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Durante a COP30, Lula propõe usar lucros do petróleo para financiar a transição energética

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 07/11/2025 às 12:58
Durante discurso na COP30, o presidente Lula defendeu que países em desenvolvimento utilizem parte dos lucros do petróleo para custear a transição energética. O líder também destacou o papel do Brasil na produção de energia limpa e no avanço do etanol como combustível sustentável.
Durante discurso na COP30, o presidente Lula defendeu que países em desenvolvimento utilizem parte dos lucros do petróleo para custear a transição energética. O líder também destacou o papel do Brasil na produção de energia limpa e no avanço do etanol como combustível sustentável.
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Durante discurso na COP30, o presidente Lula defendeu que países em desenvolvimento utilizem parte dos lucros do petróleo para custear a transição energética. O líder também destacou o papel do Brasil na produção de energia limpa e no avanço do etanol como combustível sustentável.

Durante a abertura do segundo dia da Cúpula de Líderes da COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs um novo olhar sobre a relação entre petróleo e sustentabilidade. Segundo ele, os países em desenvolvimento podem direcionar parte dos lucros obtidos com a exploração do petróleo para financiar a transição energética e combater a pobreza energética.

Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, afirmou o presidente nesta sexta-feira (7). Lula destacou que a transição deve ocorrer de forma “justa, ordenada e equitativa”, garantindo acesso a tecnologias e financiamento especialmente para o Sul Global.

O discurso marcou um dos momentos mais aguardados do evento, que reúne chefes de Estado e líderes de organismos internacionais em Belém. O Brasil, anfitrião da conferência, tem buscado equilibrar o discurso ambiental com sua estratégia de exploração de recursos energéticos.

Financiamento e novos mecanismos para a descarbonização

Lula defendeu a criação de instrumentos financeiros que permitam acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Ele propôs a utilização de mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento climático, como forma de apoiar países com menor capacidade econômica.

“Há espaço para explorar mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento de iniciativas de mitigação climática e transição energética”, declarou.

Além disso, o presidente destacou três compromissos centrais:

  • Triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030;
  • Eliminar a pobreza energética, garantindo acesso à eletricidade e cocção limpa;
  • Ampliar o uso de combustíveis sustentáveis, com adesão ao Compromisso de Belém, que prevê quadruplicar o uso até 2035.

De acordo com Lula, a crise energética global não pode ser enfrentada sem um olhar social. “É fundamental combater todas as formas de pobreza energética. Dois bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar. 660 milhões ainda dependem de lamparinas ou de geradores a diesel nas periferias das grandes cidades e nas comunidades rurais da América Latina, da África e da Ásia”, afirmou.

O papel dos países em desenvolvimento e a transição justa

O presidente também ressaltou que as nações em desenvolvimento devem participar “de todas as etapas” das cadeias produtivas dos minerais críticos — materiais essenciais à fabricação de tecnologias limpas, como baterias e painéis solares.

Para Lula, esses países não podem continuar apenas exportando matérias-primas, mas precisam desenvolver capacidade industrial e tecnológica para refinar e transformar seus próprios recursos. “A transição energética representa um novo paradigma de desenvolvimento e uma grande oportunidade para promover transformações estruturais na sociedade e na economia”, disse.

Ele lembrou ainda que o setor energético foi responsável por 10% do crescimento do PIB global em 2023, além de empregar cerca de 35 milhões de pessoas.

Polêmica da exploração de petróleo na Margem Equatorial

Mesmo com o discurso voltado à sustentabilidade, o governo brasileiro enfrenta críticas sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma área marítima próxima à Amazônia. O tema ganhou destaque internacional às vésperas da COP30, após o Ibama autorizar a Petrobras a realizar estudos exploratórios a cerca de 175 km da costa.

Segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a região pode conter até 5,1 bilhões de barris de petróleo, o que elevaria as reservas nacionais em mais de 50%. Ambientalistas, no entanto, alertam para os riscos ecológicos da atividade em uma zona considerada sensível e de alta biodiversidade.

Lula rebateu as críticas, afirmando que a transição energética não significa o abandono imediato dos combustíveis fósseis. “Já sabemos que não é preciso desligar máquinas e motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. A ciência e a tecnologia nos permitem evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas”, afirmou.

Avanço das energias renováveis e defesa do etanol brasileiro

Em sua fala, o presidente destacou o avanço global das energias renováveis. No primeiro semestre de 2025, a energia limpa se tornou a maior fonte individual de geração elétrica no mundo, ultrapassando o carvão pela primeira vez. Lula ressaltou que o uso de renováveis triplicou na última década e que o Brasil é um exemplo de sucesso na diversificação da matriz energética.

Ele mencionou o papel do país como líder no uso do etanol e dos motores flex — tecnologias que tornaram o transporte brasileiro menos dependente de combustíveis fósseis. “Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel. O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção nos setores mais desafiadores, como a indústria e os transportes”, pontuou.

O presidente também lamentou o adiamento de medidas de incentivo ao uso de combustíveis limpos no transporte marítimo. “É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a Organização Marítima Internacional a adiar esse passo”, disse Lula, em referência ao debate global sobre a descarbonização do setor.

Entre a necessidade de explorar o petróleo e a urgência da transição energética, o discurso de Lula na COP30 buscou equilibrar pragmatismo econômico e compromisso ambiental. O país, que já é destaque mundial na geração de energia renovável, tenta agora consolidar uma posição de liderança no diálogo entre o desenvolvimento e a descarbonização.

“Sem energia, também não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna”, afirmou o presidente, encerrando sua participação no evento com um tom de esperança, mas também de realismo sobre os desafios da transformação energética global.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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