Bill Gates aposta em reatores com sódio líquido como alternativa segura e barata à energia tradicional, e o primeiro projeto já está em construção nos Estados Unidos.
Uma nova tecnologia pode mudar tudo no setor elétrico. Em vez de turbinas eólicas ou painéis solares, Bill Gates aposta em algo bem diferente: o Natrium.
Trata-se de um novo tipo de reator nuclear. Ele está sendo desenvolvido pela TerraPower, empresa fundada pelo próprio Gates. A promessa é simples: produzir energia de forma mais limpa, mais segura e muito mais barata.
Um novo tipo de reator nuclear
O Natrium representa uma mudança no núcleo da energia. Sua principal inovação é o uso de sódio líquido no lugar da água para resfriar o reator.
-
TV 3.0 chega ao Brasil: prepare-se para imagens em 8K, som de cinema e até compras pelo controle
-
5 aparelhos eletrônicos que mais consomem energia sem você perceber
-
Novo iPhone dobrável da Apple terá sistema com quatro câmeras avançadas, zoom óptico profissional e tela expansiva, previsto para lançamento oficial em 2026
-
Japão inaugura usina osmótica: ela gera eletricidade a partir de água salgada, convertendo a diferença de salinidade em energia limpa para 220 residências
O sódio tem uma vantagem importante. Ele consegue absorver até oito vezes mais calor que a água. Isso permite que o reator funcione com mais eficiência.
Outro ponto positivo: o sódio é abundante na crosta terrestre. Ele representa cerca de 2,6% de sua composição. Ou seja, é barato e fácil de encontrar.
Além disso, o projeto do Natrium inclui um sistema de armazenamento com sal derretido. Isso permite guardar o excesso de energia e usá-lo quando for necessário. Assim, a produção continua estável mesmo sem sol ou vento.
Esse sistema reduz os riscos. O uso de sódio também diminui a chance de vazamentos radioativos. Essa é uma das maiores críticas às usinas nucleares antigas.
Energia mais barata e mais segura
Bill Gates afirmou que o Natrium é “a tecnologia nuclear mais avançada do mundo”. Um dos principais motivos é o custo.
Uma usina nuclear tradicional nos Estados Unidos pode custar mais de US$ 25 bilhões. Já um reator Natrium está projetado para custar cerca de US$ 1 bilhão.
Essa diferença acontece por causa do design mais simples. O Natrium também opera com pressões mais baixas, o que barateia ainda mais a construção.
Agências internacionais, como a IAEA, também reconhecem o potencial da tecnologia. Para elas, o Natrium pode superar os obstáculos que travaram a energia nuclear nos últimos anos: custo alto e riscos de acidentes.
Por que não as renováveis ou a fusão?
Bill Gates apoia a energia limpa. Ele já investiu muito em energia solar, eólica e até fusão nuclear. Mas acredita que o Natrium é a solução mais prática para o futuro.
Existem dois motivos principais para essa escolha.
Intermitência das renováveis
As fontes renováveis são boas, mas não são constantes. A energia solar depende do sol. A eólica depende do vento. Quando eles falham, a produção cai.
Gates destacou isso em entrevistas. “Você pode construir turbinas eólicas e painéis solares, mas o problema aparece quando não há vento ou luz. E isso acontece muito.”
Isso exige sistemas de armazenamento caros para manter o fornecimento. Já o Natrium funciona dia e noite, em qualquer condição climática.
Fusão ainda distante
A fusão nuclear é vista como o “santo graal” da energia. Mas, segundo Gates, ainda está muito longe de se tornar viável.
“Não podemos esperar tanto tempo para resolver o problema climático”, disse ele. Por isso, apoia a pesquisa, mas acredita que o Natrium é mais realista.
O primeiro reator já está em construção nos Estados Unidos, no estado de Wyoming. A previsão é que comece a funcionar até 2030.
Como o Natrium funciona
O Natrium é um reator de quarta geração. Ele usa sódio líquido como refrigerante, e isso muda tudo.
A operação ocorre em temperaturas mais altas, com menor pressão e mais eficiência. O sistema de sal derretido ajuda o reator a guardar energia e liberá-la conforme a demanda.
Essa flexibilidade lembra o funcionamento de hidrelétricas. Pode ser muito útil para estabilizar a rede elétrica em horários de pico.
Além disso, o projeto gera menos resíduos nucleares. Também promete ser mais seguro contra acidentes.
Para Gates, isso significa uma chance real de levar energia limpa e barata ao mundo inteiro.
Uma solução econômica e técnica
Bill Gates insiste em um ponto: não basta uma energia ser limpa. Ela precisa ser viável economicamente. E também deve ser tecnicamente confiável.
Por isso, ele defende que governos continuem investindo em renováveis e fusão. Mas acredita que o maior potencial prático está no Natrium.
O projeto une eficiência, segurança, menor custo e estabilidade. Para ele, é isso que o planeta precisa para sair dos combustíveis fósseis sem atraso.
O desafio da aceitação
Mesmo com todas as promessas, o caminho do Natrium não será fácil. O primeiro reator está sendo construído nos EUA e terá capacidade para 345 megawatts.
Isso é suficiente para abastecer cerca de 400 mil casas. Mas o problema não está só na tecnologia.
O principal obstáculo pode ser a opinião pública. Acidentes como Chernobyl e Fukushima ainda causam medo.
A energia nuclear carrega uma imagem negativa. Por isso, a comunicação será essencial.
Grupos ambientais como o Greenpeace continuam contrários à energia nuclear. Mesmo com os avanços, muitos temem os riscos.
Para convencer o público, a TerraPower e seus parceiros precisarão fazer mais do que testes técnicos. Eles terão que conversar com comunidades, reguladores e ambientalistas.
Um novo começo para a energia
Se o Natrium funcionar como prometido, pode marcar um ponto de virada.
Uma energia nuclear mais barata, limpa e segura pode mudar a forma como o mundo produz eletricidade.
Enquanto a fusão ainda é um sonho distante, o Natrium parece uma alternativa concreta e de curto prazo.
O projeto em Wyoming já está em andamento. E a indústria energética observa com atenção.
Uma aposta de longo prazo
Para Bill Gates, a resposta não está em repetir fórmulas antigas. Ele acredita que o futuro exige ousadia e inovação.
E, neste momento, o Natrium representa exatamente isso: uma nova forma de pensar energia, com foco em eficiência, segurança e escala.
A jornada está só começando. Mas ela pode transformar o mundo da energia como conhecemos.
Com informações de jasondeegan.