Departamento de Justiça americano revelou o confisco de 127.271 bitcoins vinculados ao empresário chinês Chen Zhi, acusado de comandar uma organização criminosa transnacional que operava campos de trabalho forçado no Camboja, aplicando golpes em vítimas de todo o mundo.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou na terça-feira (14) a maior apreensão de criptomoedas da história. Foram confiscados 127.271 bitcoins, avaliados em aproximadamente US$ 15 bilhões, superando o recorde anterior de 94 mil bitcoins apreendidos em 2022 no caso de Ilya Lichtenstein e Heather Morgan.
As moedas digitais pertenciam a Chen Zhi, também conhecido como Vincent, empresário chinês de 37 anos, fundador e presidente do Prince Holding Group, um conglomerado multinacional com sede no Camboja. Segundo informações do Departamento de Justiça, os ativos já estão sob custódia do governo americano, aguardando revisão judicial.
Com esse confisco, o governo dos EUA aumentou suas reservas de Bitcoin para mais de US$ 36 bilhões, consolidando-se como um dos maiores detentores individuais da criptomoeda no mundo. A operação ocorreu em coordenação com autoridades internacionais, incluindo o Reino Unido.
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Quem é Chen Zhi e o que é o Prince Group
Chen Zhi fundou o Prince Holding Group em 2015, inicialmente apresentado como uma empresa de investimentos imobiliários e serviços financeiros. No entanto, segundo as autoridades americanas, a organização foi transformada em uma das maiores redes criminosas da Ásia.
O empresário chinês está foragido e enfrenta acusações graves de conspiração para fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, trabalho forçado e tortura. Se capturado e condenado, Zhi pode pegar até 40 anos de prisão.
Paralelamente ao confisco, os EUA declararam o Prince Group como organização criminosa transnacional, impondo sanções contra Chen Zhi e diversos associados. A empresa, que aparentava legitimidade, operava uma estrutura sofisticada de crimes cibernéticos em escala industrial.
De acordo com o Departamento de Justiça, sob o comando de Zhi, o grupo lucrou bilhões de dólares ao operar campos de fraude no Camboja, onde eram realizados golpes de investimento em criptomoedas contra vítimas em diversos países, incluindo o Brasil.
Como funcionavam os campos de trabalho forçado
A acusação mais pesada contra Chen Zhi envolve tráfico humano e tortura. As autoridades americanas apontam que o Prince Group traficava centenas de trabalhadores de diversos países, forçando-os a aplicar golpes contra outras pessoas sob ameaça constante de violência física.
“Os locais tinham dormitórios cercados por muros altos e arame farpado, funcionando como verdadeiros campos de trabalho forçado”, detalhou o Departamento de Justiça em seu comunicado. Chen Zhi é acusado de gerenciar diretamente esses centros de fraude, coordenando as operações criminosas.
Como as pessoas traficadas tinham origens de diversos países, os golpes alcançavam vítimas globalmente devido à variedade de idiomas falados. O esquema possuía até mesmo filiais internacionais, como uma localizada no Brooklyn, em Nova York, também fazendo vítimas nos Estados Unidos.
As autoridades estimam que a rede criminosa causou bilhões de dólares em perdas globais, afetando milhares de pessoas que perderam suas economias acreditando em falsas promessas de investimento.
O golpe do “abate de porco” em criptomoedas
A principal modalidade de fraude aplicada pela organização de Chen Zhi é conhecida como “pig butchering” (abate de porco, em tradução literal). Esse tipo de golpe digital envolve criminosos que criam vínculos de confiança com as vítimas, geralmente por meio de redes sociais ou aplicativos de namoro.
Assim como os porcos são criados por um longo tempo antes de serem abatidos, no esquema de fraude do abate de porcos, os golpistas cultivam relacionamentos prolongados com suas vítimas. Primeiro, conquistam a confiança por meio do que é chamado de “golpe do romance”.
