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Disputa entre fabricantes do Brasil e da China vai além dos carros — pneus devem encarecer para os brasileiros se ajuste for aprovado

Publicado em 23/09/2025 às 09:31
Pneus, Brasil, Indústria, Carros
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Decisão sobre aumento de imposto em pneus importados divide indústria, importadores e caminhoneiros, com impacto direto no bolso dos motoristas brasileiros

A disputa entre fabricantes brasileiros e asiáticos não se limita mais à venda de carros prontos. O setor de pneus entrou de vez no centro das discussões econômicas. Assim como as montadoras pedem medidas contra o avanço chinês, agora os produtores de pneus exigem que o governo eleve os impostos sobre produtos importados.

A definição pode acontecer já nesta terça-feira (23), quando o Comitê-Executivo de Gestão da Camex (Gecex) se reúne para decidir se a alíquota atual de 25% sobe para 35%.

Caso o ajuste seja aprovado, mais da metade dos pneus vendidos no Brasil será impactada, já que dependem da importação.

Como começou o embate

O impasse se arrasta desde agosto de 2023, quando a ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) pediu ao governo o aumento da tarifa de 16% para 35%, válida por 24 meses.

A entidade argumentou que concorrentes da China, Vietnã, Índia e Malásia estariam colocando pneus no Brasil por valores abaixo do custo de produção.

O governo aceitou em parte o pedido, mas autorizou apenas um reajuste para 25%, válido por 12 meses. Esse prazo está prestes a acabar.

Agora, a indústria nacional insiste em elevar ao teto de 35% permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Argumentos da indústria nacional

Segundo a ANIP, o Brasil virou alvo preferencial das exportações asiáticas.

Um levantamento da LCA Consultoria Econômica mostrou que, em 2023, os pneus de carga chegaram por US$ 2,9/kg, enquanto nos Estados Unidos e na França custavam entre US$ 4,4 e US$ 5,3/kg. A diferença passa de 60%.

Nos pneus de passeio, a situação é semelhante: chegam aqui por US$ 3,2/kg, enquanto no mercado americano o preço médio é de US$ 5,8.

Para Klaus Curt Müller, presidente da ANIP, essa discrepância torna impossível competir. Ele afirma que todos os pneus asiáticos entram no país abaixo do custo de produção e que metade chega a custar menos do que a própria matéria-prima. O resultado, diz, é o risco de desindustrialização.

Importadores reagem contra

Na outra ponta, a ABIDIP (Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus) critica o movimento.

Para a entidade, a medida seria protecionista e traria impactos negativos diretos sobre quem depende do carro para trabalhar.

O presidente Ricardo Alípio da Costa alerta que motoristas de aplicativo, taxistas e entregadores seriam forçados a recorrer a pneus usados, caso os preços subam demais. Isso aumentaria os riscos de acidentes graves.

Ele também rebate o argumento da concorrência desleal. Segundo ele, as associadas não compram produtos abaixo do custo e todos passam por certificação do Inmetro.

Transporte rodoviário preocupado

Outro setor que pressiona contra o aumento é o de transporte de cargas.

Um debate na Câmara dos Deputados revelou que empresas de logística podem gastar até R$ 2 milhões a mais por ano com a mudança.

Caminhoneiros autônomos também temem impactos diretos no orçamento.

O representante do Sindican, Nélson Júnior, lembrou que entre 2015 e 2017 muitos profissionais rodavam apenas com pneus reformados.

Com a abertura às importações, os autônomos tiveram acesso a pneus novos e mais seguros.

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) também mostrou preocupação com o risco de “sucateamento” do setor diante do aumento dos custos operacionais.

Impacto nos preços e na economia

Dados apresentados pelo consultor Gustavo Madi, da CNI, mostram que o aumento de 16% para 35% na tarifa pode elevar os preços dos pneus importados em 16,4%.

Mesmo assim, o impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seria mínimo, entre 0,03 e 0,05 ponto percentual.

A Confederação ainda aponta possíveis benefícios. A medida poderia adicionar R$ 8,9 bilhões ao PIB anualmente, gerar 105 mil empregos e movimentar R$ 3,7 bilhões em salários.

Quem ganha e quem perde

De um lado, os defensores acreditam que o custo adicional para o consumidor será compensado pela proteção da indústria e manutenção de empregos.

De outro, os críticos afirmam que a conta vai pesar no bolso da população e que medidas protecionistas não corrigem falhas estruturais do setor produtivo.

O certo é que, com a reunião da Camex, a decisão está prestes a sair. E qualquer desfecho mexerá tanto no mercado quanto no bolso de milhões de motoristas brasileiros.

Com informações de UOL.

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Romário Pereira de Carvalho

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