Asteroide metálico próximo à Terra contém ferro, níquel e cobalto em quantidades que podem superar todas as reservas desses metais no planeta.
A busca por novos recursos minerais acaba de ultrapassar os limites da Terra. Astrônomos anunciaram a identificação de dois asteroides metálicos próximos ao nosso planeta, cuja composição é tão densa em ferro, níquel e cobalto que pode superar todas as reservas terrestres desses metais críticos. A descoberta, divulgada em 2025 por pesquisadores do Planetary Science Institute e do Jet Propulsion Laboratory (NASA), reforça a teoria de que o Sistema Solar abriga verdadeiros “tesouros cósmicos” formados a partir dos núcleos de antigos planetas destruídos por colisões.
Esses corpos, classificados como asteroides M-type (metálicos), possuem reflexividade e densidade muito superiores às rochas comuns. Eles orbitam entre Marte e Júpiter, mas alguns têm trajetórias que os aproximam da Terra, tornando-os alvos potenciais para exploração científica — e futuramente, talvez, para mineração espacial.
O asteroide que pode valer trilhões
De acordo com o relatório publicado pelo Society for Mining, Metallurgy & Exploration (SME), os objetos 1986 DA e 2016 ED85 apresentam assinaturas espectrais que indicam composições metálicas puras, contendo ferro, níquel e cobalto em proporções inéditas.
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Estima-se que o 1986 DA, com cerca de 3 quilômetros de diâmetro, possa conter até 26 bilhões de toneladas de metais, volume suficiente para abastecer toda a indústria siderúrgica da Terra por séculos.
O valor teórico desses metais é incalculável, mas algumas estimativas sugerem cifras superiores a US$ 10 trilhões, caso fosse possível extrair e transportar o material para uso industrial. Ainda que a mineração espacial esteja distante de se tornar realidade comercial, a magnitude desses números ilustra o potencial estratégico dos asteroides metálicos na economia do futuro.
O pesquisador Juan Sánchez, da Universidade do Texas, explicou em nota:
“Esses corpos são como os núcleos expostos de planetas primordiais. Entender sua composição é como olhar para o coração da Terra — mas em escala cósmica.”
Ferro, níquel e cobalto: a tríade que move a civilização moderna
Esses três metais são a espinha dorsal da tecnologia contemporânea. O ferro é a base da infraestrutura global, o níquel é essencial para ligas resistentes e baterias elétricas, e o cobalto é um dos minerais críticos da transição energética, usado em turbinas, veículos elétricos e satélites.
Com a crescente demanda por baterias de alta densidade e materiais magnéticos, a escassez desses recursos na Terra se torna um desafio geopolítico. Os novos asteroides metálicos representam, portanto, uma possível fonte alternativa de metais estratégicos, capaz de sustentar a indústria de tecnologia e energia limpa do futuro.
O interesse não é teórico: empresas como Asteroid Mining Corporation (Reino Unido) e TransAstra (EUA) já desenvolvem protótipos de sondas para mapeamento e captura de pequenos corpos metálicos. A própria NASA deu um passo concreto com a missão Psyche, lançada em 2023, que está a caminho do asteroide 16 Psyche, o primeiro grande corpo metálico a ser estudado de perto.
Asteroides metálicos: restos de mundos antigos
Os asteroides do tipo metálico provavelmente são fragmentos de planetas primitivos destruídos há bilhões de anos, quando o Sistema Solar ainda era um campo caótico de colisões. Suas composições ricas em ferro e níquel sugerem que se formaram a partir de núcleos derretidos que se cristalizaram e depois foram expostos por impactos violentos.
Essa origem explica por que eles são tão densos com massa específica de até 7 g/cm³, semelhante à de metais refinados e por que refletem luz solar de maneira característica. É como se pedaços do interior de antigos mundos estivessem agora flutuando entre Marte e a Terra, preservando o material bruto de sua estrutura interna.
Além do valor econômico, estudar esses asteroides é essencial para compreender como planetas como a Terra se formaram e evoluíram. Cada fragmento é um registro geológico de bilhões de anos, congelado no vácuo.
Do fascínio científico à corrida pelo “ouro cósmico”
O anúncio reacendeu o debate sobre mineração espacial, uma ideia que parecia ficção científica há poucos anos, mas hoje é pauta de políticas nacionais e corporações. Os Estados Unidos, Luxemburgo e Japão já têm legislações que autorizam a exploração comercial de recursos espaciais, e várias startups de engenharia desenvolvem tecnologias para capturar e processar asteroides de pequeno porte.
A diferença é que, até agora, os alvos eram corpos rochosos ou ricos em gelo. A descoberta de asteroides quase inteiramente metálicos muda tudo: com densidades próximas à do ferro puro, eles representam uma mina de recursos incomparável.
Mesmo que a exploração direta ainda esteja a décadas de distância, a detecção de metais estratégicos fora da Terra consolida uma nova fronteira econômica: a mineração interplanetária. E isso pode redefinir a geopolítica global dos recursos naturais.
Um futuro onde o minério vem do espaço
A ideia de que reservas metálicas orbitam silenciosamente a poucos milhões de quilômetros da Terra parece saída de um romance de ficção científica, mas é cada vez mais respaldada por dados.
O avanço dos telescópios de infravermelho, como o NEOWISE, e das missões de reconhecimento, como a Lucy, permite identificar a composição química de pequenos corpos com precisão crescente.
Se hoje esses asteroides são apenas objetos de estudo, amanhã poderão ser as maiores minas do Sistema Solar com matéria-prima suficiente para sustentar civilizações inteiras.
Em um futuro não muito distante, a expressão “corrida pelo ouro” pode ganhar novo significado, não nas montanhas da Terra, mas no espaço profundo, onde gigantes metálicos esperam há bilhões de anos para serem descobertos.


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