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Empresa japonesa imprime casa de terra que elimina cimento, evita entulho e funciona com energia limpa

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/07/2025 às 10:05
casa
Foto: Reprodução
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Casa japonesa de 100 m² feita com terra, cal e fibras naturais aposta na impressão 3D e tecnologia autônoma para reduzir impactos ambientais.

Uma casa diferente de tudo o que se vê nos centros urbanos está chamando atenção no Japão. Ela não tem cimento, não gera entulho ao ser desmontada e ainda pode ser controlada por um celular.

A Lib Earth House Modelo B, construída em Yamaga, província de Kumamoto, combina alta tecnologia com materiais naturais e reaproveitáveis.

Com 100 metros quadrados, o projeto representa uma tentativa ousada de transformar a maneira como o mundo constrói moradias.

Impressão com terra no lugar do concreto

O mais importante é que a estrutura da casa não utiliza concreto. A construção foi feita com uma mistura de terra, cal e fibras naturais. Isso elimina o uso de cimento, um dos grandes responsáveis pela emissão de CO₂ no setor da construção civil.

O processo de montagem começa com uma impressora 3D, que deposita camadas do composto até formar as paredes. Em seguida, profissionais instalam portas, vidros, teto e outros acabamentos.

Essa técnica permite rapidez na execução e gera pouco desperdício.

Além disso, a casa adquire uma estética peculiar, com marcas visíveis da impressão nas paredes, o que dá um aspecto moderno e artesanal ao mesmo tempo.

Tecnologia para autonomia e conforto

Além dos materiais ecológicos, a Lib Earth House impressiona pela tecnologia embarcada. Painéis solares garantem a energia necessária, que é armazenada em um sistema Tesla Powerwall. Com isso, a casa funciona de forma autônoma e eficiente.

A operação interna é controlada por celular. O morador pode acionar luzes, ar-condicionado e até mesmo o banheiro por meio de um aplicativo.

Sensores instalados no interior monitoram umidade, isolamento e resistência, permitindo que os dados sejam usados para melhorar futuras versões da casa.

Retorno ao solo no fim da vida útil

Outro ponto que chama atenção é a capacidade da casa de retornar ao ambiente de forma segura. Isso acontece porque a mistura de terra, cal e fibras é biodegradável.

Portanto, quando a casa chega ao fim de sua vida útil, seus componentes podem ser reintegrados ao solo sem causar impacto.

Essa característica coloca o projeto em sintonia com os princípios da economia circular. A ideia é que o ciclo se feche com o menor número possível de resíduos, aproveitando o que a natureza já oferece de maneira responsável.

Projeto japonês com ambição global

O modelo foi desenvolvido pela empresa japonesa Lib Work, com apoio da empresa de engenharia Arup e da fabricante italiana de impressoras WASP. Juntas, elas criaram o material ideal para suportar o peso da casa e resistir às condições climáticas locais.

A Lib Work pretende construir 10.000 unidades até 2040. O plano é automatizar toda a cadeia de produção, desde a impressão até os acabamentos.

Com isso, a empresa espera baixar custos, reduzir o tempo de construção e levar o projeto para outros países.

Tendência internacional em moradias 3D

Embora esse modelo use terra como base, a construção de casas com impressão 3D já vem ganhando espaço em várias partes do mundo. Na Itália, por exemplo, a WASP criou a Casa TECLA, com solo local.

Já no México e na Colômbia, organizações como ICON e New Story estão desenvolvendo projetos sociais com concreto impresso em 3D.

A Lib Earth House, no entanto, dá um passo além ao excluir o concreto da equação. Isso amplia os benefícios ambientais e reforça o conceito de construção regenerativa, onde o impacto da obra é quase nulo e os materiais retornam à natureza.

Alinhamento com metas climáticas

Esse tipo de construção está em linha com diretrizes globais que visam reduzir emissões. A Estratégia Japonesa de Crescimento Verde e o Acordo Verde Europeu são exemplos de políticas públicas que incentivam o uso de alternativas ecológicas no setor.

Hoje, a construção civil responde por cerca de 37% das emissões de CO₂ no mundo. Portanto, adotar práticas que envolvam materiais locais e biodegradáveis pode representar um avanço importante rumo a um futuro com menor impacto ambiental.

Potencial de impacto social e ambiental

O projeto apresenta diversos benefícios. A eliminação do cimento reduz drasticamente as emissões. O uso de terra local movimenta a economia regional.

A casa ainda pode se decompor naturalmente, evitando entulhos. Com automação total, há a expectativa de tornar esse modelo acessível, inclusive em programas de moradia popular.

Outro ponto relevante é a capacidade de resposta a desastres naturais. Como as casas são leves e rápidas de construir, elas podem ser úteis em situações de emergência climática, principalmente em regiões rurais ou isoladas.

Portanto, a Lib Earth House não é apenas uma inovação tecnológica. Ela mostra que é possível repensar a arquitetura com foco na sustentabilidade, na eficiência e na integração com o meio ambiente.

A terra, um dos materiais mais antigos da humanidade, volta a ter papel de destaque no futuro da habitação.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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