Em 2016, gesto raro de humildade e respeito ao consumidor, a empresa japonesa Akagi Nyugyo pediu desculpas publicamente na televisão por reajustar em apenas 10 ienes o preço de seu famoso picolé Garigari-kun, que ficou congelado por 25 anos.
Em 2016, uma empresa japonesa chocou o mundo ao fazer algo impensável em outras culturas empresariais: pedir desculpas na TV por aumentar o preço de um picolé em apenas 10 ienes (cerca de 9 centavos de dólar). O episódio protagonizado pela Akagi Nyugyo, fabricante do popular Garigari-kun, tornou-se um símbolo da ética corporativa do Japão e da relação de respeito extremo entre marcas e consumidores.
O aumento de 60 para 70 ienes foi o primeiro em 25 anos, reflexo direto do encarecimento das matérias-primas e da necessidade de ajustar a operação. Mesmo assim, a empresa optou por veicular um comercial de 60 segundos, onde executivos e funcionários aparecem fazendo uma profunda reverência, em sinal de arrependimento pelo reajuste.
O pedido de desculpas que virou símbolo nacional
O vídeo exibido em rede nacional mostrava o presidente e o conselho da Akagi Nyugyo, lado a lado, realizando o tradicional gesto japonês de pedido de perdão, enquanto a legenda dizia: “Aguentamos por 25 anos, mas… 60 → 70”. A simplicidade e sinceridade da mensagem transformaram o anúncio em um fenômeno.
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A reação do público foi de surpresa e admiração. Em vez de críticas, os consumidores elogiaram a honestidade da empresa, considerando o gesto uma demonstração de integridade e empatia em um momento em que os aumentos de preços eram socialmente delicados.
O vídeo rapidamente se tornou viral nas redes sociais japonesas e foi amplamente noticiado no exterior como exemplo de sensibilidade cultural.
O contexto econômico por trás do pedido
Durante décadas, o Japão viveu sob o impacto da deflação uma situação em que os preços permanecem estáveis ou até caem ao longo do tempo.
Em meio a esse cenário, reajustes eram vistos com desconfiança e, muitas vezes, interpretados como desrespeito ao consumidor.
Manter o preço de um produto popular por 25 anos tornou-se, portanto, um ato de fidelidade e estabilidade, especialmente para uma marca tão presente na vida cotidiana dos japoneses.
O aumento de 10 ienes representou um reajuste de cerca de 17,5%, pequeno em termos absolutos, mas simbólico dentro da cultura local.
Para a Akagi Nyugyo, o pedido de desculpas não era apenas uma formalidade, mas uma forma de reafirmar o compromisso com a confiança e a transparência, valores profundamente enraizados no comportamento corporativo japonês.
Uma lição de cultura empresarial e empatia
O caso do Garigari-kun ilustra como o Japão enxerga a relação entre empresa e sociedade como um laço de responsabilidade mútua.
Pedir desculpas por uma decisão econômica, ainda que justa, é uma maneira de demonstrar respeito e consideração pelos consumidores, reconhecendo o impacto emocional que pequenas mudanças podem ter em um público habituado à estabilidade.
Para os japoneses, a sinceridade pública é uma virtude maior do que o lucro imediato. Esse gesto da Akagi Nyugyo também reforça a importância de manter o equilíbrio entre negócios e valores humanos um princípio que diferencia a cultura corporativa do país e inspira companhias no mundo todo.
A mudança de postura com o tempo
Quase uma década depois, a empresa adotou um tom mais leve em sua comunicação.
Em 2024, ao anunciar um novo aumento, a Akagi Nyugyo optou por uma campanha bem-humorada, refletindo uma transformação gradual na percepção da sociedade japonesa sobre a inflação e o consumo.
Ainda assim, a lembrança do pedido de desculpas de 2016 continua viva como um marco de humildade e ética empresarial.
O episódio do Garigari-kun segue sendo estudado em escolas de negócios e citado como exemplo de como pequenos gestos podem consolidar uma reputação corporativa.
Mesmo com o fim da deflação e a mudança no comportamento do mercado, a atitude da Akagi Nyugyo permanece como um lembrete de que, para o público japonês, a confiança vale mais do que o preço.
Você acha que empresas de outros países deveriam agir com a mesma transparência da cultura japonesa? Ou acredita que esse tipo de gesto não teria o mesmo efeito fora do Japão? Deixe sua opinião nos comentários queremos saber como você enxerga essa forma de respeito ao consumidor.