Volvo apresenta em Erlangen, na Alemanha, a primeira demolição 100% elétrica do mundo, realizada com escavadeiras, caminhões e carregadeiras movidos a bateria, reduzindo ruído e eliminando emissões locais em canteiros de obras.
A Volvo realizou, em setembro de 2025, uma demolição 100% elétrica no antigo campus da Siemens em Erlangen, na Alemanha, em parceria com a Siemens e a Metzner Recycling.
O trabalho, conduzido do início ao fim com escavadeiras, carregadeiras e caminhões elétricos, operou conectado à rede com energia certificada renovável e sem uso de geradores a diesel.
A operação apontou ganhos práticos: redução de ruído, eliminação de emissões locais e produtividade comparável à de máquinas convencionais.
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Primeira demolição integralmente elétrica na Alemanha
Diferentemente de um evento de demonstração, a intervenção envolveu demolição de estruturas, manejo de resíduos e transporte com ecossistema elétrico.
A alimentação veio de um transformador dedicado no canteiro, permitindo recarga simultânea de equipamentos e operação contínua de máquinas ligadas à rede.
Além das atividades ao ar livre, tarefas internas foram executadas com compactos elétricos e robôs de demolição, favorecendo ambientes fechados com ventilação reduzida e sem fumaça.
Ruído e emissões: queda sensível no canteiro
Sem motores a combustão e sem ventiladores de arrefecimento do conjunto diesel, o nível de ruído das máquinas elétricas cai de forma perceptível.
A Volvo reporta queda de cerca de 9 dB em modelos compactos em relação aos equivalentes a diesel.
Em escala logarítmica, 10 dB a menos soam como metade do volume percebido.
Em áreas urbanas com limites rígidos de ruído, esse patamar abre janela para obras em horários mais restritos e próximo a vizinhanças sensíveis, como escolas e hospitais.
Desempenho e conforto do operador
A fabricante afirma que as versões elétricas oferecem potência e produtividade semelhantes às versões a diesel nas mesmas classes de equipamento.
Um diferencial prático está no torque imediato: ao acionar o controle, a força máxima está disponível no ato, sem a espera pelo “subir de giro” típico de motores a combustão.
No posto de operação, a ausência do motor diesel reduz vibração e ruído de fundo.
Ao longo do turno, isso se traduz em menor fadiga e maior conforto — fatores que influenciam diretamente na qualidade e na segurança do trabalho.
Autonomia e planejamento de recarga
A janela de uso por carga depende do porte e da aplicação.
Para escavadeiras de médio porte, são citadas 7 a 8 horas em ciclos típicos, o que cobre um dia de trabalho com paradas.
Como o sistema elétrico não consome energia em marcha lenta, boa parte do tempo de bateria vira trabalho efetivo.
Em rotinas com pausas programadas, a recarga de oportunidade — por exemplo, durante o intervalo do almoço — repõe uma faixa relevante de carga e mantém a operação ao longo do dia.
Infraestrutura: do 240 V ao carregador ultrarrápido
Em canteiros com acesso à rede, máquinas compactas podem ser abastecidas à noite em tomadas de 240 V, semelhantes às usadas por veículos elétricos leves.
Para alta rotação de obra, a Volvo oferece carregadores DC estáticos e móveis.
Com soluções de 250 kW, é possível recuperar aproximadamente de 20% para 80% do estado de carga em cerca de uma hora.
Em frentes sem rede disponível ou com fornecimento fraco, entram em cena unidades de armazenamento de energia para dar autonomia à frota elétrica.
O “powerbank” de 7,5 toneladas para obras remotas
Para suprir energia fora da rede, a Volvo desenvolveu o PU500, um “powerbank” em contêiner de 7,5 toneladas com até 540 kWh de capacidade e carregador DC integrado de 240 kW.
A unidade pode operar conectada à rede (como buffer) ou em modo isolado, alimentando máquinas, caminhões e até ferramentas por meio de diversas saídas AC e DC.
Em aplicações típicas, a unidade consegue carregar veículos pesados e sustentar frentes de serviço onde instalar infraestrutura fixa seria inviável ou antieconômico.
Custos, incentivos e conta final
O preço de aquisição permanece o principal entrave.
Máquinas elétricas custam mais que as diesel equivalentes, com prêmios que variam conforme o porte e a aplicação.
Estudos e cotações internacionais indicam faixa de 40% a 60% de ágio, chegando a patamares superiores em casos específicos.
A conta tende a se equilibrar no custo total de propriedade pela combinação de energia mais barata por hora trabalhada, menos itens de manutenção e menor desgaste de componentes associados ao conjunto diesel.
Enquanto isso, políticas públicas ajudam a reduzir a diferença inicial.
Nos Estados Unidos, está em vigor crédito fiscal comercial que pode atingir até US$ 40 mil por veículo para categorias de maior peso bruto.
Além de abater a entrada, o incentivo acelera a renovação de frotas urbanas onde ruído e emissões são restrições críticas.
Impactos operacionais no canteiro
Com menos ruído e zero emissão local, obras passam a ser viáveis em ambientes antes limitados por ventilação, como túneis, galpões e áreas internas.
A comunicação entre equipes melhora, já que ordens e alertas não disputam espaço com o ronco de motores.
A logística também muda: em vez do reabastecimento de diesel em horários fixos, o gerenciamento diário passa a considerar janelas de recarga e oportunidades de carregamento distribuídas ao longo do turno.
O que a estreia indica para o setor
A experiência em Erlangen funciona como prova de conceito para frentes complexas com restrições de ruído e qualidade do ar.
Ao mostrar viabilidade técnica e operacional, a Volvo busca destravar adoção em escala em demolição, reciclagem e construção urbana.
Se os números de produtividade e TCO se confirmarem em mais projetos, a eletrificação tende a migrar de nicho para padrão em aplicações específicas — especialmente onde a legislação e o entorno exigem máquinas mais silenciosas e limpas.
A pergunta agora é direta: na prática diária das construtoras, a combinação de ruído menor, torque imediato e recarga no canteiro será suficiente para acelerar a troca do diesel por elétricos nos próximos ciclos de obra?