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Para impedir a extinção da banana, Embrapa aposta em variedades resistentes e cria nova estratégia contra a murcha de Fusarium

Publicado em 01/09/2025 às 14:31
A Embrapa desenvolveu cultivares resistentes para proteger a banana da extinção causada pela murcha de Fusarium. Conheça os detalhes da pesquisa, os riscos da doença e como o Brasil se prepara para enfrentar essa ameaça. Fonte: Inteligência Artificial
A Embrapa desenvolveu cultivares resistentes para proteger a banana da extinção causada pela murcha de Fusarium. Conheça os detalhes da pesquisa, os riscos da doença e como o Brasil se prepara para enfrentar essa ameaça. Fonte: Inteligência Artificial
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A Embrapa desenvolveu cultivares resistentes para proteger a banana da extinção causada pela murcha de Fusarium. Conheça os detalhes da pesquisa, os riscos da doença e como o Brasil se prepara para enfrentar essa ameaça.

A banana, uma das frutas mais consumidas no mundo e símbolo da alimentação cotidiana dos brasileiros, enfrenta um risco real de extinção comercial. O perigo vem da murcha de Fusarium, doença capaz de devastar plantações inteiras em poucos anos. O desafio é tão grande que o pesquisador Edson Perito, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), descreve a luta contra o fungo como “lutar com um tanque de guerra”. A gravidade está no poder de permanência do microrganismo, que continua ativo no solo por até 50 anos.

O que é a murcha de Fusarium e como atua?

Antes chamada de mal do Panamá, a murcha de Fusarium é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense.

O patógeno se espalha pelo solo e pela água, e seu mecanismo de sobrevivência ocorre através da formação de estruturas resistentes chamadas clamidósporos.

extinção da banana; pesquisa embrapa
Fonte: Canva

Essa capacidade permite que o fungo “hiberne” e permaneça no ambiente mesmo sem a presença de bananeiras.

Atualmente, os especialistas dividem a doença em três tipos principais: a raça 1, a raça 4 subtropical e a raça 4 tropical.

Entre elas, a mais agressiva é a tropical, já registrada em países da América Latina, como Colômbia, Peru e Venezuela.

Extinção da banana: A situação do Brasil 

No Brasil, a raça 1 já provocou grandes prejuízos. Ela foi a principal responsável pela queda drástica na produção da banana-maçã, considerada extremamente suscetível.

As bananas do tipo prata, por outro lado, apresentaram mais resistência, enquanto as nanicas conseguiram se manter produtivas, ainda que sob risco.

Também já existe a presença da raça 4 subtropical em território nacional, especialmente em regiões do Sul e Sudeste.

No entanto, sua ação costuma ser limitada, já que depende de baixas temperaturas para se manifestar de forma intensa.

O maior temor está na entrada da raça 4 tropical. Ainda não há casos confirmados no Brasil, mas especialistas acreditam que é apenas uma questão de tempo.

Como explica Perito, a disseminação pode ocorrer de maneira simples, até mesmo pelo solado de um sapato.

Estratégia da Embrapa

Para evitar uma catástrofe na bananicultura brasileira, a Embrapa decidiu apostar em um caminho considerado mais seguro: o melhoramento genético.

Desde 2022, testes vêm sendo realizados na Colômbia em parceria com a AgroSavia, a Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária, e com a Associação de Bananeros da Colômbia (Augura).

extinção da banana; pesquisa embrapa
Fonte: AgroSavia

Os experimentos mostraram que as variedades BRS Princesa, BRS Platina e BRS Gerais resistiram ao ataque da raça 4 tropical. Menos de 1% das plantas dessas cultivares apresentou sintomas da doença, resultado que classificou as três como resistentes.

Com esse avanço, Perito reforça que a fruta não desaparecerá:

“O que a gente pode dizer a partir disso é que não, a banana não vai ser extinta com a raça 4 tropical de Fusarium. A Embrapa está colaborando com a produção de banana mundial, não só brasileira, desenvolvendo cultivares que são resistentes a essa doença”.

BRS Princesa: resistência e mercado consolidado

Entre as variedades apresentadas pela Embrapa, a BRS Princesa é uma das mais promissoras.

Essa cultivar de banana-maçã se tornou a primeira de seu tipo a apresentar resistência não só à raça 4 tropical, mas também à raça 1, responsável por dizimar plantações dessa fruta no país.

Nos últimos anos, a Princesa conquistou espaço significativo no mercado.

De acordo com informações de técnicos da Ceagesp, quase 100% das bananas-maçã comercializadas atualmente em São Paulo já pertencem a essa cultivar. A aceitação tanto por produtores quanto por consumidores é considerada alta.

BRS Platina: presença forte no segmento prata

Outra aposta da Embrapa é a BRS Platina, uma cultivar de banana-prata, o tipo mais plantado e consumido no Brasil.

Atualmente, cerca de 50% dos 456 mil hectares de banana cultivados no país correspondem a esse grupo.

Apesar da resistência comprovada ao Fusarium, a Platina ainda enfrenta alguns entraves comerciais.

Seu tempo de amadurecimento nas prateleiras é mais longo, o que a torna menos competitiva em relação à Prata-Anã, preferida pelo mercado.

Mesmo assim, representa uma alternativa segura e viável para enfrentar a ameaça da doença.

BRS Gerais: a novidade programada para 2026

A terceira variedade resistente é a BRS Gerais, considerada uma evolução da Platina.

Essa cultivar foi desenvolvida para se aproximar ainda mais da tradicional Prata-Anã, tanto no sabor quanto no aroma e na vida de prateleira.

Embora ainda não esteja disponível para comercialização, seu lançamento oficial já está previsto para 2026.

O registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária foi concluído recentemente, consolidando a expectativa de que a Gerais se torne uma das principais armas do Brasil contra a murcha de Fusarium.

A Embrapa iniciou estudos para desenvolver variedades resistentes da banana-nanica, responsável por grande parte das exportações brasileiras.

Os primeiros resultados são animadores e, em breve, poderão surgir novas opções de cultivo com alta resistência à doença.

Se confirmada a eficácia, essa inovação garantirá ao Brasil não apenas a continuidade da produção interna, mas também a manutenção de sua competitividade no comércio internacional de frutas.

Resistência a outras doenças

Além da tolerância às diferentes raças do Fusarium, as três cultivares apresentadas pela Embrapa demonstraram resistência ao fungo causador da Sigatoka-amarela.

Essa doença exige uso intenso de fungicidas no manejo convencional, mas com as novas variedades, a necessidade de defensivos cai significativamente.

Segundo Perito, essa característica reforça o caráter sustentável da pesquisa, já que reduz os custos de produção e diminui os impactos ambientais.

A descoberta oferece alternativas viáveis para produtores nacionais e internacionais e fortalece a segurança alimentar.

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Andriely Medeiros de Araújo

Ensino superior em andamento. Escreve sobre Petróleo, Gás, Energia e temas relacionados para o CPG — Click Petróleo e Gás.

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