Descubra como o Peru transformou desertos em vinhedos e se tornou líder mundial na exportação de uvas usando irrigação e inovação agrícola.
Imagine olhar para um mar de areia, com dunas a perder de vista, e no meio dele… vinhedos! Isso não é ficção científica — é o que está acontecendo hoje no litoral do Peru, onde o deserto foi transformado em um dos maiores polos de cultivo de uvas de mesa do mundo.
Uvas no deserto? Sim, e com altíssima produtividade
As regiões de Ica, Pisco, Piura e Lambayeque são algumas das áreas mais áridas do planeta, com chuvas praticamente inexistentes ao longo do ano. Mesmo assim, o Peru se tornou líder mundial na exportação de uvas frescas, superando gigantes como o Chile e os Estados Unidos.
O segredo está na tecnologia: sistemas de irrigação por gotejamento, uso inteligente da água vinda dos Andes e projetos de engenharia ousados — como o Projeto Olmos, que levou água subterrânea através de túneis cavados sob as montanhas para irrigar mais de 40 mil hectares no deserto.
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Agricultura de precisão: quando o sol escaldante vira aliado
Você pode pensar que o calor e a secura seriam um problema. Mas no mundo das uvas, isso pode ser uma vantagem. O clima seco reduz doenças fúngicas e pragas, favorecendo frutas mais doces, crocantes e com menos necessidade de defensivos agrícolas.
Para controlar as poucas ameaças naturais, como pássaros que atacam os parreirais, algumas vinícolas adotaram soluções criativas — como o uso de falcões treinados para espantar as aves sem prejudicar o ecossistema.
Do pisco ao vinho: o deserto também é terroir
Além das uvas de mesa destinadas à exportação, uma parte significativa da produção vai para a fabricação de vinhos e do tradicional pisco peruano, um destilado aromático com mais de 400 anos de história.
Regiões como Ica, berço do pisco, combinam tradição e inovação. Pequenos e grandes produtores investem cada vez mais em vinhos finos, muitos deles produzidos em áreas com quase zero de umidade, aproveitando o calor do deserto para desenvolver rótulos intensos e exclusivos.
Peru: do improvável ao protagonista global
O impacto dessa transformação é enorme. Em pouco mais de uma década, o Peru saltou de um pequeno produtor a um gigante frutícola, o maior exportador mundial de uvas de mesa, posição que mantém pelo segundo ano consecutivo exportando centenas de milhares de toneladas de uvas por ano para mercados exigentes como Estados Unidos, China e Europa.
Apenas a região de Ica movimenta centenas de milhões de dólares em exportações agrícolas. E o melhor: tudo isso acontece em áreas que, até pouco tempo atrás, eram consideradas inóspitas.
Na safra 2024–2025, o país exportou mais de 562 mil toneladas da fruta para 44 mercados internacionais, superando concorrentes tradicionais como o Chile.
Esse desempenho é resultado de uma combinação poderosa: mais de 56 variedades cultivadas, uso de tecnologias modernas de irrigação, certificações fitossanitárias rigorosas e acesso a novos mercados como Japão e China.
A expansão foi impulsionada por um crescimento médio anual de quase 20% nas exportações de frutas, ritmo muito superior ao dos países vizinhos. Projeções indicam que o Peru deve também superar o Chile em valor total de exportações agrícolas até o final de 2025.
Com um calendário de colheita que vai de outubro a abril — período estratégico para abastecer o Hemisfério Norte — e investimentos constantes em inovação logística, o país consolidou-se como protagonista global no mercado de uvas de mesa, transformando o deserto em uma potência agrícola.
Deserto peruano supera expectativas
O exemplo do Peru mostra que com inovação, planejamento hídrico e tecnologia agrícola, é possível transformar até os cenários mais desafiadores em oásis de produtividade. A história das uvas do deserto é também uma lição de resiliência climática, uso racional da água e ousadia no agronegócio.
Enquanto muitos países enfrentam os efeitos da seca, o Peru ensina que o deserto não precisa ser sinônimo de escassez — pode, sim, ser o solo fértil do futuro.
Você já tinha ouvido falar da plantação de uvas no deserto?