Muito antes de Alexa e Google Assistant, o computador IBM 7094 surpreendeu o mundo em 1961 com “Daisy Bell”. Descubra como esse marco influenciou a tecnologia, a cultura pop e a ficção científica.
Antes mesmo de assistentes virtuais e vozes digitais dominarem o nosso cotidiano, um marco revolucionário já havia sido estabelecido por um computador colossal: o IBM 7094. Em 1961, essa poderosa máquina deu voz à canção “Daisy Bell”, tornando-se o primeiro computador a cantar na história e inaugurando uma nova era na relação entre tecnologia e expressão artística.
O dia em que a máquina cantou
Na década de 1960, computadores estavam longe de ser portáteis, amigáveis ou acessíveis.
Ocupando salas inteiras e exigindo conhecimento técnico especializado, eram ferramentas exclusivas de laboratórios e instituições de pesquisa.
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Foi nesse contexto que o IBM 7094, um dos supercomputadores mais avançados da época, surpreendeu o mundo ao cantar pela primeira vez.
O experimento, conduzido no Bell Labs, deu vida a uma versão sintética de “Daisy Bell (A Bicycle Built for Two)”, canção de 1892.
A escolha da música não foi por acaso: o tom simples e repetitivo facilitava a programação e era visto com humor por fazer referência ao nome do laboratório.
O time por trás da voz do IBM 7094
O projeto foi liderado pelos pesquisadores Carol Lochbaum e John Kelly, que estavam desenvolvendo uma nova técnica de síntese de voz.
O objetivo era fazer com que o computador imitasse a fala humana. Para isso, eles se apoiaram nas capacidades do IBM 7094, que era um verdadeiro gigante da computação.
A parte instrumental da música foi criada por Max Mathews, considerado um dos pais da música digital.
Na ausência de recursos para processamento de áudio em tempo real, ele precisou gravar diversas faixas separadas, acelerá-las e sincronizá-las manualmente.
O resultado foi uma melodia eletrônica de apenas 17 segundos — um feito técnico impressionante para a época.
De laboratório à ficção científica: a influência cultural do experimento
A gravação teve impacto imediato não apenas no meio acadêmico, mas também na cultura pop.
Um dos mais afetados foi o escritor britânico Arthur C. Clarke, autor de obras clássicas da ficção científica.
Clarke presenciou a performance durante uma visita ao Bell Labs e ficou tão impressionado que decidiu incluir a canção em uma das cenas mais marcantes do cinema.
Em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), dirigido por Stanley Kubrick, o supercomputador HAL 9000 canta “Daisy Bell” enquanto está sendo desativado, em um momento de melancolia e inquietação.
A escolha não foi apenas um tributo, mas uma crítica sutil aos perigos de uma tecnologia cada vez mais humanizada — e talvez, desumanizadora.
Daisy Bell e o eco digital da voz robótica
Mesmo décadas após sua criação, o experimento do IBM 7094 segue reverberando.
Em 2009, a gravação foi oficialmente reconhecida e incluída no Registro Nacional de Gravações da Biblioteca do Congresso dos EUA, um símbolo da sua importância histórica.
Segundo Cary O’Dell, curador da biblioteca, “por padrões atuais, a versão do IBM 7094 soa bem primitiva. Mas essa junção de música e máquina foi um salto corajoso para um novo mundo.”
A afirmação resume bem o sentimento de pioneirismo por trás do projeto.
Hoje, a gravação original continua disponível na internet, frequentemente resgatada por criadores de conteúdo, youtubers e entusiastas da história da tecnologia.
O tom robótico e monocórdico da performance ainda é capaz de causar arrepios, demonstrando que a voz do computador do Bell Labs não perdeu sua força simbólica.
IBM 7094: O legado de um computador que ressoa no presente e no futuro
O que começou como um experimento técnico virou um marco na evolução das interfaces homem-máquina.
O IBM 7094 não apenas provou que computadores podem cantar, mas também lançou as bases para tecnologias de assistência por voz, como Siri, Alexa e Google Assistant.
Além de despertar reflexões sobre o papel emocional das máquinas, esse episódio histórico nos lembra que a tecnologia também pode ser expressão criativa, não apenas lógica fria.
A performance de “Daisy Bell” por um computador ainda ressoa como um aviso e uma celebração: estamos moldando máquinas com personalidade — e devemos estar atentos ao que elas podem se tornar.
Com informações do IFL Science