O BNDES anunciou que avaliará individualmente a suspensão temporária de dívidas de empresas afetadas pelo curtailment na energia solar e eólica, buscando aliviar o impacto financeiro dos cortes de geração impostos pelo ONS.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que irá negociar caso a caso os pedidos de suspensão temporária de dívidas das empresas de energia solar e eólica afetadas pelo curtailment, termo usado para designar os cortes de geração de energia impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A decisão do banco vem em resposta à grave perda de receita enfrentada por companhias do setor, que sofrem com limitações na infraestrutura de transmissão e com o excesso de oferta em relação à demanda. O objetivo da medida é evitar um colapso financeiro e oferecer um alívio temporário de caixa às empresas mais afetadas.
Luciana Costa reforça que o BNDES “não vai pôr a faca no pescoço das empresas”
A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, destacou que o banco está acompanhando de perto o problema do curtailment na energia solar e se compromete a atuar com responsabilidade e sensibilidade.
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Em entrevista recente, a executiva afirmou que a instituição “não pretende pôr a faca no pescoço das empresas”, ressaltando o compromisso em proteger os projetos e apoiar os clientes. Nesta semana, ela reafirmou ao Valor Econômico que o tratamento será individualizado: “Vai ser caso a caso, e a maneira de a gente tratar o setor privado e os projetos é com muita responsabilidade”.
Associações do setor solar lideram as negociações com o BNDES
O pedido de suspensão temporária das dívidas foi formalizado pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), que conduz as conversas com o BNDES. A entidade também articula soluções com o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco do Brasil, em busca de uma resposta coordenada ao problema.
De acordo com estimativas do setor, as perdas acumuladas por causa do curtailment já ultrapassam R$ 3,2 bilhões somente em 2025, atingindo fortemente produtores de energia solar e eólica. O cenário tem levado a uma onda de judicializações, com empresas tentando garantir compensações pelos cortes na geração.
Os prejuízos decorrem, principalmente, de gargalos na infraestrutura de transmissão, do limite operacional das linhas e do descompasso entre oferta e demanda de energia. Em muitos casos, usinas solares e eólicas são obrigadas a interromper parcialmente a produção, mesmo com condições ideais de geração.
O BNDES, no entanto, afirma que ainda não há estimativa exata do volume total de dívidas que poderá ser renegociado. O montante, segundo o banco, será definido conforme as empresas formalizarem os pedidos de suspensão.