Apenas 12% dos estudantes do ensino médio demonstram interesse em seguir carreira na engenharia
A formação de engenheiros no Brasil vive uma fase crítica. Ela é marcada pelo desinteresse dos jovens e por uma carência expressiva de profissionais.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país enfrenta atualmente um déficit de aproximadamente 75 mil engenheiros.
Embora o setor seja essencial para infraestrutura, energia, tecnologia e indústria, os dados mostram que o número de interessados em ingressar nessa área é cada vez menor.
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Pesquisa mostra baixa adesão à carreira
O levantamento realizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) ocorreu em parceria com o Instituto Locomotiva.
A pesquisa ouviu 1.150 estudantes do ensino médio.
O resultado revelou que apenas 12% demonstram interesse em cursar engenharia, o que representa cerca de 2,3 milhões de jovens no Brasil, segundo a PNAD 2024.
Ainda de acordo com a pesquisa, mais de um terço dos entrevistados afirmou sentir insegurança em relação à matemática. Esse fator se mostra decisivo na rejeição das ciências exatas.
Falhas na base educacional ampliam o problema
Conforme o levantamento, 79% dos estudantes acreditam que falhas no ensino básico desmotivam a escolha e a continuidade em cursos de graduação.
Esse dado indica que a dificuldade de aprendizado, sobretudo em disciplinas ligadas a cálculos, influencia diretamente a escolha profissional.
Entre aqueles que pretendem seguir na engenharia, os principais obstáculos apontados foram os altos custos da graduação.
Além disso, o interesse em outras áreas frequentemente supera a opção pelas ciências exatas.
Custos e dificuldades com matemática afastam jovens
A pesquisa também revelou que 22% dos estudantes rejeitam a engenharia devido às dificuldades com matemática.
Apenas 16% dos interessados se dizem muito seguros em relação aos cálculos, mostrando insegurança generalizada com as disciplinas exatas.
Além disso, oito em cada dez entrevistados consideram os cursos de engenharia caros. Esse fator pode resultar em desistência ao longo do processo de formação.
Em números práticos, 23% dos jovens interessados no curso apontam dificuldades financeiras como o principal motivo para abandonar a formação.
Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso e a permanência desses estudantes no ensino superior.
Preferência crescente pelas ciências humanas
Outro ponto de destaque do estudo é a mudança no perfil de escolha dos cursos superiores.
Enquanto 49% dos entrevistados preferem as áreas de humanas, apenas 28% optam por exatas.
Essa tendência mostra que as ciências exatas vêm perdendo espaço para carreiras relacionadas a comunicação, ciências sociais e humanas.
Isso aprofunda o desafio de suprir a demanda de engenheiros no mercado brasileiro.
Ainda segundo os dados, a nota média de segurança em matemática foi de apenas 5,2 em uma escala de 0 a 10.
Esse resultado demonstra claramente o déficit de preparo dos estudantes para enfrentar a graduação em engenharia.
Diante desses resultados, fica evidente que o Brasil enfrenta não apenas um problema de formação, mas também um desafio cultural e educacional.
As empresas e instituições de ensino precisarão unir esforços para atrair e capacitar jovens.
Somente assim será possível garantir a reposição da mão de obra qualificada que o setor exige.
Afinal, como o levantamento destacou, os principais motivos de desinteresse pela engenharia seguem claros; 46% dos estudantes têm preferência por outras áreas. 22% rejeitam devido à matemática. 8% apontam a dificuldade financeira como fator determinante.