Após estabelecer uma relação aparentemente genuína, os criminosos convencem gradualmente a vítima a investir em plataformas suspeitas de criptomoedas, prometendo retornos astronômicos. Os golpistas demonstram inicialmente alguns lucros fictícios para reforçar a confiança, incentivando depósitos cada vez maiores.
Quando a vítima finalmente tenta retirar o dinheiro, descobre que a plataforma é fraudulenta e que perdeu todo o valor investido. Esse tipo de fraude cresceu e se tornou uma indústria multibilionária, segundo empresas especializadas em análise de blockchain.
Técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro
O Prince Group utilizava métodos avançados para ocultar a origem ilícita dos recursos obtidos com os golpes. Isso incluía influência política através de subornos em vários países, além da abertura de empresas de fachada, cassinos online e operações de mineração de criptomoedas.
“Eles utilizavam técnicas avançadas de lavagem em blockchain, como ‘spraying’ e ‘funneling’, que dividem e recombinam criptomoedas em milhares de endereços para ocultar sua origem”, explicou o Departamento de Justiça. Essas técnicas dificultam o rastreamento das transações, tornando extremamente complexo identificar a fonte do dinheiro.
Com os lucros obtidos ilegalmente, Chen Zhi e seus cúmplices financiavam um estilo de vida luxuoso, incluindo viagens internacionais de primeira classe, iates, jatos particulares, joias caras, propriedades de alto padrão e obras de arte valiosas.
O contraste entre a riqueza ostentada pelos líderes da organização e as condições desumanas enfrentadas pelos trabalhadores forçados evidencia a crueldade do esquema criminoso.
Como os EUA conseguiram confiscar os bitcoins
Embora o governo americano não tenha revelado todos os detalhes da operação, o processo judicial oferece algumas pistas sobre como o confisco foi realizado. Segundo documentos oficiais, “Chen pessoalmente mantinha registros dos endereços de carteiras e das frases-semente associadas às chaves privadas”.
Isso sugere que o governo americano pode ter obtido acesso virtual a esses dados sensíveis, da mesma forma que conseguiu documentos e fotos sobre torturas e espancamentos mencionados em outros trechos do processo. Alguns analistas apontam que os bitcoins estavam parados desde 2020, facilitando o rastreamento.
As criptomoedas estavam armazenadas em carteiras não hospedadas, cujas chaves privadas pertenciam diretamente ao acusado. Atualmente, os fundos permanecem sob custódia do governo dos EUA enquanto aguardam o desfecho do processo judicial.
O Departamento de Justiça confirmou que esta é a maior ação de confisco da história da instituição, demonstrando o compromisso das autoridades americanas no combate a crimes envolvendo criptomoedas e organizações criminosas transnacionais.
O que acontece agora com os bitcoins confiscados
Com Chen Zhi foragido, as autoridades americanas deram início a uma ação civil de confisco para formalizar a posse permanente dos bitcoins apreendidos. O processo foi protocolado no Ministério Público do Distrito Leste de Nova York.
Além das criptomoedas, as autoridades buscam também confiscar outros bens de luxo, incluindo jatos particulares e iates adquiridos com o dinheiro das fraudes. Esses ativos podem ser leiloados posteriormente, com os recursos destinados a fundos governamentais ou compensação de vítimas.
Caso seja capturado, Chen Zhi responderá por múltiplas acusações federais. As penas podem ser cumulativas, totalizando décadas de prisão. A cooperação internacional será fundamental para localizar e prender o empresário chinês.
Este caso representa um marco importante no combate ao crime organizado digital e demonstra que mesmo esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro podem ser rastreados e desmantelados pelas autoridades quando há coordenação internacional e recursos tecnológicos adequados.
E você, já conhecia o golpe do “abate de porco”? Acha que as autoridades conseguirão capturar Chen Zhi? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este alerta para ajudar outras pessoas a se protegerem contra esse tipo de fraude que já fez milhares de vítimas no mundo todo!