Após mais de 10 anos de abandono, o Casarão da Várzea, patrimônio histórico de mais de 100 anos e valor milionário no Recife, será isolado pela Prefeitura e pode voltar a ser símbolo da cidade
Por mais de uma década, o Casarão da Várzea — um dos edifícios históricos mais emblemáticos da Zona Oeste do Recife — permaneceu entregue ao abandono. Suas paredes, antes imponentes, se transformaram em ruínas cobertas por mato e entulho. Latas de cerveja, restos de comida e fragmentos de vidro se acumularam em um cenário de degradação que, por anos, revoltou os moradores da região.
Construído há mais de 100 anos, o casarão é considerado o único exemplar de chalé romântico de influência inglesa com dois pavimentos na cidade, o que o torna um marco arquitetônico raro e de grande valor histórico. Em 2015, o imóvel foi reconhecido oficialmente pela Prefeitura do Recife como Imóvel Especial de Preservação (IEP), categoria que impede sua demolição e exige que o poder público o mantenha preservado.
Apesar disso, nada foi feito durante anos. O imóvel, de propriedade municipal, continuou deteriorando-se sem intervenções.
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A pressão da comunidade e a resposta do poder público
O descaso não passou despercebido. Cansados da insegurança e do aspecto de abandono, moradores da Várzea começaram a cobrar uma postura mais firme da Prefeitura. Os pedidos incluíam limpeza integral do terreno, isolamento da área, instalação de iluminação pública e rondas de vigilância pela Guarda Municipal.
As solicitações foram finalmente atendidas. Após as reivindicações e reportagens que mostraram o estado crítico do local, a Prefeitura do Recife anunciou que nesta terça-feira (15) iniciará a instalação de tapumes em torno do casarão, isolando o terreno para impedir invasões e descarte de lixo.
A medida marca o primeiro passo concreto em anos para proteger o imóvel. Segundo a gestão municipal, as ações fazem parte de uma operação de zeladoria urbana que deve incluir limpeza, roçagem e monitoramento constante do entorno.
O início de uma nova fase
Além do isolamento, a Prefeitura informou que já concluiu o projeto de requalificação do casarão por meio da Conviva Mercados e Feiras, órgão responsável por projetos de revitalização de espaços públicos. A proposta prevê transformar o terreno e as ruínas em um equipamento público multifuncional, com foco em cultura, economia criativa e integração comunitária.
Neste momento, o município está em busca de recursos financeiros para executar a obra. O objetivo é devolver o casarão à cidade como um espaço vivo, capaz de unir preservação histórica e utilidade social.
Para os moradores, a notícia traz um alívio simbólico. Depois de tantos anos de espera, o isolamento do terreno representa não apenas uma medida de segurança, mas a esperança de ver o casarão voltar a brilhar e deixar de ser um retrato do abandono.

Memória e identidade
O Casarão da Várzea é mais do que uma estrutura antiga: ele faz parte da identidade urbana do Recife. Sua arquitetura, inspirada em modelos europeus do início do século XX, é um testemunho de um período em que a Várzea era uma área nobre e arborizada, habitada por famílias tradicionais e por intelectuais.
Preservar o casarão é preservar também a memória dessa fase da cidade. Sua restauração pode transformar uma ferida aberta em um novo ponto de encontro, devolvendo à comunidade um patrimônio que pertence à história de todos os recifenses.
Enquanto o projeto de requalificação não sai do papel, o isolamento e as ações de zeladoria representam um gesto necessário de respeito à memória da cidade, e um lembrete de que o passado pode, sim, voltar a ter futuro.



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