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Descoberta de petróleo no pré-sal pela BP gera reações da FUP

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 18/08/2025 às 07:00
Plataforma FPSO da Petrobras em operação no mar em um dia nublado com poucas nuvens.
Unidade flutuante de produção de petróleo da Petrobras navegando em alto-mar em um dia nublado com poucas nuvens no horizonte.
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BP revela descoberta de petróleo no pré-sal, provocando críticas da FUP sobre a exploração por empresas estrangeiras e destacando debates sobre controle nacional e interesses estratégicos.

Recentemente, a descoberta de petróleo no pré-sal pela BP na Bacia de Santos reacendeu debates sobre o papel das empresas estrangeiras na exploração de recursos estratégicos do Brasil.

De fato, anunciada no início de agosto, a BP Energy classificou a descoberta como “significativa”. Representando a maior reserva identificada pela companhia nos últimos 25 anos.

Além disso, o bloco Bumerangue fica a cerca de 400 metros da costa do Rio de Janeiro. Destacando-se pelo potencial de produção e pelo valor estratégico para o país.

Por outro lado, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou a operação, não pelo desenvolvimento da atividade petrolífera em si. Mas porque a exploração envolve exclusivamente uma empresa estrangeira, sem participação da Petrobras.

Para a FUP, a operação evidencia os riscos da entrega do pré-sal ao capital internacional e os impactos da flexibilização do regime de partilha. Que permitiu a empresas privadas e estrangeiras assumir blocos que antes operava a estatal brasileira.

Historicamente, o pré-sal brasileiro representa uma das maiores descobertas de petróleo da história do país.

Ademais, sua exploração começou na década de 2000, quando o governo federal, por meio da Petrobras, investiu em pesquisas e tecnologias para explorar reservas localizadas em águas profundas.

Assim, o pré-sal chamou atenção mundial não apenas pelo volume de petróleo, mas também pela complexidade técnica da extração.

Durante anos, a Petrobras operou todos os blocos do pré-sal, garantindo controle nacional sobre a produção e assegurando que os benefícios econômicos permanecessem no país.

Portanto, esse modelo histórico consolidou a expertise brasileira em exploração em águas ultraprofundas, elevando a Petrobras à posição de referência global em tecnologia de petróleo.

Mudança na legislação e seus impactos

No entanto, essa realidade começou a mudar com a Lei 13.365, de 2016, que desobrigou a Petrobras de operar todos os blocos. Permitindo que a estatal escolhesse onde investir, com direito a participação mínima de 30% nos consórcios exploradores.

Consequentemente, a mudança visou aliviar a situação financeira da companhia, que enfrentava dificuldades após os impactos da Operação Lava Jato.

Por um lado, os defensores da lei destacaram que a flexibilização permitiu que empresas estrangeiras e nacionais investissem e acelerassem a exploração de petróleo em blocos ainda não desenvolvidos.

Por outro lado, a FUP afirma que a alteração abriu caminho para a concentração de exploração por empresas estrangeiras e reduziu a compensação financeira ao país.

No leilão do bloco Bumerangue, a BP ofereceu à União uma parcela de óleo excedente de 5,9%, caracterizando um ágio de 4,24%.

Esse percentual é considerado baixo, especialmente quando comparado com blocos arrematados anteriormente. Reforçando, portanto, a percepção de que o modelo atual favorece multinacionais em detrimento do interesse nacional.

De fato, o regime de exploração do pré-sal segue o modelo de partilha, diferente do modelo de concessão aplicado a outros blocos de petróleo no país.

Na partilha, a empresa paga um bônus de assinatura e, em seguida, divide o óleo excedente com a União após cobrir os custos de exploração.

Assim, esse modelo exige acompanhamento rigoroso para garantir que os benefícios financeiros e tecnológicos retornem ao país.

Além disso, a presença de empresas estrangeiras aumenta a complexidade do planejamento estratégico, pois cada operador possui tecnologias e prioridades de investimento distintas.

Portanto, o governo e a ANP precisam coordenar a infraestrutura e logística para harmonizar interesses e maximizar os ganhos do país.

