De uma ilha japonesa cercada por concreto a um vilarejo soviético congelado no Ártico, conheça cinco cidades-fantasma ao redor do mundo que revelam histórias de glória, abandono e a força inevitável do tempo
Em diferentes continentes, cidades que já pulsaram com vida hoje permanecem silenciosas, engolidas pela natureza ou soterradas pelo tempo. Cada uma delas guarda rastros de uma era de prosperidade, guerras, mineração e comércio.
Elas contam histórias humanas de conquista e abandono, transformando-se em verdadeiros museus ao ar livre — fascinando turistas e estudiosos. A seguir, conheça cinco desses lugares marcantes, onde a beleza se mistura à desolação.
Ilha Hashima: o “navio de concreto” do Japão

Localizada próxima a Nagasaki, a Ilha Hashima ficou famosa por seu papel no filme Skyfall, de James Bond, em 2012.
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O local serviu de inspiração para o esconderijo do vilão Raoul Silva, embora a maior parte das cenas tenha sido filmada em estúdio.
Entre 1887 e 1974, Hashima funcionou como um polo de mineração submarina de carvão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros de guerra foram levados à força para trabalhar na ilha em condições severas, e os registros sobre mortes ainda são incertos.
Após o fechamento das minas, Hashima foi completamente abandonada. Décadas depois, o governo japonês restaurou parte das estruturas e abriu o local à visitação.
Hoje, é reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO, atraindo curiosos fascinados por sua arquitetura brutalista e atmosfera pós-apocalíptica.
Mesa Verde: o lar suspenso dos povos ancestrais

No sudoeste do Colorado, nos Estados Unidos, o Parque Nacional Mesa Verde abriga as antigas moradias do povo Pueblo Ancestral, construídas em encostas rochosas há cerca de 800 anos.
Por volta de 1190, os habitantes começaram a descer do topo das mesas para erguer suas casas dentro de cavernas naturais.
Esses abrigos variavam de pequenos depósitos a verdadeiras vilas com até 150 cômodos. O mais famoso, o Cliff Palace, chegou a abrigar cerca de 100 pessoas.
No século XIII, o grupo abandonou completamente o local, migrando para o Novo México e o Arizona.
Hoje, os visitantes podem conhecer as ruínas preservadas, guiados por guardas florestais, ou observá-las de mirantes nas estradas Mesa Top Loop Road e Cliff Palace Loop Road. É uma das maiores relíquias arqueológicas dos Estados Unidos.
Kolmanskop: o luxo soterrado pela areia

No coração do Deserto da Namíbia, Kolmanskop foi uma próspera cidade de mineração de diamantes fundada em 1908.
Um trabalhador ferroviário encontrou as primeiras pedras preciosas, e logo a região virou um dos centros mais ricos da África.
Em 1912, Kolmanskop respondia por quase 12% da produção mundial de diamantes. A vila possuía hospital, teatro, cassino e até fábrica de gelo — símbolos do luxo europeu em meio ao deserto.
Mas o excesso de exploração levou ao colapso. Nos anos 1950, as jazidas se esgotaram, e os moradores partiram.
Desde então, as dunas avançaram, invadindo casas e cobrindo móveis, cortinas e retratos antigos. Hoje, Kolmanskop é uma cidade-fantasma cercada de silêncio e areia, atraindo fotógrafos do mundo todo.
Pyramiden: o retrato congelado da era soviética

Erguida no arquipélago de Svalbard, na Noruega, Pyramiden foi um assentamento russo dedicado à mineração de carvão. No auge, na década de 1980, abrigava mais de mil habitantes, com escolas, cinemas e quadras esportivas.
Porém, a queda do preço do carvão, o custo elevado da operação e um trágico acidente aéreo precipitaram seu fechamento em 1998.
Desde então, a cidade permanece congelada no tempo: pratos continuam sobre as mesas, jornais ainda decoram as paredes e instrumentos musicais seguem intactos.
Hoje, apenas alguns guias e turistas cruzam suas ruas vazias, compartilhando o espaço com raposas-do-ártico e, ocasionalmente, ursos-polares.
Pyramiden é uma cápsula soviética perdida no gelo, testemunho de uma época em que o Ártico simbolizava ambição e poder.
Al-‘Ula: o tesouro esquecido do deserto saudita

No coração do noroeste da Arábia Saudita, a antiga cidade de Al-‘Ula ergue-se entre montanhas e formações rochosas douradas.
Há mais de dois milênios, foi um importante ponto de parada na Rota do Incenso, recebendo caravanas que cruzavam o deserto.
Durante séculos, Al-‘Ula floresceu com seus becos estreitos e casas de tijolos de barro.
Mas, na década de 1980, a modernização empurrou seus moradores para novas áreas, deixando para trás um labirinto de ruas silenciosas e fachadas em ruínas.
Hoje, o governo saudita promove um ambicioso projeto de revitalização. Mais de 30 casas de barro estão sendo restauradas para compor o Dar Tantora The House Hotel, iniciativa que transforma a cidade antiga em um destino turístico de luxo.
Cidades-fantasma: memórias que resistem ao tempo
Essas cidades, embora vazias, continuam vivas em outro sentido: elas preservam o eco das civilizações que as ergueram.
Cada parede, trilho ou rua coberta de areia revela uma história de coragem, ganância ou adaptação.
Ao percorrê-las, é impossível não refletir sobre o destino das sociedades humanas — como prosperam, entram em crise e desaparecem, deixando atrás apenas vestígios de suas conquistas.
De Hashima a Al-‘Ula, todas compartilham o mesmo destino: o de se tornarem monumentos silenciosos da passagem do tempo.
E, talvez, lembre-nos de que a verdadeira permanência não está nas construções, mas na memória que carregamos delas.
Com informações de Casa Vogue.



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