mas hoje o Emscher é exemplo mundial de despoluição e recuperação ambiental. Entenda como a Alemanha reverteu um cenário de degradação com investimentos bilionários e décadas de trabalho.

Durante mais de um século, o Emscher foi considerado o rio mais sujo da Europa. Localizado na região do Ruhr, no oeste da Alemanha, era conhecido pelo odor insuportável e pela paisagem devastada pela presença de esgoto e resíduos industriais.

Na virada do século XIX, a situação começou a se agravar com a rápida urbanização e a expansão da indústria pesada.

A população crescia, e doenças como cólera e febre tifoide se espalhavam com facilidade. A água contaminada passou a representar uma grave ameaça à saúde pública.

Foi nesse contexto que surgiu a Emschergenossenschaft, a primeira associação de gestão hídrica do país.

Ainda assim, em vez de investir em uma rede de esgoto estruturada, optou-se por despejar os dejetos diretamente no leito do rio. Essa decisão transformou o Emscher em um esgoto a céu aberto.

Fonte: Canva
Fonte: Canva

Queda da indústria do carvão abriu caminho para a recuperação

A situação só começou a mudar com o declínio da mineração de carvão nos anos 1980. Com o colapso do setor, autoridades e ambientalistas viram ali uma oportunidade de reverter o quadro.

A Emschergenossenschaft foi novamente protagonista, desta vez propondo uma reestruturação completa.

O plano era ambicioso: construir 436 km de canais de esgoto subterrâneo, quatro grandes estações de tratamento, estações de bombeamento e uma central com 51 km de extensão.

O custo ultrapassou os 5,5 bilhões de euros, equivalente a mais de R$ 35 bilhões.

Décadas depois, o rio se torna exemplo de renascimento ambiental

O resultado de tanto esforço finalmente começou a aparecer nos últimos anos. Desde 2021, o Emscher está completamente livre de efluentes.

A fauna voltou a ocupar o espaço: peixes, camarões e até castores foram avistados nas águas limpas.

Além disso, mais de 130 km de ciclovias foram instaladas ao longo das margens, promovendo o turismo local e aproximando a população da natureza.

Em alguns trechos, a água é tão clara que permite ver o fundo do rio — um contraste absoluto com o cenário que ali predominava décadas atrás.

Um exemplo que contrasta com a realidade da maioria dos rios europeus

Apesar do sucesso do Emscher, o panorama geral ainda é preocupante. Segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, apenas 37% dos corpos d’água superficiais da Europa estão em condições ecológicas consideradas boas ou altas. Em termos de qualidade química, o índice é ainda menor: 29%.

Com as metas ambientais se tornando mais urgentes diante da crise climática, a União Europeia traçou um novo desafio: recuperar 25 mil quilômetros de rios até 2030.

O caso do Emscher mostra que, mesmo os piores cenários, podem ser revertidos com planejamento, investimento e persistência.

Com informações do Olhar Digital.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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