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Desafios ameaçam cumprimento do potencial energético do hidrogênio verde

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 29/09/2025 às 08:04
Trabalhador com capacete e colete refletivo inspeciona tanques de hidrogênio sob céu limpo.
Profissional realiza inspeção em área de armazenamento de hidrogênio com o céu limpo e claro.
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Descubra como o potencial energético do hidrogênio verde enfrenta desafios técnicos e econômicos no Brasil, apesar do avanço de pesquisas e do uso de energias renováveis.

O potencial energético do hidrogênio verde tem ganhado atenção mundial nos últimos anos como uma solução estratégica para a transição energética. E, consequentemente, para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

No Brasil, o tema se torna ainda mais relevante devido à abundância de fontes renováveis de energia. Como solar, eólica e hidrelétrica, que podem, portanto, tornar o país um grande produtor de hidrogênio limpo.

Apesar desse cenário promissor, o país ainda precisa superar diversos desafios técnicos, econômicos e regulatórios para transformar o hidrogênio verde em uma alternativa energética viável.

O hidrogênio verde e sua história

A história do hidrogênio como fonte de energia não é recente. Desde o século XIX, cientistas estudam formas de utilizá-lo como combustível.

Somente nas últimas décadas, com o avanço das energias renováveis e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. O hidrogênio verde passou a ser considerado uma solução concreta para reduzir as emissões de carbono.

Diferente do hidrogênio tradicional, que gera CO₂ como subproduto ao ser obtido a partir do gás natural. O hidrogênio verde surge da eletrólise da água utilizando energia limpa, liberando apenas oxigênio como subproduto.

Assim, ele apresenta vantagens ambientais claras, especialmente para países que buscam cumprir metas de redução de carbono.

No contexto brasileiro, o hidrogênio verde oferece vantagens competitivas significativas.

Regiões com elevado potencial solar e eólico permitem produzir hidrogênio a custos menores que em países da Europa, onde a energia renovável ainda é mais cara e menos abundante.

Além disso, a proximidade de polos industriais e siderúrgicos facilita o uso do hidrogênio verde na produção de aço, criando o chamado aço verde. Que, consequentemente, reduz significativamente a emissão de CO₂ no setor industrial.

Historicamente, o Brasil sempre investiu em soluções energéticas inovadoras. De fato, a expansão da energia hidrelétrica, iniciada no início do século XX, consolidou o país como referência em aproveitamento de recursos naturais.

Mais recentemente, os investimentos em energia solar e eólica demonstram que o país está apto a incorporar novas tecnologias limpas.

Portanto, o hidrogênio verde surge como evolução natural dessa trajetória, integrando setores econômicos e energéticos estratégicos.

Aplicações industriais do hidrogênio verde

Um exemplo concreto do potencial energético do hidrogênio verde no Brasil é o estudo desenvolvido pela engenheira química Patrícia Metolina. Que propõe utilizar o hidrogênio no processo de transformação do minério de ferro em aço.

Tradicionalmente, esse processo consome carvão como agente redutor, liberando grandes quantidades de dióxido de carbono.

A pesquisa de Patrícia demonstra que o hidrogênio verde pode substituir o coque de carvão, produzindo apenas vapor d’água como subproduto e, assim, reduzindo drasticamente as emissões.

Projetos-piloto na Suécia e em outros países europeus comprovaram a viabilidade industrial dessa tecnologia; no entanto, o Brasil ainda precisa implementar soluções para viabilizar seu uso em larga escala.

Além da indústria siderúrgica, o hidrogênio verde impulsiona setores estratégicos como transporte, fertilizantes e produção química.

Ele pode abastecer caminhões, navios e até aviões, ajudando a reduzir emissões de gases nos transportes que dependem de combustíveis fósseis.

Também desempenha papel essencial na produção de amônia, principal insumo de fertilizantes nitrogenados, e na fabricação de metanol, um composto químico com múltiplas aplicações industriais.

Como resultado, esses usos mostram que o hidrogênio verde influencia diretamente a economia e a sustentabilidade ambiental de forma integrada.