Perspectiva da indústria e da Petrobras

De acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a presença de múltiplos operadores no pré-sal, incluindo empresas nacionais e internacionais, traz vantagens importantes.

Segundo o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, a participação de diversas companhias acelera a exploração, amplia o conhecimento geológico das bacias e maximiza o potencial de produção.

Além disso, a competição entre operadores atrai investimentos e aumenta a arrecadação de royalties e participações especiais, beneficiando o país como um todo.

Por sua vez, a Petrobras adota estratégia cautelosa.

A presidente Magda Chambriard afirmou que a companhia participará de todos os leilões de seu interesse, desde que os projetos façam sentido econômico e estejam alinhados ao plano de negócios.

Dessa forma, esse equilíbrio entre presença estratégica e responsabilidade financeira evita investimentos arriscados, garantindo que a estatal mantenha sustentabilidade enquanto contribui para o desenvolvimento do setor.

Além disso, a experiência acumulada da Petrobras em tecnologias de exploração e produção em águas profundas fortalece sua capacidade de negociar condições favoráveis e garantir retornos estratégicos para o país.

Prós e contras da flexibilização

Especialistas, como o professor Geraldo Ferreira, da Universidade Federal Fluminense, apontam prós e contras da flexibilização.

Por um lado, a Petrobras ganha liberdade para priorizar áreas com maior potencial ou retorno econômico, acelerando, assim, o desenvolvimento de blocos que poderiam ser negligenciados.

Por outro lado, o controle estratégico do Estado sobre o setor de petróleo e gás enfraquece, reduzindo a capacidade de coordenar políticas industriais e arrecadação para fundos sociais destinados a saúde, educação e meio ambiente.

Além disso, o histórico do Brasil como exportador de recursos naturais reforça a preocupação.

Desde o período colonial, com a exploração de ouro e diamantes em Minas Gerais, operadores externos limitaram o aproveitamento local dos recursos.

Portanto, a situação atual do pré-sal pode reproduzir esse padrão se não houver mecanismos que garantam transferência de tecnologia, formação de recursos humanos e desenvolvimento industrial a partir da presença de empresas estrangeiras.

Assim, a construção de uma cadeia produtiva nacional, incluindo fornecedores locais e programas de capacitação, é essencial para que a riqueza do pré-sal beneficie toda a economia brasileira.

Próximos leilões e contexto geopolítico

O próximo leilão, marcado para 22 de outubro, promete consolidar essa dinâmica.

Serão oferecidos 13 blocos exploratórios nas bacias de Santos e Campos, com a participação de empresas brasileiras e internacionais.

Dessa forma, a diversidade de atores aumenta a competitividade, mas exige atenção às estratégias de governança e à distribuição justa de benefícios.

Além disso, a atividade da BP no pré-sal destaca a importância da política de exploração de petróleo no contexto geopolítico.

O Brasil, como um dos maiores produtores de petróleo do mundo, exerce papel relevante na segurança energética global.

Portanto, a presença de multinacionais como a BP acelera a exploração e gera avanços tecnológicos, mas também reforça debates sobre soberania nacional e gestão de recursos estratégicos.

Considerações finais

Em resumo, a descoberta de petróleo no pré-sal pela BP é um marco para a indústria, mas provoca reflexões sobre o equilíbrio entre atração de investimentos, segurança energética e controle nacional.

Embora a legislação vigente permita a atuação de empresas estrangeiras, com direito de preferência para a Petrobras, ela busca conciliar interesse público e eficiência econômica.

Ainda assim, o país precisa garantir que não se limite a exportar commodities, mas transforme sua riqueza natural em desenvolvimento sustentável, tecnologia e fortalecimento da indústria nacional.

Finalmente, o debate em torno do pré-sal evidencia uma questão histórica: como conciliar crescimento econômico, atração de investimentos e preservação da soberania sobre recursos estratégicos.

À medida que novas descobertas como Bumerangue surgem, o país precisará equilibrar interesses de operadores privados e estrangeiros com políticas que assegurem que o pré-sal continue sendo um motor de desenvolvimento e riqueza para toda a sociedade brasileira.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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