O Brasil planeja exportar um novo cereal para a China em 2025, explorando um mercado avaliado em 2 bilhões de dólares e fortalecendo a economia do agronegócio
O Brasil está de olho em um mercado bilionário com a expectativa de começar a exportar um novo cereal para a China a partir de 2025. Com um mercado em potencial de 2 bilhões de dólares, a entrada desse produto no gigante asiático promete fortalecer ainda mais o agronegócio brasileiro, consolidando o país como um dos maiores players globais do setor.
Conforme reportagem do Estadão, após anos de negociações, o Brasil conseguiu finalmente a abertura do mercado chinês para o sorgo, um marco que promete transformar o cenário do agronegócio nacional.
O anúncio feito na quarta-feira, 20, durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, representa um passo estratégico na ampliação das exportações brasileiras. Agora, o país trabalha para cumprir as exigências sanitárias e organizacionais necessárias para viabilizar as vendas do cereal ao gigante asiático.
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Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia líderes na produção do sorgo
A primeira etapa será a habilitação das empresas exportadoras, seguida da certificação sanitária pelo Ministério da Agricultura. Também está prevista uma vistoria sanitária chinesa nas lavouras brasileiras, que deve ocorrer em abril ou maio de 2025, durante o desenvolvimento vegetativo do sorgo.
O objetivo é garantir que o cereal exportado esteja livre de pragas quarentenárias e atenda aos rigorosos padrões exigidos pela China.
O sorgo é um grão versátil, utilizado tanto para alimentação animal quanto para a produção de etanol e biomassa. No Brasil, é tradicionalmente cultivado como cultura de rotação na segunda safra, especialmente em estados como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.
Potencial de mercado
A abertura do mercado chinês cria uma oportunidade promissora para o Brasil. A Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) projeta que as exportações comecem na safra de 2025. Apesar do início com volumes modestos, há um enorme potencial de crescimento.
A China importa anualmente cerca de 7 milhões de toneladas de sorgo, principalmente dos Estados Unidos. Com isso, o Brasil tem a chance de conquistar uma fatia significativa desse mercado.
“O Brasil é o terceiro maior produtor de sorgo do mundo, com cerca de 5 milhões de toneladas por safra, e com uma exportação relativamente pequena. Há espaço para o País se tornar o maior exportador de sorgo do mundo, competindo com os Estados Unidos”, afirma Daniel Rosa, assessor técnico da Abramilho, que recentemente integrou uma missão comercial ao país asiático.
Rosa destaca ainda que a diversificação de fornecedores por parte da China é uma oportunidade estratégica. Em meio a possíveis tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o sorgo brasileiro pode se tornar uma alternativa viável para o mercado asiático.
Exigências fitossanitárias
O protocolo acordado entre Brasil e China determina que o sorgo exportado esteja livre de 11 pragas específicas, incluindo a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e o vírus do mosaico do milho. Embora parte dessas pragas já seja controlada no protocolo de exportação de milho, há desafios adicionais, como a limpeza de sementes de Sorghum halepense, uma praga comum em lavouras brasileiras.
Além disso, o grão deverá ser exportado exclusivamente para processamento, com rígidos controles de limpeza e armazenamento. O Ministério da Agricultura inspecionará cada remessa antes da exportação, emitindo certificados fitossanitários para garantir a conformidade. As empresas interessadas precisarão ser habilitadas e registradas, atendendo aos requisitos do governo chinês.
Impactos para o agronegócio do Brasil
O impacto dessa abertura vai além do mercado chinês. Segundo Daniel Rosa, a entrada no gigante asiático pode impulsionar as exportações para outros países da Ásia, onde o sorgo pode ser substitutivo ao milho. A viabilidade dessas exportações dependerá de fatores como preço e competitividade com o milho, além do aumento do consumo doméstico de etanol produzido a partir do cereal.
Apesar do otimismo, o Brasil ainda possui uma participação tímida no mercado global de sorgo, com apenas 0,29% do total. Este ano, o país registrou exportações recordes de 114,640 mil toneladas, impulsionadas por uma seca na África do Sul que elevou a demanda pelo sorgo brasileiro. Mesmo assim, há muito espaço para crescimento.
China: A maior importadora mundial
A China é, atualmente, a maior importadora mundial de sorgo, responsável por 82,8% do comércio global do cereal. Em 2023, o país importou US$ 1,83 bilhão em sorgo, metade desse volume proveniente dos Estados Unidos. A dependência chinesa de poucos fornecedores abre caminho para que o Brasil consolide sua presença no mercado asiático.
No entanto, o protocolo fitossanitário tem prazo de validade de cinco anos, e a continuidade das exportações dependerá da manutenção dos padrões exigidos. Além disso, importadores chineses precisarão de licenças específicas, e o sorgo deverá ser processado exclusivamente em fábricas designadas.
Desafios para o agronegócio
Embora o potencial seja grande, os desafios são significativos. Um dos pontos críticos é a avaliação de risco adicional que será feita pelas autoridades chinesas. Essa vistoria exigirá um alto nível de controle fitossanitário por parte dos produtores brasileiros.
Outro ponto é o processo de habilitação das empresas, que precisará ser concluído de maneira eficiente para que o Brasil aproveite plenamente a abertura do mercado.
Além disso, o fortalecimento da infraestrutura logística será essencial para atender às exigências chinesas e garantir a competitividade do sorgo brasileiro no mercado internacional.
A abertura do mercado chinês para o sorgo brasileiro marca o início de uma nova era para o agronegócio nacional. Com planejamento, investimentos e uma estratégia sólida, o Brasil tem a chance de se destacar como um dos principais fornecedores de sorgo do mundo.
Porém, será crucial que produtores e autoridades trabalhem juntos para superar os desafios e aproveitar as oportunidades que esse mercado oferece. O futuro do sorgo brasileiro depende, em grande parte, de como o país se posicionará nesse novo cenário global.