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Em derrota histórica para a BYD, o governo brasileiro rejeita pedido de isenção e atende pressão de Toyota, Stellantis, GM e VW, antecipando imposto total sobre elétricos

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 31/07/2025 às 17:20
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Com aval do governo, Toyota, Fiat, Volkswagen e GM barram isenção para BYD. Imposto cheio sobre elétricos em CKD será cobrado já em 2027, um ano e meio antes do previsto

A disputa por espaço no mercado brasileiro de veículos elétricos acaba de ganhar um novo capítulo — e com impacto direto sobre os planos da BYD. O governo federal decidiu antecipar para janeiro de 2027 a cobrança total do imposto de importação (35%) sobre carros híbridos e elétricos montados no Brasil em regime CKD e SKD. A decisão foi oficializada nesta quarta-feira (30), durante uma reunião extraordinária do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e representa uma derrota estratégica para a montadora chinesa, que vinha buscando incentivos fiscais para manter sua vantagem competitiva.

Com a nova regra, os kits CKD (completamente desmontados) e SKD (semidesmontados) perdem o benefício de alíquotas reduzidas, que hoje variam entre 16% e 18%, e passam a pagar o mesmo imposto aplicado a veículos prontos importados. A medida, que seria aplicada apenas em meados de 2028, foi adiantada em um ano e meio, dificultando os planos da BYD e beneficiando, ao menos parcialmente, fabricantes como Volkswagen, GM, Toyota e Stellantis — que se posicionaram publicamente contra a proposta da chinesa.

Em nota oficial, a Camex justificou a decisão como parte de um esforço para “adequar a política tarifária aos investimentos esperados no setor automotivo nacional”. Ao mesmo tempo, o governo abriu uma exceção temporária: durante os próximos seis meses, estará liberada uma cota de importação com isenção total de impostos para veículos em kits CKD e SKD, limitada a US$ 463 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões).

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O embate entre BYD e a velha guarda da indústria

Nos bastidores, o cenário é de embate direto. Em fevereiro, a BYD havia solicitado ao governo uma redução significativa nas tarifas de importação para os dois regimes de montagem: de 18% para 5% no caso do SKD e de 20% para 10% no CKD. O argumento da empresa era claro: garantir viabilidade para seguir montando veículos elétricos no país a preços competitivos.

A resposta veio em forma de pressão. Montadoras tradicionais enviaram uma carta aberta ao presidente Lula criticando duramente a solicitação da rival chinesa. O grupo, formado por GM, Toyota, Stellantis e Volkswagen, alegou que a redução comprometeria empregos, investimentos já feitos no Brasil e enfraqueceria a cadeia produtiva nacional. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) classificou a proposta como um “retrocesso” e disse que a medida poderia consolidar um modelo de produção com pouca nacionalização.

Do outro lado, a BYD reagiu com firmeza. Em nota, afirmou que está sendo atacada por marcas “obsoletas” que não conseguem acompanhar sua proposta tecnológica e sustentável. A montadora alegou que seus veículos, mesmo com impostos elevados, são mais baratos e avançados que os da concorrência — graças à centralização produtiva na China e ao apoio de subsídios do governo chinês.

O que está em jogo com o fim da vantagem tributária

A mudança no calendário de impostos muda completamente a estratégia de quem apostava na montagem local por meio de kits desmontados. Até agora, os carros elétricos e híbridos montados no Brasil a partir de CKD e SKD tinham vantagem tributária significativa em relação aos modelos totalmente prontos trazidos do exterior, justamente porque geravam, ainda que minimamente, empregos e movimentavam a cadeia logística nacional.

No entanto, o governo tem um argumento forte para defender o novo modelo tarifário. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, “essa medida estimula a instalação de fábricas completas no Brasil, como já aconteceu com a GWM em Iracemápolis e com a própria BYD em Camaçari”. Para o governo, apenas a montagem superficial dos kits não garante nacionalização real: não envolve produção de motores, uso de aço brasileiro ou compra de insumos locais como pneus e borracha.

A decisão, portanto, busca pressionar as montadoras — incluindo a própria BYD — a assumirem compromissos mais profundos com a industrialização local, indo além da simples montagem dos carros.

Duas visões opostas de futuro

A disputa reflete dois modelos de inserção da indústria automotiva no Brasil. De um lado, empresas como Stellantis e GM defendem a produção nacional com alto grau de nacionalização como forma de preservar empregos e tecnologia dentro do país. De outro, montadoras como a BYD argumentam que sua proposta tecnológica, ainda que baseada em importação, entrega ao consumidor um carro mais moderno e acessível.

Na prática, todas as montadoras — inclusive aquelas que criticaram a BYD — importam componentes essenciais de seus modelos eletrificados. Mesmo a Toyota, única a produzir híbridos completos no país, ainda depende de peças vindas do Japão. A BMW fabrica o X5 PHEV em Santa Catarina, mas também com partes do exterior. E as próprias rivais que assinaram a carta contra a BYD vêm investindo na importação de carros elétricos da China.

A guerra declarada está longe do fim. Por ora, o governo optou por endurecer o jogo, defendendo a indústria instalada no Brasil e forçando montadoras estrangeiras a investirem mais do que simples linhas de montagem. O que virá nos próximos capítulos dependerá não apenas da reação da BYD, mas também da capacidade do país de oferecer um ambiente de produção competitivo para o carro do futuro.

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Ilson
Ilson
01/08/2025 07:48

Acabei de comprar um BYD KING GS. TOP, TOP. Fiz **** drive em vários. Carro maravilhoso. Não existe montadora nacional. Todas são exploradoras internacionais. Só que a BYD entrega muito mais. Ficaram para trás, se vira. Foram chorar ao governo. Democracia, lei da oferta e da procura? Não. Querem continuar fazendo carroça CARA para brasileiro.

Antonio
Antonio
31/07/2025 21:25

Perfeito, o governo tem que defender a indústria nacional, que gera milhares de empregos direitos e indiretos. Parabéns ao governo.

Nando cunha
Nando cunha
Em resposta a  Antonio
31/07/2025 22:51

Puxa saco das elites ,essas montadoras aki,fora byd e gwm.. tds querem eh lascar a nós consumidores com produtos furrecas com híbridos piores q.carroças viu e preços exorbitantes como sempre..fica aí seu abobslhado puxando se seu abobalhado puxando saco..abcs

Márcio
Márcio
31/07/2025 21:11

Chineses estavam usando o Brasil trazendo tudo pronto, agora vão ter que produzir no país.

Nando cunha
Nando cunha
Em resposta a  Márcio
31/07/2025 22:58

Só até montarem suas fabricas kkkk quero q.vc d outros se explidam viva a CHINA Q.NOS TRAGAM MUITO MAIS VIVA BYD XIAOMI E HUAWEI E OUTRAS …KKKKK aCabou era dos pilastra picaretas dos lucros fantatiscos q.so aki eles acham ACABOU VIVA A CHINA …..

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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