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Essa é a verdadeira história do povo de Israel: das origens em canaã à criação do Estado moderno

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/06/2025 às 20:54
Essa é a verdadeira história do povo de Israel
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Uma jornada de três milênios que começa com tribos em Canaã por volta de 1200 a.C., passa por reinos, impérios e pela Diáspora, até a fundação do Estado de Israel em 1948 e o início do conflito com os palestinos.

A verdadeira história do povo de Israel é uma das mais complexas e longas da humanidade, estendendo-se por mais de 3.000 anos. Ela começa na Antiguidade, não com uma invasão estrangeira como narra a Bíblia, mas com o surgimento de um povo com identidade própria a partir das populações que já viviam na terra de Canaã. Essa história é marcada por reinos, exílios, dominação por grandes impérios e uma fé que se reinventou para sobreviver.

Do surgimento do Judaísmo Rabínico após a destruição do Segundo Templo em 70 d.C. à dispersão pelo mundo (Diáspora), a conexão com a terra ancestral foi mantida. No século XIX, o crescimento do antissemitismo na Europa deu origem ao Sionismo, um movimento político que culminou na criação do Estado de Israel em 1948, um evento que deu início ao conflito com os palestinos e que continua a moldar a região até hoje.

As origens em 1200 a.C.: como a arqueologia mudou a verdadeira história do povo de Israel

Por muito tempo, a história das origens de Israel foi contada a partir da narrativa bíblica de uma conquista militar liderada por Josué. No entanto, a arqueologia moderna revela um cenário diferente. O consenso entre os historiadores hoje é que os israelitas surgiram principalmente de dentro da própria população cananeia que já habitava a região.

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Essa conclusão é baseada em várias evidências. Por volta de 1200 a.C., centenas de novas aldeias pequenas surgiram nas terras altas de Canaã, uma região antes pouco povoada. A cultura material encontrada nesses locais, como cerâmicas e ferramentas, mostra uma continuidade com a cultura cananeia, e não uma ruptura.

Uma das descobertas mais importantes é a ausência quase total de ossos de porco nesses assentamentos, uma prática alimentar distinta que se alinha com as futuras leis judaicas e que os diferenciava de seus vizinhos. A prova mais antiga fora da Bíblia é a Estela de Merneptah, uma inscrição egípcia de 1208 a.C. que menciona “Israel” como um povo ou grupo tribal em Canaã, confirmando sua presença na região.

Os reinos da Idade do Ferro: o que a Casa de Davi e a queda de Jerusalém em 586 a.C. revelam

A verdadeira história do povo de Israel é uma das mais complexas e longas da humanidade, estendendo-se por mais de 3.000 anos. Ela começa na Antiguidade, não com uma invasão estrangeira como narra a Bíblia, mas com o surgimento de um povo com identidade própria a partir das populações que já viviam na terra de Canaã. Essa história é marcada por reinos, exílios, dominação por grandes impérios e uma fé que se reinventou para sobreviver.
O Cerco de Jerusalém em quadro de pintor escocês, 1850 – David Roberts

Durante a Idade do Ferro, os israelitas se organizaram em monarquias. A famosa “Monarquia Unida” dos reis Saul, Davi e Salomão ainda é muito debatida, mas a existência de reinos posteriores é um fato histórico comprovado por fontes externas.

Após a divisão, surgiram dois reinos: Israel, ao norte, e Judá, ao sul. O Reino do Norte, com capital em Samaria, era o mais próspero e poderoso. O rei Acabe é mencionado em uma inscrição assíria de 853 a.C. como líder de uma grande força militar. Este reino, no entanto, foi destruído pelos assírios por volta de 720 a.C.

O Reino do Sul, Judá, com capital em Jerusalém, sobreviveu por mais tempo, governado pela dinastia que se originou de Davi. A existência dessa dinastia foi confirmada em 1993 com a descoberta da Estela de Tel Dan, uma pedra de 840 a.C. que menciona a “Casa de Davi”. O fim de Judá veio em 586 a.C., quando o rei babilônico Nabucodonosor II conquistou Jerusalém, destruiu o Templo de Salomão e exilou a elite do reino para a Babilônia.

A destruição do Segundo Templo em 70 d.C. e a reinvenção da fé

A queda de Jerusalém em 586 a.C. deu início a um longo período de dominação estrangeira. Primeiro, sob os persas, que a partir de 539 a.C. permitiram que os judeus exilados na Babilônia retornassem e reconstruíssem seu templo em Jerusalém, inaugurando o Período do Segundo Templo por volta de 516 a.C.

Mais tarde, a região caiu sob o domínio grego e, finalmente, romano, a partir de 63 a.C. A opressão romana levou a duas grandes revoltas. A primeira (66-73 d.C.) culminou na destruição do Segundo Templo em 70 d.C. pelas legiões do general Tito.

