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Crise na China leva jovens desempregados a pagar até R$ 37 por dia para frequentar escritórios falsos e fingir trabalho

Publicado em 13/08/2025 às 14:30
Crise na China cria fenômeno de jovens que pagam para simular emprego em espaços corporativos montados apenas para fingir
Crise na China cria fenômeno de jovens que pagam para simular emprego em espaços corporativos montados apenas para fingir
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Jovens desempregados pagam para frequentar escritórios falsos e ‘fingir trabalho’ em meio à crise na China. Com taxa de desemprego jovem acima de 14%, espaços pagos simulam rotina corporativa e ajudam a manter autoestima em cenário econômico difícil

Em meio à crise na China, um fenômeno curioso vem chamando a atenção: jovens desempregados estão pagando para frequentar escritórios falsos, onde simulam estar trabalhando. Segundo a BBC News, a taxa de desemprego entre os jovens ultrapassa 14%, agravada pela entrada anual de mais de 12 milhões de graduados no mercado de trabalho, em um cenário de poucas vagas e economia em desaceleração.

Esses ambientes reproduzem com fidelidade um escritório real, com computadores, internet, salas de reunião, lanches e áreas de convivência. Custam entre 30 e 50 yuans por dia (cerca de R$ 22 a R$ 37) e oferecem não apenas estrutura, mas também a sensação de pertencimento e disciplina diária. Para muitos, é uma forma de preservar a autoestima e evitar o isolamento social.

Como funcionam os escritórios falsos

O serviço “Pretend To Work”, criado pelo empresário Feiyu após enfrentar desemprego e depressão, é um dos exemplos mais conhecidos. Ele afirma que vende “a dignidade de não ser uma pessoa inútil” e enxerga a iniciativa como um experimento social.

Jovens como Shui Zhou, de 30 anos, relatam que a rotina nesses espaços aumenta a produtividade e promove conexões com outros participantes. Já Xiaowen Tang, de 23 anos, utilizou o local para simular um estágio exigido pela universidade enquanto escrevia romances para complementar a renda uma forma criativa de atender demandas acadêmicas e sobreviver financeiramente.

Motivações por trás da tendência

Especialistas como o economista Christian Yao apontam que o fenômeno reflete o descompasso entre a formação acadêmica e as exigências do mercado de trabalho. Embora seja, na essência, uma encenação, muitos jovens aproveitam o espaço para estudar, desenvolver habilidades e se preparar para oportunidades reais.

O caso de Zhou ilustra esse uso produtivo: ele dedica parte do tempo no escritório para estudar inteligência artificial, tentando aumentar suas chances de empregabilidade no futuro.

Impactos sociais e econômicos

A prática, apesar de polêmica, pode servir como ponte entre o desemprego e a recolocação profissional. Para seus defensores, ela ajuda a manter hábitos saudáveis, reduzir sintomas de depressão e criar redes de contato.

Por outro lado, críticos apontam que pagar para “fingir trabalho” evidencia a gravidade da crise na China e a falta de políticas públicas eficazes para gerar empregos qualificados.

Um ponto de transição

Para o criador do “Pretend To Work”, o objetivo não é perpetuar o fingimento, mas oferecer um ponto de partida. “É um espaço para recuperar a autoestima e, a partir daí, conquistar coisas concretas”, afirma Feiyu.

A tendência, que hoje é nichada, pode crescer se o cenário econômico chinês não apresentar recuperação rápida. Enquanto isso, jovens seguem investindo pequenas quantias diárias na esperança de que essa rotina simulada seja o empurrão necessário para uma virada real.

Você acha que esses escritórios ajudam ou mascaram o problema do desemprego? Pagaria para ter uma rotina de trabalho mesmo sem emprego? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive ou acompanha essa realidade.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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