A Eletrobras concluiu a venda de 13 usinas térmicas para o grupo dos irmãos Batista por R$ 3,6 bilhões, marcando o fim de sua atuação em energia fóssil e consolidando um portfólio 100% renovável, com meta de se tornar Net Zero até 2030.
A Eletrobras encerrou um ciclo histórico ao concluir a venda de suas últimas 13 usinas térmicas, totalizando R$ 3,6 bilhões em transações. A operação marca o fim do portfólio de energia fóssil da companhia, que agora concentra seus esforços exclusivamente em fontes renováveis como hidrelétrica, eólica e solar.
O fechamento do negócio ocorreu com a venda da usina termelétrica Santa Cruz, localizada no Rio de Janeiro, para o Grupo J&F, dos irmãos Batista, por R$ 703,5 milhões. Essa era a última unidade de um pacote que inclui outras 12 térmicas no Amazonas, também transferidas para o grupo controlador da Âmbar Energia.
O impacto da operação e o foco em energia limpa
Segundo comunicado oficial, a Eletrobras destacou que o desinvestimento reforça sua estratégia de otimizar o portfólio e redirecionar capital para projetos sustentáveis, em linha com sua meta de se tornar Net Zero até 2030.
-
Nova esperança para quem quer sair do aluguel — entenda como o governo vai facilitar a compra da casa própria
-
A cidade mais cara do Brasil para morar superou Leblon, Ipanema e Itaim Bibi; tem renda quatro vezes maior que a média nacional e arranha-céus acima de 200 metros. Conheça a região onde o preço médio já ultrapassa R$ 16.400 por metro quadrado
-
Caixa amplia crédito e volta a financiar até 80% do valor dos imóveis com novas regras do FGTS e poupança
-
Novo gigante da economia brasileira: cinema, TV, internet e streaming já geram mais empregos que a indústria de carros e colocam o audiovisual entre os setores que mais fazem o país crescer, aponta relatório de Oxford
Com o encerramento da etapa fóssil, a empresa passa a operar 100% com fontes renováveis, fortalecendo sua posição no mercado global de energia verde.
Além dos R$ 3,6 bilhões já recebidos, a empresa mantém direito a um earn-out de R$ 1,2 bilhão, um valor adicional que poderá ser pago conforme o desempenho futuro das usinas negociadas.
A Eletrobras também receberá o caixa gerado entre a assinatura do contrato e o fechamento da operação, aumentando o impacto financeiro da transação.
Reestruturação e negociações com aval da Aneel
Para viabilizar a venda, a Eletrobras precisou reestruturar suas subsidiárias e isolar os ativos térmicos em novas companhias, permitindo a aprovação regulatória pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Essa reestruturação garantiu que os compradores não herdassem passivos da Eletronorte, antiga controlada da estatal.
A operação ocorre em paralelo à aprovação da transferência do controle da Amazonas Energia para a Âmbar, também ligada ao Grupo J&F.
Especialistas do setor apontam que as duas transações estão estrategicamente conectadas, criando uma integração vertical na região Norte: o grupo Batista passa a controlar tanto a geração quanto a distribuição de energia, especialmente no Amazonas, onde as térmicas são fundamentais para o abastecimento.
A capacidade de geração e o fortalecimento do Grupo J&F
As 13 usinas vendidas pela Eletrobras somam 2,1 gigawatts (GW) de capacidade instalada, ampliando o portfólio energético da Âmbar para 4,6 GW.
Esse avanço posiciona o Grupo J&F como um dos principais players privados do setor elétrico nacional, com presença crescente em regiões estratégicas do país.
O Ministério de Minas e Energia prorrogou, em agosto, a outorga da usina Santa Cruz até 2035, garantindo estabilidade regulatória para a nova controladora.
O movimento reforça a expansão da Âmbar e a política da Eletrobras de descarbonização e simplificação corporativa.
Polêmicas e desafios anteriores à venda
A negociação foi alvo de controvérsia em 2024, quando a Cigás, distribuidora de gás do Amazonas, questionou a operação junto à Aneel.
A empresa alegava a existência de passivos bilionários com a Petrobras e a própria Cigás, que poderiam comprometer o negócio.
A agência, porém, negou os recursos e manteve o aval para a transação, confirmando a regularidade da operação.
A reestruturação societária promovida pela Eletrobras permitiu separar obrigações antigas e garantir segurança jurídica tanto para os credores quanto para o comprador.
Esse movimento foi visto pelo mercado como um sinal de maturidade da empresa pós-privatização, que busca foco em rentabilidade e sustentabilidade.
O reposicionamento da Eletrobras no setor energético
Com o encerramento de seu portfólio térmico, a Eletrobras dá um passo decisivo em direção ao modelo de negócios alinhado à transição energética global.
A companhia pretende concentrar investimentos em energia solar, eólica e hidrelétrica, além de tecnologias voltadas à eficiência e à descarbonização.
Segundo o comunicado oficial, a operação “reforça o compromisso de otimização de portfólio e alocação eficiente de capital, com foco na geração de valor e simplificação da estrutura corporativa”.
A venda das térmicas também reduz riscos financeiros e ambientais, consolidando a Eletrobras como uma empresa preparada para o cenário de energia limpa e competitiva.
A Eletrobras fecha um capítulo que durou décadas e inaugura outro, voltado à energia renovável e à sustentabilidade.
A venda das 13 térmicas por R$ 3,6 bilhões não apenas reforça a estratégia ambiental da empresa, mas também redefine sua presença no setor elétrico brasileiro, agora totalmente limpa.