Comerciantes e pequenos empresários se tornam alvos de uma modalidade sofisticada de estelionato digital: o golpe do Pix agendado. Criminosos usam comprovantes falsos, cancelam transferências antes da data marcada e driblam até bloqueios imediatos, deixando prejuízos e desconfiança no comércio
Desde que o Pix foi lançado pelo Banco Central, o sistema revolucionou a forma de pagar e receber no Brasil. A agilidade e a gratuidade transformaram o meio de pagamento em um aliado essencial para empreendedores e lojistas. No entanto, essa mesma praticidade também abriu caminho para novas fraudes.
Entre elas, a que mais cresce nos últimos meses é o golpe do Pix agendado, um esquema que afeta diretamente o setor varejista e prestadores de serviços. O criminoso simula o agendamento de uma transferência, mostra um comprovante aparentemente legítimo, recebe o produto ou serviço e, em seguida, cancela a operação antes da data marcada. Resultado: o empresário fica sem o dinheiro e sem o produto.
A informação foi divulgada em um artigo da Cora, que alertou sobre o aumento das fraudes e o impacto financeiro que essa prática tem causado em negócios de todo o país.
-
A humilhação no Supermercado em Brusque (SC): homem tem conta esvaziada e passa vergonha ao não conseguir pagar compras
-
Mulher envia PIX de R$ 5.000 ao ex-marido, mas cai na conta de desconhecida que não responde
-
O material que mudou o destino da humanidade: como o vidro venceu guerras, criou telescópios e fez nascer a era dos chips
-
A Menina superdotada que usou o tempo livre da pandemia para concluir a faculdade aos 12 anos, quebrando recordes e mirando nas estrelas
Como o golpe do Pix agendado funciona na prática
Na maioria dos casos, o golpe é aplicado com aparente naturalidade. O cliente se aproxima, realiza o “pagamento” via Pix agendado e exibe um comprovante manipulado ou cortado, onde a data da transferência foi removida. À primeira vista, o documento parece autêntico, mas a transação só ocorreria no futuro — caso não fosse cancelada logo depois.
Em outros casos, os golpistas usam softwares de edição de imagem para alterar o status do comprovante, trocando o termo “agendado” por “transferido”. Há ainda situações em que eles alegam lentidão no sistema bancário, convencendo o vendedor a liberar a mercadoria mesmo sem confirmar o crédito.
Durante datas de alto movimento, como Dia das Mães, Natal e Dia dos Namorados, o risco aumenta. Isso porque os comerciantes estão mais sobrecarregados e acabam verificando menos detalhes antes de concluir a venda. É nesse cenário que o golpe encontra terreno fértil para acontecer — e causar prejuízos significativos.
Um cheque pré-datado digital: o alerta dos especialistas
Especialistas em segurança digital afirmam que o Pix agendado funciona de forma semelhante a um cheque pré-datado. Ele depende da efetivação futura e pode ser cancelado a qualquer momento antes da execução, o que o torna vulnerável a abusos.
O Banco Central ressalta que o sistema do Pix é seguro, mas a responsabilidade do uso consciente recai sobre o usuário. Por isso, a atenção humana é a principal barreira contra o golpe.
A Cora reforça que, mesmo com o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED) — que permite o bloqueio temporário de valores suspeitos de fraude —, a restituição nem sempre é possível. Quando o criminoso dispersa o dinheiro rapidamente, o banco não consegue recuperar o valor, deixando o empresário sem alternativas.
Cinco medidas práticas para proteger seu negócio
A prevenção é o melhor investimento. A seguir, confira cinco recomendações fundamentais para evitar cair no golpe do Pix agendado e preservar a saúde financeira da sua empresa:
- Confirme o crédito em tempo real — Nunca entregue produtos ou finalize serviços sem verificar se o valor realmente entrou na conta. O extrato é o único comprovante confiável.
- Analise cada comprovante — Verifique se constam data, hora, ID de transação (com 32 caracteres iniciando com a letra “E”), valor e nomes do pagador e recebedor.
- Redobre a atenção em períodos de alta demanda — Em datas comemorativas, reforce a equipe para conferir pagamentos com calma.
- Evite o Pix em vendas futuras ou parceladas — Prefira o cartão de crédito, que garante a compensação pelo banco emissor.
- Escolha bancos com recursos de segurança empresarial — Instituições como a Cora oferecem alertas automáticos de recebimento e ferramentas de verificação instantânea, reduzindo o risco de engano.
Essas práticas simples podem salvar o caixa da empresa e impedir que uma venda aparentemente normal se transforme em uma grande perda.
O impacto invisível: confiança e reputação em jogo
Mais do que o prejuízo financeiro, o golpe do Pix agendado abala a relação de confiança entre vendedor e cliente. Lojistas relatam que, após episódios de fraude, muitos passaram a exigir confirmações adicionais, o que torna o atendimento mais demorado e burocrático.
Além disso, pequenas empresas, que dependem de fluxo de caixa constante, podem sofrer atrasos no pagamento de fornecedores e funcionários devido à perda inesperada de valores.
Por isso, especialistas recomendam treinar equipes de vendas e padronizar o procedimento de conferência dos pagamentos. Assim, o negócio se protege sem perder agilidade no atendimento.
O golpe do Pix agendado é um reflexo direto da evolução das fraudes digitais no Brasil. Embora o sistema Pix continue sendo uma ferramenta segura e eficiente, a vulnerabilidade está no comportamento humano — e na pressa em fechar negócios.
A Cora finaliza o alerta reforçando que a atenção é a principal arma contra os golpistas. Confirmar cada transação, manter-se informado e usar ferramentas de gestão seguras são atitudes que separam um negócio protegido de um que pode perder tudo em questão de segundos.