Três mortes confirmadas e dezenas de casos em investigação mostram como a falsificação de bebidas com metanol transforma diversão em risco de vida
O número de mortes por intoxicação causada por metanol em bebidas adulteradas subiu para três no estado de São Paulo. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo e confirmadas pela Prefeitura de São Bernardo do Campo, na região metropolitana. Dois óbitos ocorreram no município do ABC e um foi registrado na capital.
De acordo com a prefeitura, a primeira vítima foi um homem de 58 anos que deu entrada no Hospital de Urgência e faleceu no dia 24 de setembro. Já a segunda morte, confirmada neste domingo (28), foi de um homem de 45 anos atendido em um hospital da rede privada.
No total, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS), órgão vinculado à Secretaria da Saúde do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou seis casos de intoxicação por metanol em São Paulo. Além disso, outros dez episódios suspeitos ainda estão sendo investigados na capital, o que eleva a preocupação das autoridades de saúde.
-
Maior condomínio do Brasil tem 22 mil apartamentos, supera 5 mil cidades, conta com escola e até posto de saúde
-
Mansão de Neymar em Santos tem 2.800 m², foi comprada à vista por R$ 50 milhões e integra portfólio com mais de 100 imóveis só na região
-
Como o teclado QWERTY enganou gerações: nasceu de um problema mecânico em 1874 e se transformou em padrão impossível de abandonar
-
De laboratório infantil a raridade: “brinquedo mais perigoso do mundo” trazia urânio real e hoje vale fortunas nos EUA
O que é o metanol e por que ele é tão perigoso?
O metanol é uma substância química industrial, imprópria para consumo humano, mas frequentemente usada de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas. Mesmo em pequenas quantidades, pode ser letal, já que inicialmente provoca sintomas semelhantes aos do álcool comum — como náusea, tontura e sensação de embriaguez — antes de evoluir para complicações graves, podendo levar à cegueira e até à morte.
Segundo especialistas, a presença de metanol em bebidas costuma ocorrer em contextos de falsificação. Muitas vezes, o produto é adicionado com o objetivo de aumentar o teor alcoólico de forma mais barata, o que transforma a bebida em uma verdadeira armadilha para consumidores desavisados.
Apesar disso, ainda não é possível afirmar com certeza se esse foi o motivo dos casos recentes em São Paulo. A médica Camila Carbone Prado, assistente do Ciatox de Campinas, destacou que apenas a análise técnica das garrafas apreendidas poderá esclarecer a origem da contaminação.
Fiscalização reforçada e alerta nacional
No sábado (27), o CVS confirmou que as mortes em São Bernardo do Campo e na capital estavam entre os seis casos já identificados desde junho. Paralelamente, municípios paulistas passaram a reforçar a fiscalização em bares, distribuidoras e outros estabelecimentos suspeitos de comercializar produtos contaminados.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça também se manifestou. Em nota divulgada na sexta-feira (26), o órgão informou que, no período de apenas 25 dias, foram registradas nove intoxicações por metanol em São Paulo, conforme notificações feitas ao Sistema de Alerta Rápido (SAR). Inicialmente, a pasta não havia confirmado mortes, mas a atualização do fim de semana trouxe um novo cenário de preocupação.
Autoridades reforçam recomendações para a população
Diante da gravidade do cenário, autoridades de saúde reforçam o alerta: é fundamental comprar bebidas alcoólicas apenas em locais de confiança e verificar sempre os selos de autenticidade. Produtos adulterados, além de ilegais, podem se transformar em uma ameaça direta à vida.
O Ciatox de Campinas, referência no diagnóstico e tratamento de intoxicações, alerta que o tempo de atendimento é determinante. Se houver suspeita de ingestão de bebida contaminada, os sintomas não devem ser ignorados. Buscar atendimento médico imediato pode salvar vidas, já que o metanol é rapidamente absorvido pelo organismo.
Enquanto as investigações prosseguem, a fiscalização continua em bares, distribuidoras e comércios informais que possam estar envolvidos. O caso reforça a importância de ações preventivas contra bebidas falsificadas, um problema que afeta não apenas São Paulo, mas todo o Brasil.