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Escassez de mão de obra chega no Nordeste! Trabalhadores recusam carteira assinada com medo de perder o Bolsa Família

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/09/2025 às 18:30
Nordeste enfrenta falta de trabalhadores rurais em 2025, mesmo após mudanças no Bolsa Família, e produção agrícola corre risco.
Nordeste enfrenta falta de trabalhadores rurais em 2025, mesmo após mudanças no Bolsa Família, e produção agrícola corre risco.
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A permanência da escassez de trabalhadores rurais desafia a produção agrícola do Nordeste em 2025, mesmo após mudanças nas regras do Bolsa Família. Produtores enfrentam prejuízos com colheitas atrasadas, enquanto cresce a pressão por soluções do governo.

A falta de trabalhadores para colheitas sazonais persiste no Nordeste em 2025 e ainda pressiona polos agrícolas como o Vale do São Francisco e a cajucultura cearense.

Produtores relatam dificuldade para preencher vagas formais porque parte dos candidatos teme assinar a carteira e perder o Bolsa Família, apesar de regras de transição que preservam parte do benefício quando há aumento de renda por emprego.

Em maio, o governo federal atualizou a Regra de Proteção, que passou a valer em junho de 2025, mas a percepção de risco continua a travar contratações no campo.

Regras do Bolsa Família mudaram em 2025

Desde junho, famílias que ingressarem na Regra de Proteção a partir da folha de julho podem permanecer no programa por 12 meses, recebendo 50% do valor, desde que a renda por pessoa não ultrapasse R$ 706.

Já quem entrou na regra até junho de 2025 mantém as condições anteriores por até 24 meses, com limite de R$ 759 per capita.

Na prática, o vínculo formal não implica corte automático do benefício. Há um período de transição para incentivar a formalização. Essas mudanças constam da Portaria MDS nº 1.084, de 14 de maio de 2025.

Enquanto o desenho institucional evoluiu, relatos do interior nordestino indicam que a adesão ao trabalho com carteira assinada segue aquém do necessário.

No Vale do São Francisco, em Pernambuco e Bahia, produtores de uva e manga descrevem quadros recorrentes de vagas abertas na pré-colheita e na colheita, com desistências de última hora motivadas pelo receio de perder o benefício social.

Em 2024, a situação já havia acendido o alerta.

Em 2025, a pressão permanece.

Cajucultura cearense ainda sofre com falta de temporários

No Ceará, a cajucultura segue dependente de grandes contingentes de trabalhadores temporários entre agosto e novembro.

Antes, entidades do setor estimavam necessidade da ordem de 20 mil pessoas por safra e reportavam dificuldade para alcançar esse volume.

Para 2025, produtores relatam continuidade do gargalo, o que encarece custos, encurta janelas de colheita e pode reduzir a qualidade do produto quando o fruto não é retirado no ponto.

As menções públicas ao problema persistiram ao longo do ano, inclusive em conteúdos jornalísticos que ecoaram o diagnóstico de empresários rurais.

Regra de Proteção gera dúvidas entre trabalhadores

A atualização da Regra de Proteção buscou dar previsibilidade à saída gradual do Bolsa Família em casos de aumento de renda por trabalho formal.

O governo afirma que o objetivo é preservar a rede de proteção sem desestimular a formalização.

Em agosto de 2025, mais de 2,63 milhões de famílias estavam na Regra de Proteção, com benefício médio de R$ 365,81.

Ainda assim, trabalhadores relatam confusão sobre prazos e limites de renda, sobretudo em locais com baixa cobertura de serviços socioassistenciais.

A comunicação pública reforça que o teto de entrada no programa continua em R$ 218 por pessoa.

A Regra de Proteção evita o corte imediato quando a renda sobe por emprego, dentro dos limites definidos.

A partir de 2025, o salário mínimo foi reajustado para R$ 1.518, o que altera referências de cálculo para limites expressos como frações do piso.

Impactos na produção agrícola nordestina

O efeito direto da escassez é a dificuldade para cumprir cronogramas de poda, raleio e colheita.

Em fazendas de uva e manga, atrasos de poucos dias podem comprometer calibres, teor de açúcar e padrão de exportação.

No caju, o fruto fora do ponto perde rendimento industrial e valor de mercado.

A conta final recai sobre pequenos e médios produtores, menos capazes de manter quadros fixos entre safras.

Outra consequência é o avanço da informalidade.

Em municípios nos quais não há convencimento sobre a regra de transição do Bolsa Família, produtores relatam preferência por bicos sem registro.

Isso fragiliza a proteção trabalhista e amplia o risco de autuações.

Renda cresce no Nordeste, mas gargalos continuam

Estudos de 2025 mostram que, em 2024, o Nordeste liderou o crescimento da renda do trabalho no país, com alta de 13%, quase o dobro da média nacional.

O avanço convive com bolsões de baixa qualificação e com a persistência de incentivos à informalidade em mercados sazonais.

A heterogeneidade regional ajuda a entender por que há vagas ociosas em cadeias específicas mesmo em um ambiente de renda em recuperação.

Agro pressiona por soluções

Entidades do agro nordestino defendem soluções operacionais para as safras, como modelos de trabalho temporário formal com comunicação ativa sobre a Regra de Proteção.

Há também quem peça incentivos pontuais ao empregador para custear transporte, alojamento e treinamento rápido de colhedores.

No campo político, propostas de alteração legal do Bolsa Família voltaram ao debate em 2025.

Defensores alegam que seria possível ampliar a previsibilidade da transição entre benefício e CLT.

Próximos desafios nas safras de 2025/26

Além da disponibilidade de gente, a competitividade do Vale do São Francisco depende de custos logísticos, de acesso a mercados e de estabilidade de contratos.

Em 2025, exportadores de frutas do Vale apontaram novos riscos externos e, internamente, reafirmaram o desafio da mão de obra.

Para a cajucultura, a janela entre agosto e novembro continua determinante.

Atrasos de contratação nesse período têm efeito direto no volume e na qualidade da castanha processada.

A atualização das regras do Bolsa Família esclarece que aceitar um emprego formal não implica, por si só, a perda imediata do benefício.

Ainda assim, produtores e gestores municipais dizem que a mensagem precisa chegar com clareza às comunidades rurais.

Se a comunicação avançar e as frentes de contratação forem planejadas com antecedência, a safra 2025/26 poderá oferecer um teste concreto de adesão às novas condições.

Será que o governo federal está pronto para agir e evitar que a crise da mão de obra no Nordeste se intensifique nos próximos meses?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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