Eko Atlantic, megacidade construída sobre o Oceano Atlântico em Lagos, Nigéria, tem 10 km de avenidas, torres futuristas e investimento de R$ 60 bilhões, sendo chamada de ‘Dubai africana’.
À beira do Golfo da Guiné, uma das cidades mais populosas e caóticas do planeta está presenciando o nascimento de um projeto que desafia a engenharia moderna e o poder das marés. Trata-se de Eko Atlantic, a megacidade costeira da Nigéria, construída literalmente sobre o Oceano Atlântico, em uma das maiores obras de recuperação de terras da história da África. Com previsão de abrigar mais de 250 mil moradores e 150 mil trabalhadores diários, o empreendimento é frequentemente descrito pela mídia internacional como a “Dubai africana”, pela grandiosidade e ambição tecnológica que carrega.
Segundo dados do site oficial do projeto (ekoatlantic.com) e reportagens da BBC, Reuters e CNN Africa, a cidade está sendo erguida em uma área de 10 milhões de metros quadrados conquistados ao mar — o equivalente a mais de 1.400 campos de futebol — e foi planejada para se tornar o novo centro financeiro e comercial de Lagos, metrópole que hoje abriga cerca de 23 milhões de habitantes.
Uma cidade nascida do oceano para resistir ao avanço do mar
O Eko Atlantic surgiu como uma resposta direta à erosão costeira que ameaçava Lagos há décadas. O avanço das marés destruiu bairros inteiros e forçou o governo local e investidores privados a buscar uma solução definitiva. A resposta veio sob a forma de um projeto monumental: construir uma nova cidade sobre terras recuperadas, protegida por uma estrutura apelidada de “Grande Muralha do Atlântico” — uma barreira de concreto de 8,5 quilômetros de extensão e 2,7 metros de altura, projetada para conter ondas e tempestades oceânicas.
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A recuperação da área começou em 2008 e envolveu o despejo de mais de 140 milhões de toneladas de areia dragada do fundo do mar, com apoio técnico da empresa Royal HaskoningDHV, da Holanda. O empreendimento é financiado por um consórcio liderado pela South Energyx Nigeria Limited, com participação de bancos internacionais e apoio governamental.
De acordo com estimativas do Nigerian Investment Promotion Commission, o investimento total deve ultrapassar R$ 60 bilhões até 2030, considerando infraestrutura, torres comerciais, zonas residenciais e rede de transportes inteligentes.
Infraestrutura de cidade inteligente e arquitetura futurista
O plano diretor do Eko Atlantic segue padrões urbanos semelhantes aos das cidades de Dubai e Singapura, com arranha-céus de vidro, sistemas de energia autossustentável e ruas projetadas para veículos elétricos. O projeto inclui seis distritos principais: Marina, Business District, Ocean Front, Downtown, Eko Drive e Harbour Lights — cada um com função específica dentro da malha urbana.
As primeiras torres residenciais e comerciais já estão concluídas, entre elas o Eko Pearl Towers, um conjunto de cinco edifícios de luxo que marcam o novo horizonte de Lagos. A cidade também terá um sistema de telecomunicação subterrâneo, rede elétrica independente e estações de dessalinização para garantir água potável — um diferencial inédito em cidades costeiras africanas.
Segundo o portal Bloomberg Africa, empresas multinacionais de energia, finanças e tecnologia já demonstraram interesse em instalar escritórios na nova metrópole, que deverá concentrar parte das operações financeiras da Nigéria e reduzir a dependência da infraestrutura caótica de Lagos.
Críticas ambientais e desafios sociais
Apesar da grandiosidade, o projeto não escapa de críticas. Ambientalistas e urbanistas locais alertam para os impactos ecológicos da dragagem e do deslocamento de comunidades pesqueiras. A BBC News Africa publicou em 2023 uma reportagem destacando que vilas inteiras ao redor de Victoria Island sofreram erosão acelerada após o início das obras.
Os desenvolvedores do projeto afirmam, porém, que a Muralha do Atlântico foi construída justamente para conter o avanço do mar e proteger as áreas costeiras adjacentes. Também garantem que o Eko Atlantic criará milhares de empregos diretos e indiretos, além de se tornar um modelo urbano sustentável para o continente africano.
A cidade que simboliza o futuro da África
Hoje, caminhando pelos primeiros quarteirões do Eko Atlantic, já é possível ver avenidas largas, calçadas arborizadas e edifícios de fachada espelhada refletindo o azul intenso do Atlântico. De helicóptero, a cidade parece uma ilha de concreto e vidro emergindo do mar, uma metáfora visual perfeita para o renascimento urbano da Nigéria.

Ainda em fase de expansão, o megaprojeto deve se estender até 2035, com a meta de se tornar a primeira cidade autossuficiente em energia da África Ocidental, conectada a uma malha inteligente de transporte e abastecimento elétrico solar. Se alcançar seus objetivos, o Eko Atlantic não será apenas uma nova cidade — será o símbolo de uma África que constrói seu próprio futuro com as próprias mãos, sobre o mesmo oceano que antes ameaçava engoli-la.



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