Escalada entre as potências reacende corrida por minerais estratégicos e destaca o potencial brasileiro como alternativa segura para o Ocidente.
O confronto entre Estados Unidos e China atingiu novo patamar após Pequim restringir a exportação de terras raras, insumos indispensáveis para a indústria tecnológica e militar. Em resposta, Washington anunciou a possibilidade de tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de novembro, reacendendo a guerra comercial e pressionando cadeias globais de suprimentos.
De acordo com especialista Fernando Ulrich, no centro dessa disputa estão os minerais críticos, essenciais para semicondutores, veículos elétricos, equipamentos de defesa e energia limpa. Com 48% das reservas mundiais sob domínio chinês, o país mantém controle quase absoluto da produção e, principalmente, do processamento, etapa mais complexa e poluente da cadeia. Nesse cenário, o Brasil desponta como alternativa estratégica, com 23% das reservas conhecidas e ambiente político mais favorável à cooperação com o Ocidente.
Por que as terras raras são tão estratégicas
Apesar do nome, as terras raras não são exatamente escassas, mas exigem processos caros e ambientalmente agressivos para extração e refino.
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São 17 elementos químicos usados em tecnologias de ponta de ímãs permanentes em turbinas eólicas e motores elétricos a sistemas de radar, lasers e satélites.
A dependência global da China se consolidou porque o país assumiu custos ambientais e financeiros que outras nações evitaram.
Enquanto o Ocidente impôs metas rígidas de emissões e licenciamento, Pequim subsidiou o setor e construiu uma cadeia industrial completa, desde a mineração até a manufatura de produtos de alta tecnologia.
Hoje, a China responde por cerca de 70% da produção global de terras raras e 90% do refino, o que lhe confere poder geopolítico inédito.
O domínio permite que o país influencie preços, pressione concorrentes e, em última instância, condicione o acesso à economia moderna.
A reação dos Estados Unidos e dos aliados
Com a escalada recente, Washington tem intensificado políticas de incentivo à produção doméstica e à diversificação de fornecedores.
Programas federais, aliados a investimentos privados trilionários, buscam reconstruir o ecossistema industrial perdido nas últimas décadas.
Um dos símbolos dessa reação veio do JP Morgan, que anunciou uma iniciativa global de US$ 1,5 trilhão para fortalecer indústrias críticas incluindo as de minerais estratégicos, inteligência artificial e energia avançada.
A expectativa é que parte desse capital seja direcionada a projetos de mineração e processamento fora da China, especialmente em países aliados.
No curto prazo, porém, a autossuficiência ainda é inviável.
A extração e o refino de terras raras exigem investimento contínuo, infraestrutura e tolerância a riscos ambientais e regulatórios, fatores que tornam o Brasil uma alternativa natural para integração à cadeia ocidental.
Brasil: segundo maior em reservas, pequeno em produção
O Brasil ocupa o segundo lugar global em reservas conhecidas de terras raras, com potencial estimado em 21 milhões de toneladas atrás apenas da China.
No entanto, a produção nacional é mínima, não chegando a 1% do total mundial.
Em 2024, o país produziu apenas 20 toneladas, enquanto a China extraiu mais de 200 mil.
O contraste reflete a falta de política industrial coordenada, entraves ambientais e escassez de plantas de processamento, que acabam forçando a exportação de minérios brutos.
Ainda assim, a relevância geológica brasileira atrai atenção internacional. O país reúne condições únicas de estabilidade política, energia limpa e estrutura logística que podem viabilizar uma nova rota de suprimento segura para os Estados Unidos e a Europa especialmente num contexto de tensões comerciais e risco de desabastecimento tecnológico.
Desafios ambientais e oportunidade geopolítica
O avanço brasileiro nesse setor exigirá licenciamento ambiental ágil e transparente, investimento em tecnologia de refino e acordos de cooperação científica.
A pegada de carbono do processo é elevada, mas o país tem vantagem competitiva ao combinar matriz energética renovável e biotecnologia ambiental, fatores valorizados pelo mercado internacional.
Além da questão ecológica, há o dilema diplomático: o Brasil precisará equilibrar relações com a China seu maior parceiro comercial e o Ocidente, que busca reduzir essa dependência.
Essa posição estratégica pode transformar o país em ponte geopolítica entre as duas maiores economias do planeta, desde que construa um marco regulatório confiável e competitivo.
O embate entre EUA e China pelas terras raras vai muito além da economia: define quem controlará as bases da próxima revolução tecnológica.
Nesse tabuleiro, o Brasil tem recursos, localização e neutralidade para se tornar um fornecedor essencial do Ocidente, mas precisa agir com rapidez e estratégia para ocupar esse espaço antes que outros players avancem.
Você acredita que o Brasil deve investir pesado no refino e na exportação de terras raras ou priorizar a preservação ambiental? Deixe sua opinião nos comentários o equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade pode definir o papel do país no novo mapa global das terras raras.



Acho que deve fazer os dois procedimentos. Deve fazer acordos com os Estados Unidos e com a Europa para explorar em conjunto , refinar e adquirir tecnologia. Se não fizer um acordo bem amarrado, e melhor não fazer nada. Tudo depende da nossa competência em fazer um acordo o melhor possível.