Com estrutura flutuante, sistema de rotor duplo e instalação simplificada sem guindastes, a turbina projetada por engenheiros europeus promete transformar a produção de energia eólica no mar e alcançar potência inédita em 2027.
Um engenheiro franco-tunisino desenvolveu um projeto que pode transformar a produção de energia eólica offshore.
A inovação combina uma estrutura flutuante sem ancoragem com um sistema de rotor duplo, capaz de gerar até 30 megawatts por unidade — potência superior à de muitas turbinas convencionais.
Com instalação simplificada e menor impacto ambiental, a tecnologia tem previsão de chegar ao estágio de protótipo piloto em 2027.
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Eficiência energética com rotor duplo e pegada ecológica reduzida
A principal característica do projeto, liderado por Emma Louise Milady, é o uso de dois rotores — um frontal e outro traseiro — que permitem aproveitar melhor a energia cinética do vento. Ao contrário das turbinas tradicionais, que deixam parte do vento passar sem ser utilizada, a configuração dupla captura mais energia e aumenta a eficiência. Estimativas indicam que cada unidade pode alcançar até 30 MW, quase três vezes mais do que muitas turbinas marítimas atuais.
Além do alto desempenho, a proposta prioriza a sustentabilidade. Por ser flutuante e não exigir ancoragem, a estrutura evita danos ao fundo do mar — um problema comum nas turbinas offshore convencionais. Essa característica torna o sistema ideal para áreas marinhas sensíveis ou regiões com alta biodiversidade.
A maior eficiência também permite reduzir o número de turbinas necessárias em um parque eólico, diminuindo a perturbação visual e o impacto sobre a fauna marinha. Assim, a tecnologia visa combinar geração em larga escala com responsabilidade ambiental.
Instalação rápida e sem guindastes em alto-mar
Outro diferencial do projeto está na simplicidade da instalação. As turbinas podem ser transportadas horizontalmente em barcaças e içadas no local de operação apenas com o uso de lastro — como areia —, eliminando a necessidade de guindastes offshore complexos e caros. Esse processo reduz riscos e tempo de implantação.
A estrutura utiliza sistemas de fixação mecânica, como prendedores de estacas, dispensando grandes ferramentas ou soldagem. O design modular facilita a produção em série e permite processos repetíveis, acelerando a construção de parques eólicos.
Além disso, a turbina foi projetada para oferecer alta estabilidade. O formato em “V” da estrutura aumenta a resistência às ondas, e o flutuador especialmente desenvolvido minimiza os movimentos, garantindo operação confiável mesmo em mares agitados. Outro ponto importante é a capacidade da turbina de se alinhar ao vento sem necessidade de motores ou sensores, o que reduz a manutenção e o consumo interno de energia.
Prototipagem e expansão global até 2027
Emma Louise Milady e Olivier Laffitte, cofundadores da Sereo Engineering, trabalham na captação de € 20 milhões para construir o primeiro protótipo funcional e lançar uma turbina piloto até 2027. O investimento também permitirá o registro internacional de patentes, garantindo a proteção da tecnologia e facilitando sua entrada em mercados estratégicos.
O interesse por soluções inovadoras de energia eólica offshore cresce em regiões como a Costa Leste dos Estados Unidos e o Golfo do México, onde planos ambiciosos de expansão já estão em andamento. A Sereo pretende posicionar-se nesses mercados com uma tecnologia mais eficiente, sustentável e competitiva.
O trabalho pioneiro de Emma Louise Milady já recebeu reconhecimento internacional. Ela foi homenageada no Best CEO Awards, em Madri, e a Sereo Engineering passou a integrar a lista das 100 startups mais inovadoras do mundo, segundo especialistas do Vale do Silício.
Com maior eficiência, menor impacto ambiental e instalação simplificada, a turbina flutuante com rotor duplo representa um avanço significativo na geração de energia eólica offshore. Se atingir as metas previstas, a tecnologia poderá inaugurar uma nova era para a produção sustentável em alto-mar a partir de 2027.