Dados preliminares de junho apontam para uma das piores retrações do comércio nos últimos tempos, impactando lojas físicas e digitais. O resultado aprofunda a preocupação com os rumos da economia brasileira, pressionada por juros altos e pelo endividamento das famílias.
O sinal de alerta para a economia brasileira foi acionado com força em junho de 2025. Dados preliminares do setor varejista indicam uma queda expressiva nas vendas, um movimento que vai além das flutuações sazonais e sugere um desaquecimento mais profundo do consumo. A retração foi sentida de forma generalizada, desde supermercados até lojas de móveis e eletrodomésticos, e atingiu tanto o comércio de rua quanto o e-commerce, que vinha sendo apontado como o motor de crescimento do setor.
Este cenário de lojas mais vazias e menos vendas reflete diretamente as dificuldades enfrentadas pelas famílias brasileiras. Com um alto nível de endividamento e o crédito mais caro devido aos juros elevados, o poder de compra diminuiu. A cautela do consumidor aumentou, e a decisão de adiar compras, mesmo as de bens essenciais, tornou-se uma realidade, impactando toda a cadeia produtiva e gerando incertezas sobre o desempenho do país no segundo semestre.
Os números da retração no comércio
Relatórios de mercado, como o Índice de Varejo da Stone, divulgado por portais como o Poder360, oferecem um panorama preocupante. Segundo o levantamento, o varejo brasileiro registrou uma queda de 4,2% em junho na comparação com maio. Mais alarmante ainda é o recuo na comparação anual: as vendas caíram 4,6% em relação a junho de 2024, indicando que o problema não é apenas pontual.
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Ao contrário da crença de que o varejo físico estaria apenas migrando para o digital, os números mostram que a queda é generalizada:
- Comércio Digital (E-commerce): Sofreu a maior pancada, com uma retração de 10,6% nas vendas no comparativo anual.
- Lojas Físicas: Também registraram queda, com um recuo de 4% no mesmo período.
O desaquecimento atingiu todos os setores analisados. Os mais impactados foram os que dependem de crédito e de maior planejamento financeiro por parte do consumidor.
- Móveis e Eletrodomésticos: Queda de 6,4%.
- Material de Construção: Queda de 6,3%.
- Supermercados, Alimentos e Bebidas: Recuo de 3,7%, um dado que chama a atenção por se tratar de um setor de itens essenciais.
Juros, dívidas e confiança em baixa
Os especialistas apontam para uma combinação de fatores que explicam o freio no consumo, um pilar fundamental da economia brasileira. O principal deles é o alto nível de endividamento das famílias, que limita a capacidade de novas compras.
Somado a isso, a taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado torna o crédito mais caro e restritivo. Comprar parcelado, um hábito comum do brasileiro, fica mais difícil e pesado no bolso, desestimulando a aquisição de bens de maior valor. Outro indicador, o Índice de Performance do Varejo (IPV), corrobora o cenário, mostrando uma queda de 11% no fluxo de pessoas nos shoppings e de 10% no comércio de rua.
Impacto na atividade econômica geral
A fraqueza do varejo é um sintoma que reverbera por toda a economia brasileira. Se as lojas não vendem, a indústria produz menos e, consequentemente, o setor de serviços também é afetado. Esse ciclo negativo já aparece em indicadores mais amplos.
A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), calculada pelo Banco Central (IBC-Br), já havia registrado um recuo de 0,7% na atividade econômica em maio, antes mesmo dos números mais fracos de junho. A queda foi puxada principalmente pela agropecuária e pela indústria, setores diretamente ligados ao consumo e à exportação, que também enfrenta um cenário externo mais desafiador com novas barreiras comerciais.
Como você tem percebido o movimento no comércio da sua cidade? Acredita que a economia brasileira vai se recuperar no segundo semestre? Compartilhe sua opinião nos comentários.