Descubra a história, as características únicas e os desafios ambientais do Deserto do Namibe, um dos mais antigos do planeta, conhecido como Mar de Areia, onde o deserto encontra o mar.
O Deserto do Namibe, também conhecido como Mar de Areia, é considerado um dos desertos mais antigos do mundo, com idade estimada de pelo menos 55 milhões de anos.
Localizado na costa sudoeste da África, ele se estende por cerca de 2.100 km, desde o rio Carunjamba, em Angola, até o rio Orange, na África do Sul, passando pelo território da Namíbia.
A largura média da faixa desértica não ultrapassa 200 km, formando um dos ambientes mais inóspitos e fascinantes do planeta.
-
Passeio de trem inaugurado por Dom Pedro II cruza montanhas históricas, entra em túnel secreto da Revolução de 1932 e terá novos passeios em agosto e setembro
-
Novas normas da Marinha chega ao detalhe dos tons do relógio e do volume permitido no cabelo feminino
-
Poço artesiano no seu terreno não é seu: Constituição de 1988 tirou domínio da água mesmo em zonas rurais
-
Gestores de RH revelam dificuldades para manter Geração Z no mercado de trabalho — eles não aparecem
Segundo a Nasa, o Namibe pode ser considerado o deserto mais antigo do mundo. Entretanto, não há consenso entre os estudiosos.
O conservacionista sul-africano Brian J. Huntley defende que o Namibe e o deserto do Atacama, no Chile, dividem esse título.
Namibe: origem do nome e conexões culturais
O nome do deserto carrega raízes culturais profundas. Ele vem da palavra “namib”, de origem Nama, um termo que significa “um lugar vasto e distante”.
A língua Nama, falada por povos Khoikhoi no sul da África, se consolidou ao longo do século 19 com a presença missionária na região e hoje é usada na Namíbia, em Botswana e na África do Sul.
Além de batizar o deserto, Namibe é também o nome de uma província angolana, que marca um dos extremos dessa paisagem.
Curiosamente, antes da colonização portuguesa, a região era conhecida como Chitoto Chabotua, que significa “toca dos pássaros”.
O Mar de Areia: um patrimônio da humanidade
O Mar de Areia do Namibe é um dos principais símbolos da região.
Trata-se de uma área com mais de 30 mil km², coberta por dunas móveis e planícies de cascalho, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade em 2013.
Ao redor dessa imensidão, existe ainda uma zona de amortecimento de quase 9 mil km², que contribui para a preservação do ecossistema.
O cenário vai muito além das dunas: planícies rochosas, colinas de granito e calcário, lagoas costeiras e cursos d’água sazonais compõem a paisagem.
Um fenômeno que chama atenção é a formação dos chamados “círculos de fadas”, áreas circulares de vegetação cuja origem ainda é alvo de pesquisas.
Nevoeiros: fonte de vida em um ambiente árido
Uma das características mais marcantes do deserto é a presença de nevoeiros, que chegam a penetrar até 100 km para o interior, proporcionando umidade vital para a flora e fauna locais.
Esses nevoeiros são consequência da ressurgência da Corrente de Benguela, que traz águas frias do fundo do oceano para a superfície, criando as brumas que recobrem a região.
Embora a Corrente de Benguela reduza a ocorrência de chuvas, o fenômeno compensa a aridez extrema ao gerar a principal fonte de água para as espécies do deserto.
Porém, estudos recentes apontam que a frequência dos nevoeiros diminuiu em quase 30% entre 1979 e 2009, reflexo direto do aquecimento global.
Costa dos Esqueletos: beleza e perigo
O Namibe também abriga a famosa Costa dos Esqueletos, um trecho de 500 km ao longo da faixa costeira, com cerca de 40 km de largura.
O nome vem da grande quantidade de esqueletos de baleias e de embarcações naufragadas que ficaram presas na areia.
As correntes marítimas intensas, os ventos fortes e os densos nevoeiros tornam a navegação nessa área extremamente perigosa, criando um dos cenários mais icônicos e misteriosos do deserto.
Como o Deserto do Namibe se formou?
A formação do Deserto do Namibe é resultado de uma combinação de fatores: o anticiclone subtropical do Atlântico Sul, que cria um sistema de alta pressão; o fenômeno de sombra de chuva, que bloqueia a umidade vinda do interior do continente; e a ressurgência da Corrente de Benguela.
Esses elementos, somados ao longo de milhões de anos, levaram à hiper-aridez da região, moldando seu relevo e criando as condições ideais para a sobrevivência de espécies adaptadas a ambientes extremos.
A surpreendente biodiversidade do Namibe
Apesar das condições hostis, o deserto abriga uma biodiversidade única.
Mamíferos como antílopes, raposas, hienas, guepardos e até elefantes do deserto circulam pela região, adaptados a longos períodos de escassez.
Aves como o avestruz africano e diversas espécies de répteis também fazem parte do ecossistema.
Na flora, uma das espécies mais emblemáticas é a Welwitschia mirabilis, conhecida como “polvo do deserto”.
Essa planta pode viver mais de mil anos e desempenha um papel fundamental na regulação térmica do solo e no fornecimento de alimento e sombra para diversas espécies.
Outra planta notável é o melão de Nara (Acanthosicyos horridus), encontrado nas dunas próximas a Sossusvlei, que fornece alimento para os habitantes da região e para a fauna local.
Impactos das mudanças climáticas
O Deserto do Namibe enfrenta hoje os efeitos das mudanças climáticas de forma intensa.
O aumento das temperaturas, a diminuição das chuvas e a elevação do dióxido de carbono na atmosfera alteram profundamente sua estrutura ecológica.
Pesquisas apontam que 73% do habitat dos elefantes do deserto foi perdido devido à escassez hídrica e à expansão agrícola, aumentando os conflitos entre humanos e animais.
Além disso, a redução dos nevoeiros ameaça espécies que dependem dessa fonte de umidade.
A Welwitschia mirabilis, por exemplo, já mostra sinais de declínio populacional, o que pode impactar toda a cadeia ecológica local.