Nesta quarta, 9 de julho, a maior cidade do país desacelera. Mas, nos bastidores, uma complexa operação de antecipação de estoque, reprogramação de rotas e planejamento industrial trabalha no limite. Entenda como.
Nesta quarta-feira, 9 de julho, milhões de paulistas terão um merecido dia de folga para celebrar a data da Revolução Constitucionalista de 1932. O trânsito diminui, os escritórios se esvaziam e a cidade assume um ritmo mais calmo. Mas enquanto a metrópole parece tirar uma pausa, uma operação invisível e frenética de logística entra em seu momento mais crítico.
Você já parou para pensar por que, mesmo com um dia útil a menos, o leite não some do supermercado, o combustível não acaba no posto e sua encomenda online ainda chega no prazo prometido? A resposta está em uma complexa e fascinante engenharia de planejamento que acontece semanas antes de você sequer pensar no feriado. Esta é a história da logística de feriado no Brasil.
O efeito dominó: por que um feriado na quarta-feira é o maior desafio logístico?
Para a gestão da cadeia de suprimentos, um feriado no meio da semana é o cenário mais complexo. Diferente de feriados “emendados” na segunda ou sexta-feira, que criam um fim de semana longo e previsível, uma parada na quarta-feira “quebra” a semana em dois blocos curtos e intensos.
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Isso cria um efeito dominó:
- As entregas que deveriam acontecer na quarta precisam ser adiantadas para a terça ou adiadas para a quinta.
- A quinta-feira se torna um dia de demanda reprimida, com um volume de entregas e coletas quase dobrado.
- Todo o fluxo de transporte, armazenamento e produção precisa ser replanejado para evitar gargalos e rupturas no abastecimento.
A batalha do supermercado: antecipando a demanda
O abastecimento de supermercados no feriado é uma ciência. Dias antes, os analistas das grandes redes varejistas já estão rodando seus softwares de previsão de demanda. Eles sabem que, na véspera do feriado, haverá um pico de compras de certos itens, como carnes para churrasco, bebidas e pães.
Para lidar com isso, a operação é antecipada. Os Centros de Distribuição (CDs) trabalham em ritmo acelerado na segunda e terça-feira para “empurrar” um volume de estoque maior para as lojas. O objetivo é garantir que as gôndolas não apenas estejam cheias para a compra de véspera, mas que também tenham estoque suficiente para suportar a quarta-feira (quando não há recebimento de mercadorias) e a manhã de quinta.
O quebra-cabeça do e-commerce: reprogramando rotas e prazos
Quando você compra um produto online, o prazo de entrega prometido já considera o feriado no cálculo. Os algoritmos das transportadoras e dos marketplaces são ajustados para não contar o dia 9 de julho como um dia útil.
Nos bastidores, as equipes de logística trabalham para otimizar as rotas e maximizar o número de entregas realizadas até a terça-feira. Os centros de triagem e os galpões logísticos, por sua vez, se preparam para um volume massivo de pacotes na quinta-feira, o dia em que o fluxo represado é liberado de uma só vez.
Indústria em ‘stop-and-go’: como as fábricas planejam a interrupção
O impacto do feriado na indústria é igualmente complexo. Para uma linha de montagem, parar e reiniciar tem um custo. Por isso, o planejamento de produção industrial é feito com semanas de antecedência.
Muitas fábricas aproveitam o feriado no meio da semana para realizar manutenções programadas em maquinário pesado, otimizando o tempo de parada. Outras, com processos contínuos (como siderúrgicas ou fábricas de vidro, que não podem desligar seus fornos), precisam operar com escalas especiais de trabalho, o que implica em custos maiores com mão de obra.
As cargas essenciais: a operação que nunca para
Enquanto a maior parte da logística se adapta, uma parte dela não pode parar nunca. O transporte de cargas essenciais, como medicamentos para hospitais, oxigênio, alimentos perecíveis e combustíveis, possui planos de contingência robustos. Essas operações contam com frotas dedicadas, equipes de plantão e, muitas vezes, autorizações especiais para garantir que os serviços vitais para a população não sejam interrompidos em nenhum momento.
Da próxima vez que você aproveitar um feriado, lembre-se: por trás da sua folga, existe um exército de planejadores, analistas, motoristas e operadores trabalhando em dobro para que a sua pausa seja perfeita e para que, no dia seguinte, tudo volte a funcionar como um relógio.
Você já tinha parado para pensar em toda a operação logística por trás de um dia de folga? Qual outro processo “invisível” do dia a dia você tem curiosidade de entender.