Casa japonesa de 100 m² feita com terra, cal e fibras naturais aposta na impressão 3D e tecnologia autônoma para reduzir impactos ambientais.
Uma casa diferente de tudo o que se vê nos centros urbanos está chamando atenção no Japão. Ela não tem cimento, não gera entulho ao ser desmontada e ainda pode ser controlada por um celular.
A Lib Earth House Modelo B, construída em Yamaga, província de Kumamoto, combina alta tecnologia com materiais naturais e reaproveitáveis.
Com 100 metros quadrados, o projeto representa uma tentativa ousada de transformar a maneira como o mundo constrói moradias.
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Impressão com terra no lugar do concreto
O mais importante é que a estrutura da casa não utiliza concreto. A construção foi feita com uma mistura de terra, cal e fibras naturais. Isso elimina o uso de cimento, um dos grandes responsáveis pela emissão de CO₂ no setor da construção civil.
O processo de montagem começa com uma impressora 3D, que deposita camadas do composto até formar as paredes. Em seguida, profissionais instalam portas, vidros, teto e outros acabamentos.
Essa técnica permite rapidez na execução e gera pouco desperdício.
Além disso, a casa adquire uma estética peculiar, com marcas visíveis da impressão nas paredes, o que dá um aspecto moderno e artesanal ao mesmo tempo.
Tecnologia para autonomia e conforto
Além dos materiais ecológicos, a Lib Earth House impressiona pela tecnologia embarcada. Painéis solares garantem a energia necessária, que é armazenada em um sistema Tesla Powerwall. Com isso, a casa funciona de forma autônoma e eficiente.
A operação interna é controlada por celular. O morador pode acionar luzes, ar-condicionado e até mesmo o banheiro por meio de um aplicativo.
Sensores instalados no interior monitoram umidade, isolamento e resistência, permitindo que os dados sejam usados para melhorar futuras versões da casa.
Retorno ao solo no fim da vida útil
Outro ponto que chama atenção é a capacidade da casa de retornar ao ambiente de forma segura. Isso acontece porque a mistura de terra, cal e fibras é biodegradável.
Portanto, quando a casa chega ao fim de sua vida útil, seus componentes podem ser reintegrados ao solo sem causar impacto.
Essa característica coloca o projeto em sintonia com os princípios da economia circular. A ideia é que o ciclo se feche com o menor número possível de resíduos, aproveitando o que a natureza já oferece de maneira responsável.
Projeto japonês com ambição global
O modelo foi desenvolvido pela empresa japonesa Lib Work, com apoio da empresa de engenharia Arup e da fabricante italiana de impressoras WASP. Juntas, elas criaram o material ideal para suportar o peso da casa e resistir às condições climáticas locais.
A Lib Work pretende construir 10.000 unidades até 2040. O plano é automatizar toda a cadeia de produção, desde a impressão até os acabamentos.
Com isso, a empresa espera baixar custos, reduzir o tempo de construção e levar o projeto para outros países.
Tendência internacional em moradias 3D
Embora esse modelo use terra como base, a construção de casas com impressão 3D já vem ganhando espaço em várias partes do mundo. Na Itália, por exemplo, a WASP criou a Casa TECLA, com solo local.
Já no México e na Colômbia, organizações como ICON e New Story estão desenvolvendo projetos sociais com concreto impresso em 3D.
A Lib Earth House, no entanto, dá um passo além ao excluir o concreto da equação. Isso amplia os benefícios ambientais e reforça o conceito de construção regenerativa, onde o impacto da obra é quase nulo e os materiais retornam à natureza.
Alinhamento com metas climáticas
Esse tipo de construção está em linha com diretrizes globais que visam reduzir emissões. A Estratégia Japonesa de Crescimento Verde e o Acordo Verde Europeu são exemplos de políticas públicas que incentivam o uso de alternativas ecológicas no setor.
Hoje, a construção civil responde por cerca de 37% das emissões de CO₂ no mundo. Portanto, adotar práticas que envolvam materiais locais e biodegradáveis pode representar um avanço importante rumo a um futuro com menor impacto ambiental.
Potencial de impacto social e ambiental
O projeto apresenta diversos benefícios. A eliminação do cimento reduz drasticamente as emissões. O uso de terra local movimenta a economia regional.
A casa ainda pode se decompor naturalmente, evitando entulhos. Com automação total, há a expectativa de tornar esse modelo acessível, inclusive em programas de moradia popular.
Outro ponto relevante é a capacidade de resposta a desastres naturais. Como as casas são leves e rápidas de construir, elas podem ser úteis em situações de emergência climática, principalmente em regiões rurais ou isoladas.
Portanto, a Lib Earth House não é apenas uma inovação tecnológica. Ela mostra que é possível repensar a arquitetura com foco na sustentabilidade, na eficiência e na integração com o meio ambiente.
A terra, um dos materiais mais antigos da humanidade, volta a ter papel de destaque no futuro da habitação.