O governo brasileiro busca fomentar o setor com iniciativas estratégicas.

O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançaram o Portal Brasileiro de Hidrogênio, uma plataforma online que reúne informações sobre o setor e, portanto, atrai investidores.

Além disso, a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) identifica projetos com alto potencial econômico em todo o país, muitos concentrados no Complexo de Pecém, no Ceará, mas também em Uberaba, Minas Gerais, e no Porto do Suape, em Pernambuco.

Por outro lado, ainda existem desafios significativos que podem atrasar a consolidação do setor.

Pesquisas e inovação tecnológica

Universidades e centros de pesquisa demonstram o compromisso do Brasil com essa tecnologia, mas também enfrentam obstáculos práticos.

Um exemplo é o projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado pelo laboratório Coppe, que produziu hidrogênio verde a partir de energia fotovoltaica e testou seu uso em mobilidade e processos industriais.

No entanto, problemas como a pureza do hidrogênio, a manutenção dos equipamentos importados e a ausência de produção nacional de eletrolisadores limitaram o progresso das pesquisas.

Esses desafios mostram que, embora haja interesse e conhecimento técnico, o país ainda precisa investir de forma consistente para consolidar o setor.

A perspectiva de crescimento global do hidrogênio verde é significativa.

Estimativas do Hydrogen Council indicam que a demanda por hidrogênio deve quintuplicar até 2050, e mais de 1.500 iniciativas de hidrogênio limpo estão em andamento ao redor do mundo.

Países como Alemanha, Austrália, China, Chile, Espanha e Arábia Saudita lideram projetos de grande escala, e o Brasil tem potencial para se destacar devido à sua matriz energética limpa e condições naturais favoráveis.

No entanto, aproveitar esse espaço exige superar barreiras econômicas, tecnológicas e regulatórias.

De fato, sem políticas públicas claras e investimentos estratégicos, o crescimento do setor pode se tornar mais lento do que o esperado.

Outro ponto relevante é a formação de mão de obra qualificada.

A produção e utilização do hidrogênio verde demandam profissionais especializados em eletroquímica, engenharia de processos, transporte de gás e segurança industrial.

Portanto, investir em capacitação técnica, cursos de pós-graduação e treinamentos garante que o Brasil opere suas plantas de hidrogênio de forma segura e eficiente, ampliando o impacto econômico e ambiental.

Caminhos para consolidar o setor

O Brasil ainda precisa desenvolver uma cadeia industrial completa para reduzir custos e aumentar a competitividade do hidrogênio verde.

Produzir eletrolisadores localmente, criar sistemas eficientes de transporte e armazenamento, e estabelecer normas técnicas e certificações são passos essenciais para tornar a tecnologia viável economicamente.

Com essas medidas, o país poderá explorar plenamente o potencial energético do hidrogênio verde, gerar empregos, estimular a inovação e contribuir para a meta global de descarbonização.

Historicamente, o país já integrou soluções energéticas inovadoras na matriz, como ocorreu com a expansão da energia hidrelétrica e, mais recentemente, com a adoção de energia solar e eólica.

O hidrogênio verde surge como próximo passo na trajetória do Brasil rumo à sustentabilidade energética.

Assim, a combinação de abundância de recursos renováveis, conhecimento técnico e demanda industrial cria um cenário favorável, mas ainda exige esforços coordenados para superar os desafios.

Em síntese, o potencial energético do hidrogênio verde no Brasil é inegável, mas sua realização plena depende de investimentos estratégicos, desenvolvimento tecnológico, políticas claras e infraestrutura adequada.

Projetos pioneiros já mostram viabilidade, mas barreiras econômicas e técnicas ainda limitam a expansão.

A experiência de outros países demonstra que, com planejamento e perseverança, o hidrogênio verde pode se tornar peça central na matriz energética global e na redução das emissões de carbono.

Portanto, o futuro da energia limpa no Brasil pode estar mais próximo do que se imagina, desde que os desafios sejam enfrentados com visão de longo prazo e comprometimento real.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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