Este evento foi um divisor de águas. Sem o Templo, o judaísmo se reinventou, passando de uma religião baseada em sacrifícios para uma fé focada na lei, na oração e no estudo, dando origem ao Judaísmo Rabínico. A segunda grande revolta, a de Bar Kokhba (132-136 d.C.), foi esmagada com extrema violência e resultou na proibição dos judeus de entrarem em Jerusalém.

A Diáspora e o Sionismo: como a perseguição na Europa levou ao movimento de retorno no século XIX

No final do século XIX, o surgimento de um antissemitismo moderno e os violentos pogroms na Rússia convenceram muitos judeus de que a única solução para a perseguição seria ter seu próprio país. Assim nasceu o Sionismo, um movimento político liderado por Theodor Herzl. Em 1897, o Primeiro Congresso Sionista, na Suíça, estabeleceu o objetivo de criar um lar para o povo judeu na Palestina.

Após a derrota para os romanos, a maioria do povo judeu passou a viver fora de sua terra ancestral, na chamada Diáspora. Comunidades se formaram por todo o mundo, como os judeus Asquenazes na Europa e os Sefarditas na Península Ibérica e Norte da África.

A vida na diáspora foi marcada por períodos de tolerância, mas também por perseguições violentas, como os massacres durante as Cruzadas (a partir de 1096) e as expulsões da Inglaterra (1290) e Espanha (1492).

No final do século XIX, o surgimento de um antissemitismo moderno e os violentos pogroms na Rússia convenceram muitos judeus de que a única solução para a perseguição seria ter seu próprio país. Assim nasceu o Sionismo, um movimento político liderado por Theodor Herzl. Em 1897, o Primeiro Congresso Sionista, na Suíça, estabeleceu o objetivo de criar um lar para o povo judeu na Palestina.

1948, o ano da virada: a guerra que marca o início da verdadeira história do povo de Israel como nação

Após a Primeira Guerra Mundial, a Palestina ficou sob o controle da Grã-Bretanha, que em 1917, com a Declaração Balfour, apoiou a criação de um “lar nacional para o povo judeu”. Isso intensificou a imigração judaica e a tensão com a população árabe local. Incapaz de resolver o conflito, a Grã-Bretanha entregou a questão à recém-criada ONU.

Em 29 de novembro de 1947, a ONU aprovou o plano de partilha da Palestina em dois estados, um árabe e um judeu. O plano foi aceito pela liderança judaica, mas rejeitado pelos árabes, o que deu início a uma guerra civil. Em 14 de maio de 1948, com o fim do mandato britânico, David Ben-Gurion declarou a independência do Estado de Israel.

No dia seguinte, cinco nações árabes invadiram o território, começando a Guerra da Independência. A guerra terminou em 1949 com a vitória de Israel. Para os palestinos, este período é conhecido como a Nakba (“catástrofe”), pois mais de 700.000 árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas, dando origem ao problema dos refugiados que perdura até hoje e está no centro da verdadeira história do povo de Israel e do conflito moderno.

A era moderna: as guerras, os acordos e o conflito que continua até hoje

A retaliação de Israel em Gaza, com dezenas de milhares de palestinos mortos, mergulhou a região em uma de suas crises mais severas, definindo o capítulo mais recente da longa e complexa verdadeira história do povo de Israel.

A criação do Estado de Israel em 1948 deu início a uma nova fase, marcada por uma série de guerras, tentativas de paz e um conflito com os palestinos que se estende até os dias atuais.

Guerras e expansão territorial (1967 e 1973): em junho de 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias. Em uma vitória rápida contra Egito, Síria e Jordânia, Israel conquistou a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã, expandindo drasticamente seu território.

Em outubro de 1973, Egito e Síria lançaram um ataque surpresa durante o feriado do Yom Kippur para reaver seus territórios. Israel conseguiu repelir a ofensiva, mantendo o controle das áreas conquistadas em 1967.

Tentativas de paz (1993): o momento de maior esperança para a paz veio em 13 de setembro de 1993, com os Acordos de Oslo. Mediados pelos Estados Unidos, o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, assinaram um acordo histórico na Casa Branca.

Israel reconheceu a OLP e foi criada a Autoridade Palestina, com controle limitado sobre partes da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

A Segunda Intifada e o século XXI (2000 em diante): o otimismo de Oslo se desfez com o assassinato de Yitzhak Rabin em 1995 e o fracasso das negociações de paz subsequentes.

Em setembro de 2000, começou a Segunda Intifada, uma grande revolta palestina que durou até 2005 e foi marcada por extrema violência de ambos os lados. Foi nesse período que Israel iniciou a construção do controverso muro na Cisjordânia.

O século XXI viu o conflito se intensificar, especialmente em Gaza. Após a retirada unilateral de Israel do território em 2005, o grupo Hamas assumiu o controle. A situação culminou no ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 israelenses.

A retaliação de Israel em Gaza, com dezenas de milhares de palestinos mortos, mergulhou a região em uma de suas crises mais severas, definindo o capítulo mais recente da longa e complexa verdadeira história do povo de Israel.

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