Mesmo com redução em 22 das 27 capitais brasileiras, o custo da cesta básica ainda pesa no bolso dos consumidores; em setembro, o Rio de Janeiro registrou leve queda de 0,26%, mas continua com uma das cestas mais caras do país, atrás apenas de São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis
O preço da cesta básica apresentou redução em 22 das 27 capitais brasileiras durante o mês de setembro, segundo levantamento conjunto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). A pesquisa, que monitora mensalmente o custo médio dos alimentos essenciais, revelou que mesmo com a queda generalizada, o Rio de Janeiro ainda possui o quarto maior valor do país, com custo médio de R$ 799,22.
Entre agosto e setembro de 2025, as capitais com maiores reduções foram Fortaleza (-6,31%), Palmas (-5,91%), Rio Branco (-3,16%), São Luís (-3,15%) e Teresina (-2,63%). No Rio, o recuo foi de 0,26%, o que mostra estabilidade em comparação a outras regiões. Apenas São Paulo (R$ 842,26), Porto Alegre (R$ 811,44) e Florianópolis (R$ 811,07) mantiveram valores mais altos que a capital fluminense.
Tomate lidera as quedas de preço em 26 cidades
De acordo com o relatório, o tomate foi o grande destaque do mês, apresentando redução de preço em 26 capitais, chegando a 50% de queda em Palmas. A única cidade a registrar alta foi Macapá. Já o preço da batata aumentou apenas em Belo Horizonte, enquanto nas demais 10 capitais onde o produto é pesquisado houve diminuição no valor médio.
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Outro item que contribuiu para a redução geral foi o arroz agulhinha, com queda em 25 das 27 cidades. Apenas Vitória apresentou alta e Palmas manteve estabilidade. O açúcar também teve retração em 22 capitais, reforçando a tendência de alívio nos custos de produtos básicos.
Em contrapartida, o óleo de soja subiu em 25 cidades, mantendo estabilidade apenas em Palmas e redução em Florianópolis. O café em pó teve comportamento misto, com queda em 14 capitais e alta em 13, o que demonstra a oscilação dos preços agrícolas e de transporte no país.
Trabalhador gasta menos tempo para comprar a cesta básica
Além da redução nos preços, o levantamento mostrou melhora no poder de compra dos trabalhadores. Em setembro de 2025, o tempo médio necessário para adquirir todos os itens da cesta básica foi de 99 horas e 53 minutos, menor do que o registrado em agosto, quando o trabalhador precisava de 101 horas e 31 minutos. No mesmo período de 2024, considerando as 17 capitais com série histórica completa, a jornada era ainda maior — 102 horas e 20 minutos.
No Rio de Janeiro, oito dos 13 produtos que compõem a cesta básica apresentaram queda nos preços médios entre agosto e setembro de 2025:
- Batata: -11,75%
- Tomate: -8,73%
- Café em pó: -2,92%
- Feijão preto: -2,26%
- Arroz agulhinha: -1,69%
- Manteiga: -1,52%
- Açúcar refinado: -0,66%
- Leite integral: -0,41%
Por outro lado, cinco itens registraram aumento de preço no mesmo período:
- Banana: +6,52%
- Óleo de soja: +6,11%
- Farinha de trigo: +1,59%
- Pão francês: +1,24%
- Carne bovina de primeira: +1,04%
Conforme dados do DIEESE, esses reajustes pontuais impedem uma redução mais expressiva no custo total da cesta básica.
Desafios permanecem apesar da tendência de alívio
Mesmo com o recuo registrado em setembro, especialistas alertam que a inflação alimentar ainda é uma preocupação. A redução do custo da cesta básica está ligada a fatores sazonais, como colheitas mais abundantes e estabilidade nos preços internacionais dos grãos. Porém, a alta de itens como óleo de soja e banana mostra que o consumidor continua vulnerável às variações climáticas e logísticas que impactam o preço final dos alimentos.
Segundo o DIEESE, o movimento de queda é positivo, mas não suficiente para alterar o cenário de desigualdade alimentar entre regiões. Capitais do Norte e Nordeste continuam registrando jornadas mais longas de trabalho para aquisição dos mesmos produtos, enquanto cidades do Sul e Sudeste ainda concentram os maiores valores nominais.