Em 1980, cansada da insistência de colecionadores e entusiastas, uma mulher tomou uma decisão inusitada: guardou seu Mustang 66 na garagem e não o usou por quase três décadas. O carro, uma relíquia do automobilismo americano, permaneceu preservado no tempo e hoje chama atenção por sua história incomum e estado de conservação.
Uma mulher dirigia um dos carros mais cobiçados dos anos 1960 como veículo do dia a dia. Mas, em 1980, cansada da insistência de compradores, decidiu estacioná-lo. E assim ele ficou, por quase 30 anos. O Shelby Mustang GT350H 1966 não é um carro comum. Ele surgiu de uma parceria entre a Ford e a Shelby American, criada para transformar o Mustang em um carro de alto desempenho.
Foi uma resposta direta à crescente demanda por veículos mais potentes e esportivos.
Na época, a locadora firmou um contrato para adquirir mil unidades do modelo. Por 17 dólares por dia e 17 centavos por quilômetro, qualquer pessoa com mais de 25 anos podia alugar um Shelby Mustang.
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Esses carros, depois de passarem pelo serviço de aluguel, voltavam para a Ford, onde eram revisados e vendidos ao público.
Foi assim que o americano Andy Vann comprou seu GT350H, em 1967. Ele estava namorando Mary Ann, hoje sua esposa, e o carro virou parte da história dos dois.
Ela passou a usá-lo diariamente. Durante algum tempo, foi apenas isso: um carro potente, sim, mas de uso cotidiano.
Assédio de compradores
Com o tempo, o valor histórico e a raridade do modelo começaram a chamar atenção. Colecionadores e fãs de carros antigos começaram a fazer ofertas.
Muitos eram insistentes. Um deles chegou a seguir Mary Ann até sua casa para tentar convencê-la a vender.
O casal resistiu a todas as propostas. Mas a insistência alheia incomodou tanto que decidiram guardar o carro. Em 1980, o GT350H foi estacionado. E ficou ali, coberto de poeira, longe dos olhos curiosos.
Retorno às ruas em 2009
O Shelby ficou parado por quase três décadas. Em 2009, com o carro completando 45 anos, os Vann decidiram trazê-lo de volta à vida.
Colocaram o Mustang em funcionamento e o levaram para um encontro de carros clássicos.
O carro ainda estava coberto pela poeira acumulada ao longo dos anos. Apenas três áreas limpas no para-brisa e na janela traseira mostravam que ele havia sido movimentado.
Andy fez questão de dirigir o carro dentro e fora do trailer. Um gesto simbólico que ele repetiu em 2024, durante o 60º aniversário do Mustang.
História intacta
Apesar de ser um carro com passado em uma locadora, esse Shelby em particular foi muito bem conservado.
Andy nunca o usou em corridas, apesar de ter histórico como piloto e construtor de carros de competição.
Quando comprou o carro, ele tinha pouco mais de 14.500 km. Hoje, o hodômetro marca 94 mil km. No entanto, a quilometragem real é bem maior: quase 255 mil km.
O carro se mostrou extremamente confiável. “Ele nunca usou um quarto de óleo entre as trocas de óleo – o único carro que já tive que não usava óleo”, disse Andy.
Raridade e desempenho
Dos mil exemplares do GT350H produzidos, apenas 86 saíram com câmbio manual de quatro marchas. O carro dos Vann tem uma transmissão automática de três marchas, mas isso não o torna menos especial.
A Shelby American fez ajustes na caixa automática para que as trocas de marcha ocorressem em rotações mais altas.
Isso aproximava o desempenho ao dos modelos manuais. Andy chegou a usar o Shelby em uma corrida de arrancada, quando seu carro de competição habitual quebrou. E venceu.
O motor do carro é o famoso K-code V8 de 289 polegadas cúbicas (4,7 litros), com 306 cavalos de potência e 438 Nm de torque. Foi equipado com coletores de escape, coletor de admissão de alumínio e um carburador Holley de 715 CFM.
Encapsulado no tempo
Ao longo dos anos, o carro virou uma cápsula do tempo. Um exemplo bem preservado de uma era de ouro dos muscle cars americanos.
As camadas de poeira na carroceria serviram como proteção involuntária. E também como um lembrete visual do tempo em que o Mustang ficou parado.
Mesmo após tantos anos, ele continua funcionando perfeitamente. Um sinal claro do cuidado e do conhecimento mecânico de Andy. Ele sabia exatamente o que estava fazendo ao adquirir o Shelby em 1967. E cuidou dele como se fosse parte da família.
O Shelby Mustang GT350H de Andy e Mary Ann Vann segue rodando, mesmo que só em ocasiões especiais. E segue também sem placa de “à venda”.
O casal continua rejeitando propostas. Para eles, o carro não é só uma máquina — é uma parte viva da própria história.
Uma belíssima história envolvendo um maravilhoso exemplo da tecnologia humana e um casal que sabe o que significa algo que nos conquista, seja lá o que for.
Show!!