Entregador de aplicativo revela ganhos, custos e desafios do trabalho com moto elétrica. Descubra se realmente vale a pena a troca.
Um entregador de aplicativo compartilhou a experiência de mais de um ano utilizando motos elétricas da Voltz em suas rotinas de trabalho. O relato, que cobre todo o ano de 2022, mostra não apenas os ganhos financeiros, mas também os obstáculos de manutenção, desempenho e custos ocultos.
A análise levanta um ponto crucial: será que realmente vale a pena trocar a moto a gasolina por uma moto elétrica para quem depende dela no dia a dia?
A rotina de um entregador de aplicativo com moto elétrica
Durante 2022, o profissional utilizou três modelos diferentes de moto elétrica, adquirida por cerca de R$ 10 mil através de parceria com plano de aluguel de bateria.
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A promessa de economia no combustível parecia vantajosa no início, mas a prática mostrou outra realidade.
Mesmo reconhecendo que o motor elétrico oferece bom torque desde as baixas rotações, a performance ficou aquém do esperado. Com apenas uma bateria, a autonomia não passava de 50 km, o que ele comparou a uma moto de “70 cilindradas”.
Com duas baterias, a distância percorrida subia para 60 a 80 km, equivalente a apenas “dois litros de gasolina”.
Além disso, a moto não suportava rodovias por longos períodos. O motor esquentava rapidamente e comprometia a durabilidade.
Manutenção: o maior problema no trabalho com moto elétrica
O ponto mais crítico apontado foi a manutenção. Segundo o relato, a moto elétrica exige cuidados mais frequentes do que uma moto a gasolina.
A dificuldade é ampliada pela falta de peças de reposição no mercado nacional.
Diversos componentes tiveram que ser adaptados, como freios e parafusos, que apresentavam desgaste precoce.
O guidão, por exemplo, possui fixadores frágeis que podem até causar acidentes.
Outro problema recorrente foi o pós-venda da marca, considerado inexistente.
Oficinas especializadas em motos convencionais não possuem conhecimento técnico para lidar com os modelos elétricos, obrigando o próprio entregador a improvisar soluções.
Custos escondidos: bateria e tempo perdido
Embora a moto elétrica elimine o gasto direto com gasolina, os custos aparecem de outras formas.
Para carregar duas baterias de 4,8 kWh em casa, o gasto médio é de R$ 6, suficiente para rodar entre 60 e 80 km — valor que, segundo o entregador, fica “quase igual ao da gasolina”.
Outro problema é a troca de baterias nas estações, que consome tempo de trabalho e reduz o número de entregas realizadas no dia.
Além disso, as baterias próprias vão perdendo capacidade de carga ao longo do tempo, gerando necessidade de reposição e aumentando o custo final da operação.
Ganhos reais no trabalho com moto elétrica
No balanço final de 2022, o entregador de aplicativo calculou uma média de R$ 2.375 por mês, totalizando aproximadamente R$ 28.500 ao longo do ano.
Apesar de o rendimento garantir sua subsistência, ele concluiu que a moto elétrica não trouxe a economia esperada.
Vale a pena trocar a moto a gasolina pela elétrica?
Para quem depende do veículo como ferramenta de trabalho, a moto elétrica ainda apresenta mais desvantagens do que benefícios.
O custo elevado de manutenção, a escassez de peças e o pós-venda precário superam a economia no combustível.
Apesar disso, o entregador reconhece que prefere continuar utilizando motos elétricas por escolha pessoal.
No entanto, sua recomendação para colegas de profissão é permanecer com modelos a combustão, como CG ou Pop, que oferecem maior confiabilidade e menor custo a longo prazo.
Moto elétrica: futuro promissor, mas ainda distante
A experiência mostra que, embora o conceito de moto elétrica seja atraente para entregadores de aplicativo preocupados com economia e sustentabilidade, a realidade atual do mercado brasileiro ainda apresenta muitos entraves.
A falta de suporte técnico e a baixa durabilidade dos componentes afastam trabalhadores que precisam de confiabilidade acima de tudo.
Enquanto a tecnologia não amadurece e não recebe maior suporte da indústria, a moto a combustão segue sendo a escolha mais viável para quem faz do trabalho sobre duas rodas o seu sustento diário.