Renault vive reviravolta antes de lançar SUV Boreal: argentino assume comando no Brasil após série de demissões inesperadas
Apesar do crescimento nas vendas globais no primeiro trimestre de 2025, divulgado com entusiasmo pela Renault no documentário “Anatomia de um retorno”, a empresa vive dias turbulentos na sua cúpula executiva. Só nas últimas semanas, três nomes de peso deixaram seus cargos: Luiz Fernando Pedrucci, CEO da Renault América Latina; Luca de Meo, CEO global do grupo; e agora, Ricardo Gondo, ex-presidente da Renault Brasil.
A sucessão de desligamentos tem sido tão intensa que a imprensa europeia já compara a situação da montadora a uma “sala de comando sem piloto”. A instabilidade gerencial vem no momento em que a marca tenta fortalecer sua posição na América Latina, região estratégica para a produção e exportação de veículos.
Da Renault para o luxo: Luca de Meo migra para o mundo da moda
A saída mais midiática foi a de Luca de Meo, que enfrentou críticas na França por seu salário de 5,5 milhões de euros. O executivo surpreendeu o mercado ao anunciar sua migração para o setor de moda de luxo, onde assumirá o comando da holding Kering, responsável por marcas como Gucci, Yves Saint Laurent e Balenciaga.
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A transição gerou comentários tanto na indústria automobilística quanto na de moda, uma vez que de Meo passa de carros populares a grifes milionárias — uma guinada simbólica que reflete também o esgotamento interno dentro da Renault. Especialistas apontam que a mudança também representa um afastamento do ambiente de forte pressão política que caracteriza o setor automotivo europeu, especialmente após os embates com o Parlamento francês.
Ariel Montenegro assume o controle da Renault Brasil
O comando da Renault no Brasil agora está nas mãos de Ariel Montenegro, engenheiro argentino de Córdoba e ex-presidente da Renault Colômbia. Com apenas 39 anos, Montenegro já foi destaque na Forbes como um dos CEOs mais inovadores do país e, até poucas horas antes da nomeação, estava em Bogotá preparando o lançamento da nova geração do Duster.
Sua formação é pela Universidade Tecnológica Nacional da Argentina, e sua trajetória inclui passagens pela Renault França e pelas Américas. Ele começou como estagiário na Renault Argentina em 2005 e hoje ocupa o cargo máximo da operação brasileira.
A Renault Brasil anunciou sua chegada com a seguinte nota oficial:
“Ariel Montenegro vai se reportar a Fabrice Cambolive, CEO da marca Renault. Ele é um engenheiro mecânico argentino, formado na Universidade Tecnológica Nacional da Argentina, e começou sua carreira na Renault Argentina como aprendiz em 2005. Ao longo de sua carreira, ele ocupou vários cargos na região das Américas e na França. Em 2020, Ariel foi nomeado diretor executivo e chefe do CEO da Renault Brand, onde apoiou o desenvolvimento do Plano Estratégico da Renault. Trabalhou em estreita colaboração com o comitê executivo na coordenação e direção do Grupo Renault. Em 2022, Ariel foi nomeado presidente e CEO da Renault-Sofasa, subsidiária do grupo na Colômbia. Em 2024, ele foi reconhecido pela revista Forbes como um dos CEOs mais inovadores do país.”
A Renault Brasil anunciou sua chegada destacando seu papel estratégico na implementação do plano de crescimento sustentável da empresa, o Renault Renaulution.
Segundo a montadora, Montenegro se reportará diretamente a Fabrice Cambolive, CEO da marca Renault. A expectativa é que ele consiga manter a estabilidade operacional em meio às mudanças estruturais e gerenciais que o grupo enfrenta globalmente.
Boreal: o futuro da Renault na América Latina chega em julho
A expectativa agora se volta para o lançamento do novo Renault Boreal, previsto para 9 de julho no Brasil. O SUV será produzido no país e terá como foco abastecer toda a América Latina, com planos de exportação para outros mercados emergentes.
O modelo ainda é cercado por mistério, mas imagens de espionagem indicam um design robusto, moderno e adaptado ao gosto latino-americano. O Boreal será uma peça-chave na tentativa da Renault de reconquistar mercado frente aos avanços de concorrentes como a Stellantis e a Toyota.
O mistério que antes envolvia o design e as especificações do Boreal agora se desloca para uma pergunta maior: quem estará realmente no palco representando a Renault durante o lançamento?
Um momento decisivo para a Renault
As mudanças profundas na liderança ocorrem justamente quando a empresa tenta consolidar sua imagem na América do Sul. Para muitos analistas, o futuro do grupo Renault na região — e talvez no mundo — pode depender do sucesso da nova geração de executivos.
Com o Boreal prestes a estrear, Ariel Montenegro assume um cargo estratégico que exigirá equilíbrio político, liderança de equipe e visão comercial. Os próximos meses serão decisivos não apenas para ele, mas para o próprio destino da Renault no continente.
A gestão de Ariel Montenegro e a recepção do novo SUV no mercado serão, sem dúvida, os próximos capítulos dessa novela corporativa em curso.